domingo, 13 de setembro de 2020

São MARCELINO de Cartago,

leigo pai de família e mártir

Século V - África (Cartago, actua Tunísia)

Memória litúrgica a 13 de Setembro

O martírio de Marcelino, alto funcionário imperial e amigo de Santo Agostinho, está ligado ao cisma Donatista que dilacerou e dividiu durante mais de um século a Igreja Africana. Os inícios remontam a 310 quando é contestada a validade da eleição do bispo de Cartago, Ceciliano, por ter sido por bispos “traidores”. Quando o édito de Diocleciano impõe aos cristãos que entreguem os livros Sagrados para serem queimados, aqueles que os entregaram voluntariamente foram apelidados de “traidores” e considerados como pecadores públicos.

Insatisfeitos, os bispos cismáticos (Donatistas) escolheram como novo bispo Donato, (daí o nome de donatistas da seita), dando origem a um cisma, opondo-o ao legítimo bispo Ceciliano.

Donato e os seus seguidores tinham resumido a declaração doutrinária nestes dois pontos: a Igreja é uma sociedade de santos e os sacramentos administrados pelos pecadores são inválidos. Em 313 d.C., uma comissão nomeada pelo Papa Melquíades condenou os donatistas, mas eles continuaram a existir, e consideravam-se a única igreja verdadeira. O pretexto doutrinal na verdade disfarçava oposições regionais e sociais: a Númidia contra a África pró-consular, proletários contra proprietários romanos. É neste ponto que se insere São Marcelino, vítima ilustre dos donatistas.

Marcelino desenvolvia em Cartago as tarefas de tribuno e notário.

Bom pai de família, cristão exemplar, é conhecido como amigo de Santo Agostinho.

Homem bem conhecido, que gozava da estima geral pela sua grande religiosidade: “fama et pietate notissimus”.

Desejoso de aprender, dirige-se a Santo Agostinho para ter clarificações sobre os pontos mais controversos da doutrina Católica. Devemos à louvável curiosidade do piedoso funcionário imperial algumas obras escritas do grande teólogo de Hipona, como o Tratado “Sobre a remissão dos pecados”, “Sobre o Espírito” e o mais célebre “Sobre a Santíssima Trindade”, que Marcelino não pôde ler pois, entretanto, pagou com a vida a coragem de integrar as fileiras da tradição Católica.

Na conferência realizada em Cartago, em 411 entre os bispos Católicos e os Donatistas, Marcelino dá a vitória aos católicos, isto valeu um Édito de proscrição contra os Donatistas, promulgado pelo imperador Honório. Por isto, os Donatistas vingaram-se acusando-o de cumplicidade com o usurpador Heracliano.

A acusação era grave e Marcelino foi condenado à morte a 13 de Setembro.

No ano seguinte o próprio imperador reconheceu o erro cometido pela justiça romana.

Retirada a acusação de cumplicidade entre Marcelino e o rebelde Heracliano, são sancionadas e aprovadas todas as decisões tomadas pelo tribuno Marcelino, que a Igreja honra como mártir por nunca ter cedido a compromissos contra a verdade, mesmo diante da morte.

Cf. Piero Bargellini em http://www.santiebeati.it/dettaglio/48650

Tradução e adaptação: P. Marcelino Caldeira

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