segunda-feira, 8 de março de 2010

Celibato consagrado e Oração
“…há aqueles que se fizeram eunucos a si mesmos,
por amor do Reino do Céu.” (Mt 19, 12)

O primeiro fim do celibato consagrado é libertar para deixar lugar a Jesus, o Senhor, no amor. Como as demais formas de ascese, o celibato requer muita atenção, pois a renúncia que impõe não pode deixar de causar uma ferida, cuja cicatriz sagrará durante muito tempo. O celibato produz também um vazio afectivo que não deve reprimir a capacidade afectiva, pelo contrário, deve libertá-lo, fazê-lo disponível para o Senhor Jesus e para a sua Igreja e em primeiro lugar para os irmãos com quem vive. Isto, não se consegue de um dia para o outro, só pode ser fruto de um longo caminho no qual a oração tem um importantíssimo papel. O célibe deve recorrer espontaneamente à oração no meio de certos conflitos causados pelo desejo: “Senhor, salva-nos, que perecemos!” (Mt 8, 25).
Pouco a pouco, a oração assumirá um papel cada vez mais importante e fundamental. A força de colocar-se diante do Senhor, de agarrar-se a Ele, de tentar permanecer na Sua presença, de povoar o silêncio com a invocação do seu nome, de fixar o olhar no Seu Rosto, a parte que fica disponível em nós por causa do celibato, ficará progressivamente assumida neste abraço de fé que nos faz aderir ao Senhor Jesus. Nenhum valor, nenhum capital afectivo se perderá. No doce esforço da oração, a solidão do célibe se transformará em comunhão de amor. Tudo fica tomado e plenamente repleto e através de um laço de amor muito forte com a pessoa de Jesus Cristo abre-se à plenitude da vida divina.
(cf. LOUF, André, “El camino cisterciense - en la escuela del amor”, Editorial Monte Carmelo, Burgos, 2005, pgs. 108 e 109)
Tradução do Castelhano ao Português da responsabilidade do autor deste blog.

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