Palavra de Vida
Abril de 2025
Patrizia Mazzola e equipa da Palavra de Vida
«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a
aparecer; não a vedes?» (Is 43,19)
O exílio na Babilónia e a destruição
do Templo de Jerusalém tinham provocado um trauma coletivo no povo de Israel e
suscitavam uma interrogação teológica: será que Deus ainda está connosco ou
será que nos abandonou? O objetivo desta parte do livro de Isaías é ajudar o
povo a compreender o que Deus está a realizar, a confiar n’Ele e, assim, poder
regressar à pátria. É precisamente na experiência do exílio que se revela o rosto
criador e salvador de Deus.
«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a
aparecer; não a vedes?» (Is 43,19)
Isaías recorda o amor fiel de Deus
pelo seu povo. A Sua fidelidade permanece constante até durante o período
dramático do exílio. Mesmo que as promessas feitas a Abraão pareçam
inatingíveis e o pacto da Aliança pareça estar em crise, o povo de Israel
continua a ser um lugar particularmente privilegiado da presença de Deus na
história.
O livro profético aborda questões
existenciais, fundamentais não apenas para aquele tempo: quem controla o
desenrolar e o significado da história? Esta pergunta pode ser feita também a
nível pessoal: quem controla o curso da minha vida? Qual é o sentido daquilo
que eu estou a viver ou daquilo que eu vivi?
«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a
aparecer; não a vedes?» (Is 43,19)
Deus atua constantemente na vida de
cada um, fazendo “coisas novas“. Se nem sempre nos apercebemos ou conseguimos
compreender o seu significado e alcance, é porque elas estão ainda a despontar
ou porque ainda não estamos prontos para reconhecer aquilo que Ele está a
realizar. Distraídos com os acontecimentos, com as mil e uma preocupações que
nos atormentam, com pensamentos que nos importunam, talvez não consigamos
deter-nos suficientemente para observar esses rebentos que são a certeza da Sua
presença. Ele nunca nos abandona. Cria e recria continuamente a nossa vida.
«Somos
nós a “coisa nova”, a “nova criação” que Deus gerou. […] Não fiquemos a olhar
para o passado com saudades das coisas boas que aconteceram ou a chorar os
nossos erros: acreditemos fortemente na ação de Deus que pode continuar a
realizar coisas novas» [C.
Lubich, Palavra de Vida de março de 2004, in Parole di Vita, a/c Fabio
Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5) Città Nuova, Roma 2017, pp. 715-716.].
«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a
aparecer; não a vedes?» (Is 43,19)
Juntamente com aqueles com quem
partilhamos o caminho da existência – a nossa comunidade, os amigos, os colegas
de trabalho – procuremos trabalhar, confrontar-nos e não perder a confiança de
que as coisas podem mudar para melhor.
2025 é um ano especial porque a data
da Páscoa ortodoxa coincide com a das outras denominações cristãs. Que este
acontecimento, a festa da Páscoa comum, possa ser um testemunho da vontade das
Igrejas de continuar, sem parar, um diálogo que permita enfrentar juntos os
desafios da humanidade e promover ações conjuntas.
Preparemo-nos, por isso, para viver
este período pascal na plenitude da alegria, da fé e da esperança. Tal como
Cristo ressuscitou, também nós, depois de termos atravessado os nossos
desertos, deixemo-nos acompanhar nesta viagem por Aquele que guia a história e a
nossa vida.
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