Palavra de VidaJunho de 2024
Texto
preparado por Letizia Magri e pela equipa da Palavra de Vida
«Assim é o reino de
Deus: como um homem que, tendo lançado a semente à terra, dorme e
levanta-se, de noite e de dia, e a semente germina e cresce». (Mc 4,26-27)
O Reino de Deus é o
coração da mensagem de Jesus, de que o evangelho de Marcos quer proclamar a boa
nova. É aqui anunciado, através de uma breve parábola, com a imagem da semente
que, uma vez lançada à terra, liberta a sua força vital e dá fruto.
Mas o que é o Reino
de Deus para nós, hoje? O que tem em comum com a nossa história, pessoal e
coletiva, constantemente suspensa entre expectativas e desilusões? Se ele já
foi semeado, por que não vemos os seus frutos de paz, de segurança, de
felicidade?
«Assim é o reino de
Deus: como um homem que, tendo lançado a semente à terra, dorme e
levanta-se, de noite e de dia, e a semente germina e cresce». (Mc 4,26-27)
Esta Palavra
comunica-nos toda a confiança que o próprio Jesus tem no projeto de paz para a
humanidade: «[…] Por Jesus ter vindo à
Terra, pela Sua vitória, este Reino já está presente no mundo. A sua
realização, que constituirá a consumação da história, já está assegurada. A
Igreja é a comunidade daqueles que acreditam neste Reino, e é também o seu
início» [C.
Lubich, Palavra de Vida de agosto de 1983, in Parole di Vita, org. Fabio
Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, p. 268].
A todos aqueles que
aceitam esta Palavra, é-lhes confiada a tarefa de preparar o terreno para
acolher o dom de Deus e de conservar a esperança no Seu amor. «[…]
De facto, nenhum esforço humano, nenhuma iniciativa ascética, nenhum estudo ou
pesquisa intelectual, te podem fazer entrar no Reino de Deus. É o próprio Deus
que vem ao teu encontro, que se revela com a Sua luz ou te toca com a Sua
graça.
E
não há nenhum mérito de que te possas vangloriar, ou em que te possas apoiar,
para reivindicar o direito a uma tal dádiva de Deus. O Reino é-te oferecido
gratuitamente»
[C.
Lubich, Palavra de Vida de outubro de 1979, in Ibid., p. 152].
«Assim é o reino de
Deus: como um homem que, tendo lançado a semente à terra, dorme e
levanta-se, de noite e de dia, e a semente germina e cresce». (Mc 4,26-27)
Lançar a semente:
não a reter para si, mas semeá-la com generosidade e confiança. “De noite e de dia”: o Reino cresce
silenciosamente, até na escuridão das nossas noites.
Podemos também
pedir todos os dias: “Venha a nós o vosso
Reino”.
A semente não
requer um trabalho contínuo, de controlo, por parte do agricultor. Requer
sobretudo a capacidade de esperar, com paciência, que a natureza siga o seu
curso.
«Assim é o reino de
Deus: como um homem que, tendo lançado a semente à terra, dorme e
levanta-se, de noite e de dia, e a semente germina e cresce». (Mc 4,26-27)
Esta Palavra de
Vida conduz-nos à confiança na força do amor, que dá fruto a seu tempo.
Ensina-nos a arte de acompanhar com paciência aquilo que pode crescer por si,
sem ter ânsia pelos resultados. Torna-nos livres de aceitar os outros no
momento presente, valorizando as suas potencialidades, respeitando os seus
tempos.
«[…]
Um mês antes do casamento, o nosso filho telefonou-nos alarmado, para nos dizer
que a sua namorada tinha recomeçado a usar drogas. Pedia-nos conselho sobre o
que fazer. Não era fácil responder. Poderíamos aproveitar a situação para o
convencer a deixá-la, mas não nos parecia o rumo certo. Assim, sugerimos-lhe
que ouvisse bem o seu coração […] Seguiu-se um longo silêncio. Em seguida:
“Creio que posso amar um pouco mais”. Depois do casamento, conseguiram
encontrar um ótimo centro de recuperação, com apoio ambulatório externo.
Decorreram 14 longos meses, durante os quais ela conseguiu manter o compromisso
de “drogas, nunca mais!”. É um longo caminho para todos, mas o amor evangélico
que procuramos ter entre nós os dois – mesmo se com lágrimas – dá-nos a força
de amar o nosso filho nesta delicada situação. Um amor que talvez também o
ajude a compreender melhor como amar a sua mulher»
[S.
Pellegrini, G. Salerno, M. Caporale (org.), Famílias em ação – Um mosaico
de vida, Cidade Nova, Abrigada 2022, pp. 74-75.].