Mensagem Quaresmal do Arcebispo de Évora
Discípulos
Missionários em Tempo de Quaresma
A Arquidiocese de Évora, em comunhão com o
Santo Padre e com a Igreja universal, unida à Igreja em Portugal, (cf. “Todos,
Tudo e Sempre em Missão”), vive o Ano Pastoral 2018-19 em proposta de renovação
missionária, no desafio do tema Discípulos Missionários. Conforme refere o
nosso Plano Pastoral, “Muito há a fazer para que o rosto missionário da Igreja
seja mais evidente e produza frutos mais abundantes nos vários âmbitos da
comunidade humana que é o horizonte largo que Jesus confiou aos seus discípulos
de ontem e de hoje”.
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a
toda a criatura» (Mc. 16,15) é o desejo que Jesus Cristo nos legou e para o
qual espera de cada cristão uma entrega incondicional. Esta entrega, como nos
refere o Papa Francisco ao convocar a Igreja para a vivência do Mês
Missionário, no centenário da promulgação da Carta Apostólica Maximum Illud, de
Bento XV (1919), assenta em quatro pilares, que recordamos: encontro pessoal
com Cristo, testemunho de vida, formação e caridade missionária. Em tempo de
Quaresma, podemos retomar estas quatro propostas de crescimento e
amadurecimento e fazermos delas uma estrada de compromisso e conversão que nos
levem à Páscoa da Ressurreição.
Só no encontro pessoal com Cristo, se
alicerça a caridade missionária pelo testemunho de vida. O desejo de mais
formação é consequência da experiência de Deus que nos abre sempre novos
horizontes de dádiva e de beleza. Por isso, convido todos os cristãos a
valorizar, neste Tempo Favorável, a nossa oração pela escuta mais atenta e
assídua da Palavra de Deus; pela vivência dos Sacramentos da Eucaristia e da
Reconciliação; pela prática dos atos de piedade tradicionais, como a adoração
ao Santíssimo Sacramento, Via Sacra e Oração do Rosário a Nossa Senhora.
Recordo a valorização que devemos colocar na vivência do Lausperene Quaresmal,
programado para as nossas paróquias, e nos tempos de “Retiro” e Peregrinação
que poderemos organizar enquanto paróquias, grupos e movimentos eclesiais.
Importa que neste Ano Missionário nos proponhamos em valorizar a qualidade dos
nossos encontros pessoais e comunitários com o Mestre, para que renovemos a
nossa alegria de discípulos missionários e vençamos a rotina.
Nesta primeira Mensagem Quaresmal que vos
dirijo, descalço os meus pés, na certeza de que piso “terra sagrada” ao bater à
porta da vossa consciência cristã para vos pedir em nome do Senhor, um renovado
Amor à Sua Igreja, pela qual Ele se entregou, amou até ao fim e deu a vida. Os
tempos de purificação que vivemos, pedem-nos oração e compromisso missionário.
A nossa fidelidade a Cristo e entrega à Comunidade Cristã são a primeira
resposta aos desafios que vivemos. Será no nosso encontro com o Senhor que
encontraremos sempre renovadas energias para testemunhar o poder libertador da
nossa fé.
Na sua Mensagem para esta Quaresma, o Papa
Francisco lembra-nos que «a celebração do Tríduo Pascal da paixão, morte
e ressurreição de Cristo, ponto culminante do Ano Litúrgico, chama-nos sempre a
viver um itinerário de preparação, cientes de que nos torna semelhantes a
Cristo (cf Rom 8, 29) e é um dom inestimável da misericórdia de Deus»,
por isso, o nosso encontro com o Senhor há-de levar-nos a uma identificação com
os Seus valores e critérios através da renovação do Mistério Pascal em cada um
de nós, na medida em que pela conversão morremos para o homem velho e
renascemos com Cristo para o homem novo. A vivência deste dinamismo pascal será
a melhor preparação para a vivência autêntica do próximo Tríodo Pascal, que
queremos continuar a celebrar com todo o empenho.
A Quaresma é “sinal sacramental” de
conversão na medida em que nos convida a encontrarmo-nos de forma mais intensa
e concreta com o Mistério Pascal, através da oração, do jejum e da penitência.
Estas atitudes próprias deste Tempo, aprofundam a nossa dimensão relacional com
Deus, com os Irmãos e com toda a criação e delas brotam a paz e o equilíbrio
ecológico tão necessários e urgentes para toda a humanidade e para a nossa
“Casa comum” Por isso, a vivência quaresmal leva em si um contributo capaz de valorizar
a nossa cidadania. A este propósito o Papa refere que «Rompendo-se
a comunhão com Deus, acaba por falir também a relação harmoniosa dos seres
humanos com o meio ambiente, onde estão chamados a viver, a ponto do jardim se
transformar num deserto (cf Gn3,17-18)».
Somos convidados a alargar a tenda do nosso
coração e a olhar para os irmãos em dificuldade com o mesmo olhar de Cristo.
Esta atitude fraterna e solidária é consequência necessária do nosso encontro
de discípulos com a misericórdia de Deus. A partilha dos bens espirituais e
materiais é a proclamação pela vida, que Deus é Pai de todos e nós somos o
rosto do Seu Amor para todos.
Neste ano, através da Cáritas Nacional, dirigimos
a nossa Renúncia Quaresmal aos Irmãos e Irmãs da Venezuela, cujas necessidades
são testemunhadas pelos constantes apelos do Episcopado daquele país.
Convido-vos a abrir os olhos do vosso coração e a fazer deste gesto de comunhão
um abraço que encoraje e faça sentir a nossa presença junto dos mais
necessitados daquele povo irmão, a quem nos unem tantos laços de convivência
migratória.
Como nos anos anteriores, cofio à Cáritas
Diocesana a Campanha da Renúncia Quaresmal. O produto recolhido em cada
paróquia será entregue ao Vigário da Vara que, por sua vez, o fará chegar à Cúria
Diocesana.
Évora, 27 de fevereiro de 2019
+ Francisco, Arcebispo de Évora
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