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Dias no Deserto
“Eu
sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido,
viverá.”
(Jo 11, 3-7.17.20-27.33b-45)
29 de
Março de 2020
V
Domingo da Quaresma
“Faltam
só duas semanas para a Páscoa, e todas as Leituras bíblicas deste domingo falam
da ressurreição. Não ainda da ressurreição de Jesus, …, mas da nossa, aquela
pela qual aspiramos e que precisamente Cristo nos doou, ressurgindo dos mortos.
Com efeito, a morte representa para nós como que um muro que nos impede de ver
além; contudo o nosso coração propende para além deste muro, e mesmo se não
podemos conhecer o que ele esconde, contudo pensamo-lo, imaginamo-lo,
expressando com símbolos o nosso desejo de eternidade.
Ao
povo judaico, no exílio longe da terra de Israel, o profeta Ezequiel anuncia
que Deus abrirá os sepulcros dos deportados e fá-los-á voltar à sua terra, para
nela repousar em paz (cf. Ez 37, 12-14). Esta aspiração ancestral do homem por ser sepultado
juntamente com os seus pais é desejo de uma «pátria» que o acolha no final das
canseiras terrenas. Esta concepção ainda não inclui a ideia de uma ressurreição
pessoal da morte, que só aparece nos finais do Antigo Testamento, e até na
época de Jesus não era aceite por todos os Judeus. De resto, também entre os
cristãos, a fé na ressurreição e na vida eterna não raramente é acompanhada por
tantas dúvidas, confusões, porque se trata sempre de uma realidade que
ultrapassa os limites da nossa razão, e exige um acto de fé. No Evangelho de
hoje - a ressurreição de Lázaro - nós ouvimos a voz da fé pronunciada por
Marta, a irmã de Lázaro. A Jesus que diz: «O teu irmão ressuscitará», ela
responde: «Sei que ressuscitará na ressurreição do último dia» (Jo 11, 23-24). Mas
Jesus responde: «Eu sou a ressurreição e a vida: quem crê em Mim, mesmo se
morrer, viverá» (Jo 11, 25-26). Eis a verdadeira novidade, que prorrompe e supera
qualquer barreira! Cristo abate o muro da morte, n’Ele habita toda a plenitude
de Deus, que é vida, vida eterna. Por isso a morte não teve poder sobre Ele; e
a ressurreição de Lázaro é sinal do seu domínio pleno sobre a morte física, que
diante de Deus é como um sono (cf. Jo 11, 11).
Mas há
outra morte, que custou a Cristo a luta mais dura, inclusive o preço da cruz: é
a morte espiritual, o pecado, que ameaça arruinar a existência de cada homem.
Para vencer esta morte Cristo morreu, e a sua Ressurreição não é o regresso à
vida precedente, mas a abertura de uma realidade nova, uma «nova terra»,
finalmente reunida com o Céu de Deus. Por isso são Paulo escreve: «Se o
Espírito de Deus, que ressuscitou Jesus dos mortos, habita em vós, aquele que
ressuscitou Cristo dos mortos dará a vida também aos vossos corpos mortais por
meio do seu Espírito que habita em vós» (Rm 8,
11). Queridos irmãos, dirijamo-nos à
Virgem Maria, que já participa desta Ressurreição, para que nos ajude a dizer
com fé: «Sim, ó Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus» (Jo 11, 27), a
descobrir verdadeiramente que Ele é a nossa salvação.”
Bento XVI, «Angelus», 10 de Abril de 2011
ORAÇÃO
Senhor nosso Deus, concedei-nos a graça de viver com alegria o mesmo espírito
de caridade que levou o vosso Filho a entregar-Se à morte pela salvação dos
homens. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na
unidade do Espírito Santo.
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