Palavra de Vida
Janeiro de 2024
Patrizia
Mazzola e equipa da Palavra de Vida
«Amarás
o Senhor teu Deus… e o teu próximo como a ti mesmo» (Lc
10,27)
A
Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (Esta celebra-se no hemisfério
norte de 18 a 25 de janeiro e no hemisfério sul na semana de Pentecostes. Os
textos da oração deste ano foram preparados por uma equipa ecuménica do Burkina
Faso) propõe
este ano, como tema de reflexão, a frase acima referida que tem a sua origem no
Antigo Testamento (Cf. Dt 6,4-5
e Lv 19,18). No seu caminho
para Jerusalém, Jesus é interpelado por um doutor da Lei que lhe pergunta: “Mestre, que hei de fazer para herdar a vida
eterna?” (Lc 10,25).
Abre-se assim um diálogo em que Jesus responde com outra pergunta: “O que está escrito na Lei?” (Lc 10,26),
suscitando a resposta do seu interlocutor: o amor a Deus e o amor ao próximo,
que no seu conjunto são considerados a síntese da Lei e dos Profetas.
«Amarás
o Senhor teu Deus… e o teu próximo como a ti mesmo» (Lc
10,27)
“E
quem é o meu próximo?”, continua o doutor da Lei. O Mestre responde contando a
parábola do Bom Samaritano. Ele não elenca as várias tipologias de pessoas que
podem entrar na categoria de próximo, mas descreve a atitude de profunda
compaixão que deve animar todas as nossas ações. Somos nós próprios que nos
devemos tornar “próximos” dos outros.
A pergunta que nos
temos de fazer é: “E eu, sou próximo de quem?”.
Precisamente
como fez o Samaritano, é preciso cuidar dos irmãos cujas necessidades
conhecemos. Deixarmo-nos envolver plenamente nas situações que se nos
apresentam, sem qualquer temor. Ter um amor que procura ajudar, promover e
encorajar a todos.
É
preciso ver o outro como um outro eu, e fazer ao outro aquilo que faríamos a
nós próprios. É a denominada “regra de ouro”, que encontramos em todas as
religiões. Gandhi explica-a de um modo muito eficaz: «Tu e eu somos uma coisa
só. Não posso fazer-te mal sem me ferir a mim mesmo» (C. Lubich, A arte de amar,
Cidade Nova, Abrigada 2007, p. 24).
«Amarás
o Senhor teu Deus… e o teu próximo como a ti mesmo» (Lc
10,27)
«Se
nós ficarmos indiferentes ou resignados diante das necessidades do nosso
próximo, quer no plano dos bens materiais quer nos bens espirituais, não
podemos dizer que amamos o próximo como a nós mesmos. Não podemos dizer que o
amamos como Jesus o amou. Numa comunidade, se quisermos inspirar-nos no amor
que Jesus nos ensinou, não pode haver lugar para desigualdades, desníveis,
marginalização, negligência. […] Enquanto virmos no nosso próximo um estranho,
alguém que perturba a nossa tranquilidade, que transtorna os nossos projetos,
não podemos dizer que amamos a Deus com todo o nosso coração» (C. Lubich,
Palavra de Vida de novembro de 1985, em Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi
(Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 340-341).
«Amarás
o Senhor teu Deus… e o teu próximo como a ti mesmo» (Lc
10,27)
A
vida é aquilo que nos acontece no momento presente. Dar-nos conta de
quem está ao nosso lado, saber escutar o outro pode abrir-nos sendas
interessantes e suscitar iniciativas não previstas.
Foi
o que aconteceu com a Victoria:
«Na
igreja, fiquei tocada pela lindíssima voz de uma mulher africana sentada ao meu
lado. Felicitei-a, encorajando-a a juntar-se ao coro da paróquia. Detivemo-nos
a conversar. Era uma religiosa da Guiné Equatorial, de passagem por Madrid. No
seu Instituto acolhem recém-nascidos, meninos e meninas abandonados, que
acompanham até à idade adulta, facultando-lhes os estudos universitários ou uma
via profissional. O atelier de costura funcionava bem, mas as máquinas não são
suficientes.
Ofereci-me
para a ajudar a encontrar outras máquinas, confiando em Jesus, na certeza que
Ele nos escutava e me impelia a amar sem calculismos.
Um
meu amigo conhecia um técnico nesta área, que ficou feliz por poder participar
nesta cadeia de amor. Conseguiu disponibilizar e reparar oito máquinas de
costura e ainda arranjou uma de passar a ferro. Um casal amigo ofereceu-se para
as transportar até Madrid, mudando o destino dos seus dois dias de férias e
percorrendo quase mil quilómetros. Assim, as “máquinas da esperança”, através
de uma longa viagem por terra e por mar, chegaram a Malabo. Na Guiné ficaram
maravilhados! As suas mensagens falam apenas de gratidão».
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