terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O seu ao Seu dono…
Devolvamos Jesus ao Natal
“…não havia lugar para Ele na hospedaria…”
(Lc 2, 6). Esta passagem do Evangelho de São Lucas, que escutamos na Missa do Galo, certamente provoca em nós um sentimento de solidariedade, para com a Santa Família de Nazaré e, sentimo-nos escandalizados com a falta de generosidade e hospitalidade, das gentes de Belém, por não acolherem uma jovem em trabalho de parto. E temos muita razão, contudo… infelizmente hoje, em Dezembro de 2010, com outros nomes, com outras caras e cores… a história dos habitantes de Belém, repete-se na nossa terra, na nossa vizinhança, na nossa casa… Jesus vem ao nosso encontro e nós fechamos-lhe as portas da nossa vida, não deixamos que Ele faça parte de nossa existência… As Suas propostas de uma vida mais justa, mais verdadeira, mais solidária, mais santa, não encontram eco em nós. As suas propostas de acolher e amar o outro como a nós mesmos, de o perdoar, de lhe estender a mão, pois “Sempre que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequenos, a mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40), não encontram eco nas nossas vidas. Digam-me lá se isto não é fechar as portas a Jesus, que chega, se isto não é impedi-l’O de fazer parte do nosso quotidiano, da nossa história pessoal?
“Veio ao que era Seu e os Seus não O receberam…” (Jo 1, 11). Não só lhe fechamos a porta, sempre que não escutamos as suas propostas de vida nova, mais feliz, mais autêntica, mais plena…, como nos esforçamos por desalojar Jesus, daquilo que é Seu por direito… É Natal porque Jesus nasceu, e ponto. Luzes, Pais Natais, neve, prendas, renas, bolos-rei, doces, chocolates… E Jesus? Onde está Jesus…? No meu coração, a incredulidade e, depois, quase a rebelião: este mundo rico “apoderou-se” do Natal e de tudo o que o rodeia, e “desalojou” Jesus! Aprecia, do Natal, a poesia, o ambiente, a amizade que suscita, os presentes que sugere, as luzes, as estrelas, os cânticos. Aposta no Natal tendo em mira o maior lucro do ano… Mas não pensa em Jesus” (Chiara Lubich).
Está na hora de dar o seu ao Seu dono. A poesia do Natal, a festa da família, as prendas, etc… devem-se a um Deus que de tal forma nos Ama, com tal entusiasmo, generosidade e paixão, a ponto de se fazer Emanuel, “Deus-Connosco”. Porque nos ama desta forma, quer partilhar a nossa vida, para lhe dar sentido, para a restaurar e encher de esperança, de alegria, de paz…
Devolvamos Jesus ao Natal…
Acolhamo-l’O sempre que cruzar as nossas vidas, vier ao nosso encontro no pobre que nos estende a mão, na pessoa que precisa do nosso perdão, naquele que precisa da nossa companhia para afastar a angústia da solidão, no que implora o nosso sorriso para afastar a nuvem da tristeza ou do isolamento… Nos gritos da Humanidade que sofre, está Jesus, abramos de par em par as portas do nosso coração para o acolher, para o receber… dêmos-lhe lugar…, que Ele faça de nós, verdadeiramente, a morada da Sua predilecção.
Gritemos ao mundo que Ele, Jesus, o Emanuel, o Amor, é o Senhor do Natal… Ele é o segredo, Ele dá sentido às nossas alegrias e tristezas, o seu amor, as suas palavras, curam as feridas do nosso coração, restaura-nos, fazem-nos pessoas melhores…
Gritemos: “o Natal é Jesus, é de Jesus”.
Coloquemo-l’O nas nossas janelas, nos nossos presépios, na celebração da nossa fé - não deixemos passar o Natal sem a Santa Missa -, nos nossos gestos de generosidade verdadeiramente evangélicos…
Que nas nossas casas e nas nossas vidas se grite Quem nasceu: JESUS.
Preparemos-Lhe uma festa sem igual, pois Ele “…é 0 verdadeiro e único tesouro que temos que dar à humanidade” (cf. Bento XVI).

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