8º Dia da Novena da Imaculada Conceição
6 de Dezembro de 2019
Avé Maria puríssima, sem pecado concebida.
“Palavra
de Deus apresenta-nos uma alternativa. … há o homem que, nos primórdios, diz
NÃO a Deus e no Evangelho há Maria que, na Anunciação, diz SIM a Deus. Em ambas
as Leituras é Deus quem procura o homem. Mas no primeiro caso vai ter com Adão,
depois do pecado, e pergunta-lhe: «Onde estás?» (Gn 3, 9), e ele responde: «Ocultei-me» (v. 10). No segundo caso,
ao contrário, vai ter com Maria, sem pecado, a qual responde: «Eis a serva do Senhor!» (Lc 1, 38).
Eis-me é o oposto de ocultei-me. O eis-me abre a Deus, enquanto o pecado fecha,
isola, leva-nos a permanecer sós connosco mesmos.
Eis-me
é a palavra-chave da vida! Assinala a passagem de uma vida horizontal, centrada
em nós e nas nossas necessidades, para uma vida vertical, projetada para Deus.
Eis-me significa estar disponível para o Senhor, é a cura para o egoísmo, mas é
o antídoto contra uma vida insatisfeita, à qual falta sempre algo. Eis-me é o
remédio contra o envelhecimento do pecado, é a terapia para permanecer jovem
dentro. Eis-me significa acreditar que Deus conta mais que o meu ego. Significa
escolher apostar no Senhor, dócil às suas surpresas. Por isso, dizer-lhe eis-me
é o maior louvor que lhe podemos oferecer. Por que não começar assim os dias,
com um “eis-me, Senhor”? Seria bom dizer todas as manhãs: “Eis-me, Senhor, que
hoje se cumpra em mim a tua vontade!”. … Maria acrescenta: «Faça-se em mim
segundo a tua palavra». Não diz: “Faça-se em mim segundo a minha vontade”, mas
“segundo a tua”. Não põe limites a Deus. Não pensa: “Dedico-me um pouco a Ele,
despacho-me e depois faço o que eu quiser”. Não, Maria não ama o Senhor quando
lhe apetece, de modo descontínuo. Vive confiando completamente em Deus. Eis o
segredo da vida. Tudo pode quem confia totalmente em Deus. Contudo, caros
irmãos e irmãs, o Senhor sofre quando lhe respondemos como Adão: “Tive medo e
ocultei-me”. Deus é Pai, o mais terno dos pais, e deseja a confiança dos
filhos. No entanto, quantas vezes suspeitamos d’Ele, suspeitamos de Deus!
Pensamos que possa mandar-nos alguma provação, privar-nos da liberdade,
abandonar-nos. Mas trata-se de um grande engano, é a tentação das origens, a
tentação do diabo: insinuar a desconfiança em Deus. Maria vence esta primeira
tentação com o seu eis-me! E hoje olhemos para a beleza de Nossa Senhora, que
nasceu e viveu sem pecado, sempre dócil e transparente a Deus.
Isto
não quer dizer que para Ela a vida foi fácil, não! Permanecer com Deus não
resolve magicamente os problemas. Recorda-o a conclusão do Evangelho de hoje:
«O anjo afastou-se d’Ela» (v. 38). Afastou-se: é um verbo forte. O anjo deixa a
Virgem sozinha, numa situação difícil. Ela sabia de que modo singular se
tornaria Mãe de Deus - o anjo dissera-lhe - mas o anjo não o tinha explicado
aos demais, unicamente a Ela. E os problemas começaram imediatamente: pensemos
na situação irregular segundo a lei, no tormento de São José, nos planos de
vida que saltaram, no que as pessoas teriam dito... Mas diante dos problemas
Maria tem confiança em Deus. É deixada pelo anjo, mas acredita que com Ele,
n’Ela, permaneceu Deus. E fia-se. Tem confiança em Deus. Está convicta de que
com o Senhor, não obstante de modo inesperado, tudo correrá bem. Eis a atitude
sábia: não viver dependendo dos problemas - quando um acaba, apresenta-se outro
- mas confiando em Deus, fiando-se d’Ele todos os dias: Eis-me! “Eis-me” é a
palavra. “Eis-me” é a oração. Peçamos à Imaculada a graça de viver assim!”
Francisco, «Angelus» Praça São Pedro, 8 de Dezembro de 2018
Avé Maria …
Senhor nosso Deus, que,
pela Imaculada Conceição da Virgem Maria, preparastes para o vosso Filho uma
digna morada e, em atenção aos méritos futuros da morte de Cristo, a
preservastes de toda a mancha, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de
chegarmos purificados junto de Vós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
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