Palavra de Vida
Novembro de 2025
Augusto Parody Reyes e equipa da
Palavra de Vida
«Bem-aventurados os que promovem a
paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5,9)
Um
observatório de investigação, criado por três universidades italianas, revelou
recentemente que durante um ano circularam mais de um milhão de mensagens de
ódio na internet. Tornam-se cada vez mais violentas, em particular contra os
estrangeiros, contra os judeus, e sobretudo contra as mulheres.
É evidente
que não podemos generalizar, mas todos nos deparamos – na família, no trabalho,
no âmbito do desporto, etc. – com atitudes conflituosas, ofensivas e
antagónicas, que dividem e comprometem a convivência social. Além disso, no
mundo inteiro, estão atualmente em curso 56 conflitos armados, o número mais
elevado desde a Segunda Guerra Mundial, com um grande número de vítimas civis.
Neste
contexto, as palavras de Jesus ecoam ainda mais provocatórias, verdadeiras e
fortes:
«Bem-aventurados os que promovem a
paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5,9)
«Cada povo,
cada pessoa sente um anseio profundo pela paz, pela concórdia, pela unidade.
Não obstante, apesar dos esforços e da boa vontade, depois de milénios de
história, encontramo-nos incapazes de alcançar uma paz estável e duradoura.
Jesus veio trazer-nos a paz, uma paz – diz-nos – que não é como aquela que “o
mundo dá” [Cf. Jo 14,
27] porque não é
apenas ausência de guerra, de litígios, de divisões, de traumas. A “sua” paz é
também isso, mas é muito mais: é plenitude de vida e de alegria, é salvação
integral da pessoa, é liberdade, é justiça e fraternidade no amor entre todos
os povos» [C. Lubich,
Palavra de Vida de janeiro de 2004, in Parole di vita, a/c Fabio Ciardi
(Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma, 2017, p. 709].
A palavra de
vida deste mês é a sétima das bem-aventuranças, que constituem o início do
Sermão da Montanha (Mt5-7). Jesus, que as encarna todas, dirige-se aos seus
discípulos para os instruir. Note-se que as oito bem-aventuranças estão
formuladas no plural. Por isso, podemos deduzir que a ênfase não é dada a um
comportamento individual ou a virtudes pessoais, mas a uma ética coletiva que
se concretiza em grupo.
«Bem-aventurados os que promovem a
paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5,9)
Quem são os
que promovem a paz? «A sétima bem-aventurança é a mais ativa, explicitamente
operativa. A expressão verbal é análoga àquela utilizada para a criação no
primeiro versículo da Bíblia, e indica iniciativa e laboriosidade. O amor, por
natureza, é criativo e procura a reconciliação, custe o que custar. São
chamados filhos de Deus aqueles que aprenderam a arte da paz e que a praticam,
que sabem que não há reconciliação sem o dom da própria vida, e sabem que a paz
deve ser procurada sempre e de todas as formas. […] Esta não é uma obra
autónoma, fruto das próprias capacidades. É manifestação da graça recebida de
Cristo, que é a nossa paz, que nos fez filhos de Deus» [Papa Francisco, Audiência
Geral. Catequeses sobre as Bem-aventuranças, 8. Quarta-feira, 15 de abril
de 2020].
«Bem-aventurados os que promovem a
paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5,9)
Como viver
então esta palavra? Em primeiro lugar, difundindo o amor verdadeiro por toda a
parte. Depois intervindo quando, ao nosso redor, a paz estiver ameaçada. Por
vezes, basta escutar com amor, até ao fim, as partes em litígio para vislumbrar
uma saída.
Além disso,
não descansaremos enquanto os relacionamentos cortados, muitas vezes por uma
coisa de nada, não estiverem restabelecidos. Talvez possamos dar vida – na
instituição, associação ou paróquia de que fazemos parte – a iniciativas
específicas, com a finalidade de fomentar uma maior consciência da necessidade
da paz. Há no mundo um vasto conjunto de propostas, grandes ou pequenas, que
atuam com este objetivo, promovendo marchas, concertos, congressos. O próprio
voluntariado põe em movimento uma grande corrente de generosidade, que constrói
a paz.
Há também
percursos educativos para a paz, como o «Living Peace» [http://livingpeaceinternational.org].
Atualmente são mais de 2600 as escolas e grupos que aderem a este projeto e
mais de dois milhões de crianças, jovens e adultos envolvidos nas suas
iniciativas, nos cinco continentes. Entre estas iniciativas está a de lançar o
«Dado da Paz» – que se inspira no dado da arte de amar de Chiara Lubich [C. Lubich, A arte de amar,
Cidade Nova, Abrigada 2007] – que tem escritas, em cada uma
das suas faces, frases que ajudam a construir relacionamentos de paz. Outra
iniciativa, presente em todo o mundo, é o «Time out»: às 12:00 horas
de cada dia, faz-se um momento de silêncio, de reflexão ou de oração pela paz.

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