Beato Marcelino Martín Rubio e 17 companheiros
mártires Trapistas
Século
XX - Espanha
Memória litúrgica a 4 de Dezembro
“Entre os mártires há
um noviço de 23 anos, frei Marcelino Martín Rubio, aberto e alegre, que no
momento da prisão não escondeu a sua condição de religioso.”
O Beato Marcelino Martín Rubio,
nasceu a 4 de Novembro de 1913, em Espinosa de Villagonzalo, província de
Palência, Espanha.
Aos 15 anos, entrou como oblato
na Abadia Cistercience de Estricta Observância (Trapistas) de Viaceli,
iniciando o noviciado em 1931, o qual abandonou ao fim de dois anos. Em 1935
regressou ao mosteiro como monge de coro. À época do martírio era noviço.
Preso e depois libertado, foi
novamente preso e seguiu a sorte dos demais irmãos. Pelas cartas dirigidas a
uma tia, monja cisterciense, pode-se observar o processo martirial dele e de
todos os seus companheiros.
Aberto e de carácter muito
alegre, não ocultou a sua condição de religioso no momento da sua detenção
final.
A 8 de Setembro de 1936 a
comunidade foi obrigada a abandonar o seu mosteiro, foram encarcerados e
sofreram insultos e vexames. Alguns dias depois foram libertados. Mas, no
espaço de poucas semanas, com o pretexto de fazer indagações sobre a
proveniencia dos seus meios de sustento, foram novamente presos em dois grupos
diferentes e assassinados no dia 3 e 4 de Dezembro. A causa de sua morte foi a
de identificar-se - exclusivamente - como cristãos e religiosos. A fé foi o
motivo da sua prisão e execução, com a agravante de uma procura de dinheiro por
parte dos perseguidores. Os Servos de Deus sabiam muito bem o grave perigo que
corriam e viveram a sua consagração até ao derramamento do sangue. Uma fé
clara, uma caridade sincera e uma esperança inquebrantável concederam-lhe
fortaleza para viver até às últimas consequências a sua fidelidade a Cristo e à
Igreja. Jamais renegaram a sua condição de religiosos e prepararam-se
conscientemente para caminhar, passando pela morte, ao encontro do seu Senhor.
Depois, foram levados a bordo de uma barcaça para fora da baía de Santander e
depois de lhes cozerem a boca com arames pois “iam a rezar”. Pensavam assim calá-los, a eles, que durante anos se
reuniram na Igreja do Mosteiro para, sete vezes ao dia, começar a sua liturgia
com as palavras: “Abri, Senhor os meus
lábios e a minha boca cantará o Vosso louvor!”. Certamente que fecharam as
suas bocas, mas estavam certos de que o louvor ao seu Criador e Redentor, mesmo
nos momentos de dor e aparente fracasso, não cessaria. Os seus irmãos, os que
viriam depois, continuariam esse louvor, abririam de novo as suas bocas
acompanhando-os e confortando-os desde outro lugar com uma presença gozosa e
renovada. Foram lançados ao mar com pesados pesos atados aos pés. Lançados às
frias águas do Cantábrico, aquele mar que tantas vezes contemplaram desde as
janelas do seu mosteiro, umas vezes sereno e azul outras cinzento e encrespado.
Frei Marcelino será feito
prisioneiro alguns dias mais tarde, sofrendo a mesma sorte do resto dos monges.
Tinha 23 anos de idade. O mais jovem dos mártires contava 20 anos (havia vários
no grupo com menos de 25 anos) e o mais velho tinha 68. O testemunho destes
mártires ilumina e inspira o nosso momento histórico. Os mártires ensinam-nos o
amor à Verdade frente ao relativismo e ao fundamentalismo dos nossos dias.
Frente ao “vale tudo” e frente ao “nada faz mal”, os nossos mártires
recordam-nos que há ideais que são demasiado grandes para regatear o preço a
pagar por eles. O martírio indica-nos onde se encontra a verdade do Homem, a
sua grandeza e dignidade, a sua liberdade mais genuína e o comportamento mais
verdadeiro e próprio do Homem que é inseparável do amor: por isso, o martírio é
uma exaltação da perfeita «humanidade» e da verdadeira vida da pessoa. Os
mártires são testemunho da fidelidade do homem à sua consciência bem formada
como limite de todo o poder e garantia da sua semelhança divina.
Foi Beatificado com os seus
companheiros no passado dia 3 de Outubro (2015), na catedral de Santander, pelo
Cardeal Ângelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, sob o
mandato do Papa Francisco.
Fonte: cf. Página Web da O.C.S.O
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