“O Apóstolo explica
como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor e que a caridade é o
caminho mais excelente que nos leva com segurança até Deus. Finalmente tinha
encontrado a tranquilidade.
Ao considerar o
Corpo Místico da Igreja, não conseguira reconhecer-me em nenhum dos membros
descritos por São Paulo; melhor, queria identificar-me com todos eles. A
caridade ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja
apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais
necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem coração, um
coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia actuar os membros da
Igreja e que, se o amor viesse a extinguir se, nem os Apóstolos continuariam a
anunciar o Evangelho nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi
que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que
abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno.
Então, com a maior
alegria da minha alma arrebatada, exclamei: Ó Jesus, meu amor! Encontrei
finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu
lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes:
no
coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo;
e assim será realizado o meu sonho.”
Da autobiografia de Santa
Teresa do Menino Jesus
(Manuscrits
autobiographiques, Lisieux 1957, 227-229) (Sec. XIX)
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