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Dias no Deserto
“Eu
..., sou a luz do mundo.” (Jo
9, 1-41)
22 de
Março de 2020
IV
Domingo da Quaresma
“O
itinerário quaresmal que estamos a viver é um tempo particular de graça,
durante o qual podemos experimentar o dom da benevolência do Senhor em relação
a nós. A liturgia deste domingo, denominado «Laetare» «Alegria», convida a
alegrar-nos, a rejubilar, assim como proclama a antífona da entrada da
celebração eucarística: «Alegra-te, Jerusalém e vós todos que a amais,
reuni-vos. Exultai e rejubilai, vós que estáveis de luto por ela:
alimentar-vos-eis da abundância do vosso conforto» (cf. Is 66, 10-11). Qual é a
razão profunda desta alegria? A resposta é-nos dada pelo Evangelho de hoje, no
qual Jesus cura um homem cego de nascença. A pergunta que o Senhor Jesus dirige
àquele que tinha sido cego constitui o ápice da narração: «Tu crês no Filho do
Homem?» (Jo 9, 35). Aquele homem reconhece o sinal realizado por Jesus e passa
da luz dos olhos para a luz da fé: «Creio, Senhor» (Jo 9, 38). Deve ser
evidenciado como uma pessoa simples e sincera, de modo gradual, realiza um
caminho de fé: num primeiro momento encontra Jesus como um «homem» entre os
outros, depois considera-o um «profeta», por fim os seus olhos abrem-se e
proclam-n’O «Senhor». Em oposição à fé do cego curado está o endurecimento do
coração dos fariseus que não querem aceitar o milagre, porque rejeitam em
acolher Jesus como o Messias. A multidão, ao contrário, detém-se a discutir
sobre o que aconteceu e permanece distante e indiferente. Os próprios pais do
cego sentem-se amedrontados pelo juízo dos outros.
E nós,
que atitude assumimos diante de Jesus? Também nós, por causa do pecado de Adão
nascemos «cegos», mas na pia baptismal fomos iluminados pela graça de Cristo. O
pecado tinha ferido a humanidade destinando-a à obscuridade da morte, mas em
Cristo resplandece a novidade da vida e a meta à qual somos chamados. N’Ele,
fortalecidos pelo Espírito Santo, recebemos a força para vencer o mal e
realizar o bem. De facto, a vida cristã é uma conformação contínua com Cristo,
imagem do homem novo, para alcançar a comunhão plena com Deus. O Senhor Jesus é
«a luz do mundo» (Jo 8, 12), porque n’Ele «resplandece o conhecimento da glória
de Deus» (2 Cor 4, 6), que continua a revelar na complexa trama da história
qual seja o sentido da existência humana. No rito do Baptismo, a entrega da
vela, acesa no grande círio pascal símbolo de Cristo Ressuscitado, é um sinal
que ajuda a compreender o que acontece no Sacramento. Quando a nossa vida se
deixa iluminar pelo mistério de Cristo, experimenta a alegria de ser libertada
por tudo o que ameaça a plena realização. Nestes dias que nos preparam para a
Páscoa reavivemos em nós o dom recebido no Baptismo, aquela chama que por vezes
arrisca ser sufocada. Alimentando-a com a oração e com a caridade em relação ao
próximo.”
Bento XVI, «Angelus», 3 de Abril de 2011
ORAÇÃO
Deus de misericórdia, que, pelo vosso Filho,
realizais admiravelmente a reconciliação do género humano, concedei ao povo
cristão fé viva e espírito generoso, a fim de caminhar alegremente para as
próximas solenidades pascais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é
Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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