terça-feira, 1 de abril de 2025


Palavra de Vida

Abril de 2025

Patrizia Mazzola e equipa da Palavra de Vida

«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?» (Is 43,19)

O exílio na Babilónia e a destruição do Templo de Jerusalém tinham provocado um trauma coletivo no povo de Israel e suscitavam uma interrogação teológica: será que Deus ainda está connosco ou será que nos abandonou? O objetivo desta parte do livro de Isaías é ajudar o povo a compreender o que Deus está a realizar, a confiar n’Ele e, assim, poder regressar à pátria. É precisamente na experiência do exílio que se revela o rosto criador e salvador de Deus.

«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?» (Is 43,19)

Isaías recorda o amor fiel de Deus pelo seu povo. A Sua fidelidade permanece constante até durante o período dramático do exílio. Mesmo que as promessas feitas a Abraão pareçam inatingíveis e o pacto da Aliança pareça estar em crise, o povo de Israel continua a ser um lugar particularmente privilegiado da presença de Deus na história.

O livro profético aborda questões existenciais, fundamentais não apenas para aquele tempo: quem controla o desenrolar e o significado da história? Esta pergunta pode ser feita também a nível pessoal: quem controla o curso da minha vida? Qual é o sentido daquilo que eu estou a viver ou daquilo que eu vivi?

«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?» (Is 43,19)

Deus atua constantemente na vida de cada um, fazendo “coisas novas“. Se nem sempre nos apercebemos ou conseguimos compreender o seu significado e alcance, é porque elas estão ainda a despontar ou porque ainda não estamos prontos para reconhecer aquilo que Ele está a realizar. Distraídos com os acontecimentos, com as mil e uma preocupações que nos atormentam, com pensamentos que nos importunam, talvez não consigamos deter-nos suficientemente para observar esses rebentos que são a certeza da Sua presença. Ele nunca nos abandona. Cria e recria continuamente a nossa vida.

«Somos nós a “coisa nova”, a “nova criação” que Deus gerou. […] Não fiquemos a olhar para o passado com saudades das coisas boas que aconteceram ou a chorar os nossos erros: acreditemos fortemente na ação de Deus que pode continuar a realizar coisas novas» [C. Lubich, Palavra de Vida de março de 2004, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5) Città Nuova, Roma 2017, pp. 715-716.].

«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?» (Is 43,19)

Juntamente com aqueles com quem partilhamos o caminho da existência – a nossa comunidade, os amigos, os colegas de trabalho – procuremos trabalhar, confrontar-nos e não perder a confiança de que as coisas podem mudar para melhor.

2025 é um ano especial porque a data da Páscoa ortodoxa coincide com a das outras denominações cristãs. Que este acontecimento, a festa da Páscoa comum, possa ser um testemunho da vontade das Igrejas de continuar, sem parar, um diálogo que permita enfrentar juntos os desafios da humanidade e promover ações conjuntas. 

Preparemo-nos, por isso, para viver este período pascal na plenitude da alegria, da fé e da esperança. Tal como Cristo ressuscitou, também nós, depois de termos atravessado os nossos desertos, deixemo-nos acompanhar nesta viagem por Aquele que guia a história e a nossa vida.


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