Dezembro
de 2023
Texto preparado por Victoria Gómez e pela equipa da Palavra de Vida
«Vivei sempre
alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois esta é a
vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus». (1Ts 5,16-18)
Quando Paulo escreveu aos
tessalonicenses, ainda estavam vivos muitos dos contemporâneos de Jesus que O
tinham visto e ouvido, que foram testemunhas da tragédia da Sua morte e do
assombro perante a Sua ressurreição e ascensão. Eles reconheciam o rastro
deixado por Jesus e esperavam o Seu retorno iminente. Paulo amava a comunidade
de Tessalónica, que era exemplar pela vida, pelo testemunho e pelos frutos.
Escreveu-lhes então esta carta, insistindo para que fosse lida a todos (5,27).
Nela fez algumas recomendações, para que continuassem a ser “imitadores nossos e do Senhor” (1,6), e
resumiu-as assim:
«Vivei sempre
alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois esta é a
vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus». (1Ts 5,16-18)
O fio condutor destas
prementes exortações não é apenas aquilo que Deus espera de nós,
mas quando: sempre, sem cessar, em todas as circunstâncias.
Mas será possível mandar
alguém alegrar-se? Todos nos sentimos por vezes assolados por problemas e
preocupações, por sofrimentos e angústias, sobretudo quando nos deparamos com
uma realidade social árida e hostil. No entanto, para Paulo, há um motivo pelo
qual é sempre possível ter “aquela
alegria” a que ele se refere. Dirige-se a cristãos, por isso recomenda que
levem a sério a vida cristã, para que Jesus possa viver neles com a plenitude
que Ele prometeu após a ressurreição. É o que também nós podemos experimentar:
Ele vive naqueles que amam, e qualquer pessoa pode percorrer o caminho do amor
com o desapego de si mesmo, com o amor gratuito pelos outros, aceitando a ajuda
dos amigos, mantendo viva a confiança de que “o amor vence tudo” (Virgílio.
Écloga X.69).
«Vivei sempre
alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois esta é a
vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus». (1Ts 5,16-18)
No diálogo com fiéis de
diferentes religiões e com pessoas de outras convicções, compreendemos ainda
mais profundamente que orar é uma ação profundamente humana. A oração edifica a
pessoa, eleva-a.
Mas como podemos “orar sem cessar”? Escreve o teólogo
ortodoxo Evdokimov: «… Não basta ter a
oração, ter regras, ter hábitos; é preciso tornar-se oração, ser oração
incarnada, fazer da própria vida uma liturgia, rezar através das coisas mais
banais» (Evdokimov,
Pavel. «La preghiera di Gesù» in La novità dello Spirito. Milão: Ed.
Ancora 1997). Chiara Lubich salienta
que “podemos amar [a Deus] como filhos,
quando o Espírito Santo enche o nosso coração de amor e de confiança no próprio
Pai: aquela confiança que nos leva a falar frequentemente com Ele, a contar-Lhe
tudo, os nossos propósitos, os nossos projetos” (LUBICH,
Chiara. Conversazioni. Roma: Città Nuova 2019, p. 552).
Há ainda um modo de rezar
sempre que é acessível a todos: parar antes de cada ação e retificar a intenção
com um “Por Ti”. É uma prática
simples que transforma em contínua oração, a partir de dentro, as nossas
atividades e toda a nossa vida.
«Vivei sempre
alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois esta é a
vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus». (1Ts 5,16-18)
“Dai
graças em todas as circunstâncias”. É a atitude que brota livre
e sincera do amor agradecido Àquele que, silenciosamente, sustenta e acompanha
os indivíduos, os povos, a História, o Cosmos. Ao mesmo tempo, é a gratidão
para com os outros que caminham connosco, uma gratidão que nos torna
conscientes de que não somos autossuficientes.
Alegrar-se, orar e agradecer.
São três ações que nos ajudam a ser cada vez mais como Deus nos vê e nos quer,
que enriquecem a nossa relação com Ele, na esperança de que “o Deus da paz nos santifique totalmente” (Cf. 1Ts 5,23).
Podemos assim preparar-nos
para viver mais profundamente a alegria do Natal, para tornar o mundo melhor,
para nos tornarmos construtores de paz dentro de nós mesmos, em casa, nos
locais de trabalho, nas ruas e nas praças. É aquilo que é mais necessário e
urgente nos dias de hoje.
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