quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Palavra de Vida

Dezembro de 2021

Letizia Magri

«Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor.» (Lc 1, 45)

Este mês, a Palavra de Vida propõe-nos mais uma bem-aventurança. É a saudação alegre e inspirada de uma mulher, Isabel, a uma outra mulher, Maria, que foi visitá-la para a ajudar. Sim, porque ambas estão à espera de um filho e ambas, profundamente crentes, acolheram a Palavra de Deus e, na sua pequenez, experimentaram o Seu poder criador. 

Maria é a primeira bem-aventurada do evangelho de Lucas, aquela que experimenta a alegria da intimidade divina. Com esta bem-aventurança, o evangelista inicia a reflexão sobre a relação entre a Palavra de Deus anunciada e a fé que a sabe acolher, entre a iniciativa de Deus e a adesão livre da pessoa.

«Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor.» (Lc 1, 45)

Maria é a verdadeira crente na “promessa feita a Abraão e à sua descendência para sempre” (Lc 1, 55). Está de tal modo vazia de si mesma, humilde e aberta à Palavra, que o próprio Verbo de Deus se pôde fazer carne no seu seio e entrar na História da Humanidade.

Nenhum de nós pode experimentar a maternidade virginal de Maria, mas todos podemos imitar a sua confiança no amor de Deus. Se acolhermos a Palavra com coração aberto, esta – com as promessas que contém – pode encarnar-se também em nós e tornar fecunda a nossa vida de cidadãos, de pais e mães, de estudantes, operários ou políticos, jovens ou idosos, saudáveis ou doentes.

Mesmo se a nossa fé for insegura, como no caso de Zacarias (Cf. Lc 1, 5-22; 67-79), continuemos a confiar na misericórdia de Deus. Ele nunca deixará de nos procurar, até nós redescobrirmos a sua fidelidade e O bendizermos.

«Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor.» (Lc 1, 45)

Nas mesmas colinas da Terra Santa, há relativamente pouco tempo, uma outra mãe profundamente crente ensinava aos seus filhos a arte do perdão e do diálogo, que aprendera na escola do Evangelho. Conta a Margaret: «A nós, filhos, ofendidos por algumas expressões de rejeição por parte de outras crianças do nosso bairro, a mãe disse: “Convidem essas crianças para a nossa casa”. E deu-lhes do pão que tinha acabado de cozer, para que o levassem às suas famílias. A partir daí, construímos relações de amizade com aquelas pessoas» (Cf. Entrevista a M. Karram: Uma nova etapa, por A. Nicosia, Cidade Nova nº 3 (2021), p. 12). Este é um pequeno sinal profético, naquela terra que foi berço da civilização e é ícone do sofrimento da Humanidade, à procura da paz e da fraternidade.

Também Chiara Lubich nos apoia nesta fé corajosa: «Maria, depois de Jesus, é aquela que melhor e mais perfeitamente soube dizer “sim” a Deus. É sobretudo nisto que está a sua santidade e a sua grandeza. Assim, se Jesus é o Verbo, a Palavra que se encarnou, Maria, pela sua fé na Palavra, é a Palavra vivida, mesmo sendo criatura como nós, igual a nós. […] Portanto, com Maria, devemos acreditar que todas as promessas contidas na Palavra de Jesus se vão realizar. Mas, como Maria, quando for preciso, devemos enfrentar o risco do absurdo que, por vezes, a Palavra comporta. Grandes e pequenas coisas, mas sempre maravilhosas, acontecem a quem acredita na Palavra. Poderiam encher-se muitos livros com os factos que o comprovam. […] Quando, na vida de cada dia, na leitura das Sagradas Escrituras, nos encontrarmos com a Palavra de Deus, escutemo-la com o coração aberto, acreditando firmemente que aquilo que Jesus nos pede e promete se irá realizar. Não tardaremos a descobrir […] que Ele mantém as suas promessas» (C. Lubich, Palavra de Vida de agosto de 1999, em Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5) Città Nuova, Roma, 2017, pp 611-612).

«Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor.» (Lc 1, 45)

Neste tempo de preparação para o Natal, recordemos a surpreendente promessa que Jesus fez de estar presente no meio daqueles que acolhem e vivem o mandamento do amor recíproco: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome – isto é, no amor evangélico –, Eu estou no meio deles» (Mt 18, 20).

Confiantes nesta promessa, façamos renascer Jesus, também hoje, nas nossas casas e nos nossos ambientes, através do acolhimento recíproco, da escuta profunda dos outros, do abraço fraterno, como o abraço de Maria a Isabel.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021


Palavra de Vida

Novembro de 2021

Letizia Magri

Felizes os que promovem a paz, porque eles serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9).

O evangelho de Mateus foi escrito por um cristão proveniente do ambiente judaico daquele tempo. É por isso que contém tantas expressões típicas daquela tradição cultural e religiosa.

No capítulo 5, Jesus é apresentado como o novo Moisés, que sobe ao monte para anunciar a essência da Lei de Deus: o mandamento do amor. Para dar solenidade a este ensinamento, o evangelho diz-nos que Ele se sentou, como um mestre.

Não só, Jesus é também a primeira testemunha daquilo que anuncia. Isto torna-se muito evidente quando proclama as Bem-aventuranças, o programa de toda a sua vida. Nelas é revelada a radicalidade do amor cristão, com os seus frutos de bênção e plenitude da alegria. Precisamente, bem-aventuranças. 

Felizes os que promovem a paz, porque eles serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9).

Na Bíblia, a paz – Shalom, em hebraico – indica a condição de harmonia da pessoa consigo mesma, com Deus e com aquilo que a circunda. Ainda hoje se usa essa saudação entre as pessoas, como votos de vida plena. A paz é, acima de tudo, uma dádiva de Deus, mas depende também da nossa adesão.

Entre todas as bem-aventuranças, esta aparece como a mais ativa. Convida-nos a sair da indiferença, para nos tornarmos construtores de concórdia entre nós e à nossa volta, usando a inteligência, o coração e as mãos. Requer o nosso compromisso de cuidar dos outros, de sanar feridas e traumas pessoais e sociais provocados pelo egoísmo que divide, de promover todos os esforços nesta direção.

Como Jesus, o Filho de Deus, que cumpriu a sua missão quando deu a sua vida na cruz, para unir a Humanidade ao Pai e estabelecer a fraternidade sobre esta Terra. Por isso, todo aquele que for um construtor de paz assemelha-se a Jesus e é reconhecido, como Ele, filho de Deus.

Felizes os que promovem a paz, porque eles serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9).

Seguindo os passos de Jesus, também nós podemos transformar cada dia numa “jornada da paz”, pondo fim às pequenas ou grandes guerras que quotidianamente se travam à nossa volta. Para realizar este sonho, é necessário construir redes de amizade e solidariedade, estender as mãos para ajudar, mas também para aceitar a ajuda dos outros.

Como contam a Denise e o Alessandro: «Quando nos conhecemos, sentíamo-nos bem na companhia um do outro. Casámo-nos e no início foi muito bom, também com o nascimento dos filhos. Com o passar do tempo, começaram os altos e baixos. Deixou de haver qualquer tipo de diálogo entre nós. Tudo se tornava motivo para uma contínua discussão. Decidimos permanecer juntos, mas caíamos sempre nos mesmos erros, no rancor e nas discussões. Um dia, um casal amigo fez-nos a proposta de participarmos num percurso de apoio a casais em dificuldade (Cf. 10 anni di “Percorsi di luce”, em https://www.focolare.org/famiglienuove). Encontrámos não só pessoas competentes e preparadas, mas uma “família de famílias”, com quem partilhámos os nossos problemas: já não estávamos sozinhos! Reacendeu-se uma luz, mas foi apenas o primeiro passo: voltando para casa, não foi fácil e ainda agora caímos algumas vezes. O que nos dá força é ajudarmo-nos um ao outro, com o compromisso de recomeçar e de permanecer em contacto com estes novos amigos, para avançarmos juntos».

Felizes os que promovem a paz, porque eles serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9).

A paz, a paz de Jesus, como diz Chiara Lubich «exige de nós coração e olhos novos para ver todos como candidatos à fraternidade universal».

Ela acrescenta: «Podemos questionar-nos: “Também aqueles vizinhos conflituosos? Também os colegas de trabalho que criam obstáculos à minha carreira? Também os que militam noutro partido ou são adeptos de outra equipa de futebol? Também as pessoas de religião ou nacionalidade diferentes da minha?” Sim, todos são meus irmãos e minhas irmãs. A paz começa precisamente aqui, na relação que estabeleço com cada próximo. “O mal nasce no coração do homem – escrevia Igino Giordani – e, para remover o perigo da guerra, é preciso remover o espírito de agressão, de abuso e de egoísmo que originam a guerra: é preciso reconstruir uma consciência” (I. Giordani, L’inutilità della guerra, Città Nuova, Roma 20032, p. 111). O mundo muda se mudarmos nós, […] sobretudo, pondo em evidência aquilo que nos une, poderemos contribuir para a implementação de uma mentalidade de paz e trabalhar juntos para o bem da Humanidade. […] No fim, é o amor que vence, porque é mais forte que tudo o resto. Neste mês, procuremos viver assim, para sermos fermento de uma nova cultura de paz e de justiça. Veremos renascer em nós e à nossa volta uma nova Humanidade» (C. Lubich, Palavra de Vida de Janeiro de 2004, em Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 709-712).


Hoje … comemoramos todos os fiéis defuntos, que "nos precederam com o sinal da fé e dormem o sono da paz" (Oração eucarística, 1). É muito importante que nós cristãos vivamos a relação com os defuntos na verdade da fé, e olhemos para a morte e para o além à luz da Revelação. Já o apóstolo Paulo, escrevendo às primeiras comunidades, exortava os fiéis a "não estar tristes como os outros que não têm esperança". Se de facto escrevia cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, através de Jesus, reunirá com ele todos os que estão mortos (1 Ts 4, 13-14). É necessário também hoje evangelizar a realidade da morte e da vida eterna, realidades particularmente sujeitas a crenças supersticiosas e a sincretismos, para que a verdade cristã não corra o risco de se misturar com mitologias de vários tipos.

…  A fé cristã é também para os homens de hoje uma esperança que transforma e ampara a sua vida (cf. ibid., 10)? E mais radicalmente:  os homens e as mulheres desta nossa época ainda desejam a vida eterna? Ou tornou-se, porventura, a existência terrena o seu único horizonte? Na realidade, como já observava Santo Agostinho, todos queremos a "vida bem-aventurada", a felicidade, queremos ser felizes. Não sabemos bem o que seja e como seja, mas sentimo-nos atraídos por ela. Esta é uma esperança universal, comum aos homens de todos os tempos e lugares. A expressão "vida eterna" pretende dar um nome a esta expectativa insuprimível:  não uma sucessão infinita, mas o imergir-se no oceano do amor infinito, no qual o tempo, o antes e o depois já não existem. Uma plenitude de vida e de alegria:  é isto que esperamos e aguardamos do nosso ser com Cristo (cf. ibid., 12).

Renovamos hoje a esperança da vida eterna fundada realmente na morte e ressurreição de Cristo. "Ressuscitei e agora estou sempre contigo", diz o Senhor, e a minha mão ampara-te. ... Onde mais ninguém te pode acompanhar e para onde nada podes levar, lá eu espero por ti para transformar para ti as trevas em luz. Mas a esperança cristã não é apenas individual, é sempre também esperança para os outros. As nossas existências estão profundamente ligadas umas às outras e o bem e o mal que cada qual pratica atinge sempre também os outros. Assim a oração de uma alma peregrina no mundo pode ajudar outra alma que se está a purificar depois da morte. Eis por que hoje a Igreja nos convida a rezar pelos nossos queridos defuntos e a visitar os seus túmulos nos cemitérios. Maria, estrela da esperança, torne mais forte e autêntica a nossa fé na vida eterna e ampare a nossa oração de sufrágio pelos irmãos defuntos.

Bento XVI, «ANGELUS», 2 de Novembro de 2008

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Bolo de Outono do Prior

Receita inspirada no Bolo de Café da revista Teleculinária, nº1994, Outubro de 2021, pgs 72-73

Ingredientes

220 gr de farinha

170 gr de açúcar mascavado

100 gr de manteiga à temperatura ambiente

6 ovos

2 colheres de sopa de café solúvel em pó

1 colher de sopa de canela

1 colher de sobremesa de fermento em pó

Passas de uva ou frutas cristalizadas ou nozes, a gosto, para a massa

1 cálice de aguardente ou de anis

Manteiga para untar a forma

Farinha para polvilhar a forma

Açúcar de pasteleiro para polvilhar o bolo

Passas de uva ou frutas cristalizadas ou nozes, para decorar o bolo

(conforme a opção para a massa)

Preparação

1. Untar uma forma (de buraco de preferência) com manteiga e polvilhar com a farinha e reservar.

2. Ligar o forno a 180ºc.

3. Colocar as frutas cristalizadas ou as passas de uva (conforme a opção para a massa) de molho com um cálice (de vinho do Porto) de aguardente.

4. Bater o açúcar, o café, a canela e a manteiga (a temperatura ambiente) até obter um creme fofo.

5. Juntar os ovos 1 a 1 e bater bem entre cada adição de ovo.

6. Acrescentar a farinha e o fermento e bater bem até a massa fazer “bufinhas de velha”.

7. Retirar as frutas cristalizadas ou as passas de uva (conforme a opção para a massa) da aguardente/anis deitar na massa e envolver.

Se optar por deitar a aguardente/anis na massa, faça-o antes das frutas cristalizadas ou as passas de uva, bata um pouco a massa e depois coloque as frutas cristalizadas ou as passas de uva e envolva.

Se optar por nozes em vez das frutas cristalizadas ou as passas de uva, parta-as em pedaços (a gosto), coloque na massa e envolva. Pode optar ou não por, previamente às nozes, colocar um cálice de aguardente/anis na massa e bater e só posteriormente colocar as nozes que não necessitam ter estado de molho na aguardente/anis.

Pode optar por não usar a aguardente/anis para demolhar as frutas cristalizadas ou as passas de uva, bem como a aguardente/anis que restou depois de demolhar. É a gosto. Na minha opinião, só tem a ganhar se o fizer.

8. Deitar a massa na forma e levar ao forno pré-aquecido a 180ºc por 35 minutos (aproximadamente).

9. Deixar o bolo arrefecer, desenformar, polvilhar com açúcar de pasteleiro e decorar a gosto com nozes ou frutas cristalizadas ou passas de uva.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

São Francisco de Assis, diácono e Fundador

04 de Outubro

“Como são felizes e abençoados os que amam o Senhor e praticam o que o mesmo Senhor diz no Evangelho: Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, e ao teu próximo como a ti mesmo. Amemos portanto a Deus e adoremo l’O de coração puro e alma simples, porque é isso o que Ele deseja acima de tudo, quando afirma: Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Por conseguinte, todos os que O adoram devem adorá l’O em espírito e verdade. Dia e noite elevemos para Ele os nossos louvores e preces, dizendo: Pai nosso, que estais no Céu, porque é preciso orar sempre e não desfalecer.

Além disso, façamos frutos dignos de penitência. Amemos o próximo como a nós mesmos. Sejamos caridosos e humildes e dêmos esmola, porque a esmola lava as almas da imundície do pecado. Na verdade, os homens perdem tudo o que deixam neste mundo, mas levam consigo o preço da sua caridade e das esmolas que fizeram, e por elas receberão do Senhor recompensa e digna remuneração.

Não devemos ser sábios e prudentes segundo a carne, mas procuremos antes ser simples, humildes e puros. Nunca devemos desejar estar acima dos outros, mas devemos antes ser servos e súbditos de toda a criatura humana por amor de Deus. E sobre todos aqueles que assim procederem e perseverarem até ao fim, repousará o Espírito do Senhor, que neles fará sua habitação e morada, e serão filhos do Pai celeste, cujas obras imitam; eles são esposos, irmãos e mães de Nosso Senhor Jesus Cristo.”

Da Carta de São Francisco de Assis a todos os fiéis

(Opuscula, ed. Quaracchi, 1949, 87-94) (Sec. XIII)

ORAÇÃO

Senhor nosso Deus, que fizestes de São Francisco de Assis, pobre e humilde, uma imagem viva de Jesus Cristo, concedei-nos que, percorrendo os mesmos caminhos, sigamos o vosso Filho e vivamos unidos a Vós na alegria da caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Palavra de Vida

Outubro 2021

Letizia Magri

«Nós sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus». (Rm 8, 28)

A Palavra que queremos viver este mês é tirada da carta do apóstolo Paulo aos Romanos. É um texto longo e cheio de reflexões e ensinamentos. Foi escrito antes da sua viagem para Roma, em preparação da visita àquela comunidade que Paulo ainda não conhecia pessoalmente.

O capítulo oitavo, de modo particular, põe em evidência a vida nova segundo o Espírito e a promessa da vida eterna para os indivíduos, os povos e todo o universo.

«Nós sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus». (Rm 8, 28)

Cada palavra desta frase é densa de significado.

Paulo proclama, acima de tudo, que, como cristãos, conhecemos o amor de Deus e estamos conscientes que cada experiência humana faz parte do grande projeto de salvação que Deus tem para nós.

Tudo – diz Paulo – concorre para a realização desse projeto: os sofrimentos, as perseguições, os fracassos e fragilidades pessoais, mas sobretudo a ação do Espírito de Deus no coração das pessoas que o acolhem.

O Espírito recolhe e faz seus os gemidos da humanidade e da Criação (Cf. Rm 8, 22-27), e esta é a garantia da realização do projeto de Deus. 

Da nossa parte, é preciso responder ativamente a este amor com o nosso amor, confiando-nos ao Pai em todas as necessidades e dando testemunho da esperança nos novos Céus e na nova Terra (Cf. Ap 21,1) que Ele prepara para aqueles que colocam n’Ele a sua confiança.

«Nós sabemos que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus». (Rm 8, 28)

Como acolher, então, na nossa vida pessoal, quotidiana, esta proposta tão forte?

Chiara Lubich sugere-nos: “Antes de tudo, nunca nos devemos deter na aparência puramente exterior, material, profana das coisas, mas acreditar que cada acontecimento é uma mensagem de Deus para nos exprimir o seu amor. Veremos, então, como a vida – que nos pode parecer semelhante a um tecido visto à lupa, do qual vemos apenas uns nós e fios confusamente entrelaçados – é uma realidade bem diferente: é o desígnio maravilhoso que o amor de Deus vai tecendo, com base na nossa fé. Em segundo lugar, devemos, em cada momento, entregar-nos de forma total e confiante a este amor, tanto nas pequenas como nas grandes coisas. Melhor ainda: se soubermos entregar-nos ao amor de Deus nas circunstâncias comuns da vida, Ele dar-nos-á as forças necessárias para confiarmos n’Ele também nos momentos mais difíceis, como podem ser uma grande provação, uma doença ou o próprio momento da nossa morte. Experimentemos, então, viver desta forma. Não por interesse – isto é, para que Deus nos manifeste os seus planos e nos console – mas unicamente por amor. Vivendo assim, veremos como esta entrega confiante é fonte de luz e de paz infinita, para nós e para muitos outros” (C. Lubich, Palavra de Vida de agosto de 1984, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, p. 299).

Confiar-se a Deus nas escolhas difíceis, como no caso que nos contou a O. L. da Guatemala: «Trabalhava como cozinheira num lar. Passando pelo corredor, ouvi uma velhinha a pedir água. Arriscando infringir as normas que me proibiam de sair da cozinha, levei-lhe com afeto um copo de água. Os olhos daquela idosa iluminaram-se. Depois de ter bebido metade do copo, apertou-me a mão: “Fica comigo dez minutos”. Expliquei-lhe que não devia, que arriscava ser despedida. Mas aquele olhar… Fiquei. Ela pediu-me para rezar com ela: “Pai nosso…”. E, por fim: “Canta alguma coisa, por favor”. Veio-me ao pensamento: “Não levaremos nada connosco, somente o amor…”. Os outros utentes olhavam para nós. A senhora estava feliz e disse-me: “Deus te abençoe, minha filha”. Pouco depois apagou-se. De qualquer forma, fui despedida por ter saído da cozinha. A minha família está longe e até precisa do meu apoio, mas eu estou em paz e feliz: respondi a Deus e aquela senhora não fez sozinha a passagem mais importante da sua vida».

Hermano Daniel | Frutos de Medjugorje - Capítulo 2

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Palavra de Vida

Setembro de 2021

Letizia Magri

«Quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos». (Mc 9,35)

Enquanto seguiam com Jesus a caminho de Cafarnaum, os discípulos discutiam entre si animadamente. Mas quando Jesus lhes perguntou o motivo da discussão, não tiveram coragem de responder, talvez por vergonha: na verdade, discutiam sobre quem seria o maior entre eles.

Por várias vezes Jesus tinha falado do seu misterioso encontro com o sofrimento, mas para Pedro e para os outros era um tema demasiado difícil de compreender e de aceitar. De facto, só depois da experiência da morte e ressurreição de Jesus é que iriam descobrir realmente quem Ele é: o Filho de Deus que dá a vida por amor.

Por isso, para os ajudar a serem realmente seus discípulos, Jesus senta-se, chama-os para junto de si e revela-lhes a essência do “primado evangélico”:

«Quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos». (Mc 9,35)

Apesar das fragilidades e dos medos dos discípulos, Jesus confia neles e chama-os a segui-Lo para partilhar a sua missão: servir a todos. É o que sublinha o apóstolo Paulo na sua exortação aos cristãos de Filipos: «Não façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós mesmos, sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros. Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus» (Fil 2, 3-5). Servir, não como um escravo que faz o seu trabalho porque é obrigado, mas como uma pessoa livre que oferece generosamente as suas capacidades e as suas forças, que se prodiga não apenas por um grupo, por uma parte, mas por todos aqueles que necessitam da sua ajuda, sem exceções e sem preconceitos.

É um chamamento também para nós, hoje, a ter mente e coração abertos para reconhecer as necessidades dos outros e deles cuidar, a ser ativos na construção de relacionamentos autenticamente humanos, a fazer frutificar os nossos talentos para o bem comum, recomeçando todos os dias, apesar dos nossos fracassos. É o convite a colocarmo-nos no último lugar, para impulsionar todos para o único futuro possível: a fraternidade universal.

«Quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos». (Mc 9,35)

Chiara Lubich, comentando esta palavra de Jesus, sugeriu como fazer para a tornar vida concreta: «Escolher, com Jesus, o último lugar nas inúmeras ocasiões que nos proporciona a vida do dia a dia. Foi-nos atribuído um cargo de um certo relevo? Não nos sintamos “alguém”, não demos espaço à soberba e ao orgulho. Recordemos que o mais importante é amar o próximo. Aproveitemos o novo cargo para servir melhor o próximo, sem descurar aquilo que poderiam parecer só meros detalhes: os relacionamentos pessoais, os humildes deveres quotidianos, a ajuda aos pais, a paz e a harmonia na família, a educação das crianças… Sim, aconteça o que acontecer, lembremo-nos que cristianismo significa amar, e amar de preferência os últimos. Se assim vivermos, a nossa vida será um contínuo edificar o Reino de Deus na Terra e, a quem o fizer, Jesus prometeu tudo o resto por acréscimo: saúde, bens, abundância de tudo… para o distribuir pelos outros e tornar-se, assim, os braços da Providência de Deus para muitos» (C. Lubich, Palavra de Vida de setembro de 1985, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, p. 334).

«Quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos». (Mc 9,35)

O cuidado da casa comum é um serviço ao bem comum particularmente atual, que podemos partilhar com muitas pessoas no mundo. Desde há anos que é um tema forte no comum testemunho cristão. Recordemos em especial que, para um número cada vez maior de Igrejas, também este ano o mês de setembro inicia com a celebração do Dia da Criação, a qual se prolonga até ao dia 4 de outubro com o Tempo da Criação.

A Comunidade de Taizé, para uma destas ocasiões, propôs esta oração: «Deus de Amor, estando nós na Tua presença, torna-nos capazes de compreender a infinita beleza daquilo que criaste, de tudo o que vem de Ti, da tua inesgotável compaixão. Aumenta a nossa atenção pelos outros e por toda a Criação. Ensina-nos a descobrir o valor de tudo e torna-nos portadores de paz à família humana» (Cf. https://www.taize.fr/it_article24642.html).

domingo, 1 de agosto de 2021

Palavra de Vida

Agosto 2021

Letizia Magri

“Quem for humilde como esta criança, será o maior no reino dos Céus”. (Mt 18, 4)

Quem é o maior, o mais forte, o mais bem-sucedido na sociedade, na Igreja, na política, nos negócios?

Esta pergunta está presente nos relacionamentos, orienta as escolhas, determina as estratégias. É a lógica dominante a que recorremos, até inadvertidamente, talvez com o desejo de garantir resultados positivos e eficientes com quem está à nossa volta.

Neste ponto, o Evangelho de Mateus apresenta-nos os discípulos de Jesus que, depois de terem ouvido o anúncio do Reino dos Céus, pretendem conhecer os requisitos para serem protagonistas no novo povo de Deus: «Quem é o maior?».

Como resposta, Jesus faz um dos seus gestos imprevisíveis: coloca uma criança no centro da pequena multidão, acompanhando este gesto com as inequívocas palavras:

“Quem for humilde como esta criança, será o maior no reino dos Céus”. (Mt 18, 4)

À mentalidade competitiva e autossuficiente, Jesus contrapõe o elemento mais frágil da sociedade, aquele que não tem funções a ostentar ou a defender; aquele que em tudo é dependente e, espontaneamente, se confia à ajuda dos outros. Não se trata, porém, de aceitar uma atitude passiva, de renunciar a ser propositivos e responsáveis, mas sim de proceder a um ato de vontade e de liberdade. De facto, Jesus pede que nos façamos pequenos, pede a intenção e o compromisso de fazermos uma decidida inversão de marcha.

“Quem for humilde como esta criança, será o maior no reino dos Céus”. (Mt 18, 4)

Chiara Lubich aprofundou as características da criança evangélica do seguinte modo: «[…] a criança abandona-se confiadamente ao pai e à mãe: acredita no amor que eles lhe têm. […] O cristão autêntico, como a criança, acredita no amor de Deus, lança-se nos braços do Pai celeste, tem uma confiança ilimitada n’Ele. […] As crianças dependem em tudo dos seus pais […]. Também nós, “crianças evangélicas”, dependemos em tudo do Pai: […] Ele sabe aquilo de que precisamos, ainda antes de Lho pedirmos, e concede-nos. O próprio reino de Deus não se conquista, acolhe-se como uma oferta, das mãos do Pai».

Chiara sublinha ainda que a criança se entrega totalmente ao pai e aprende tudo com ele. Do mesmo modo: «A “criança evangélica” coloca tudo na misericórdia de Deus e, esquecendo-se do passado, começa em cada dia uma vida nova, disponível às sugestões do Espírito, sempre criativo. A criança não sabe aprender sozinha a falar, precisa de quem lhe ensine. O discípulo de Jesus […] aprende tudo da Palavra de Deus, até chegar a falar e a viver segundo o Evangelho». A criança tende a imitar o seu pai. «Também a “criança evangélica” […] ama a todos, porque o Pai “faz nascer o Seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos”; toma a iniciativa no amor, porque Ele nos amou quando nós eramos ainda pecadores; ama gratuitamente, sem interesse, porque assim faz o Pai celeste» (C. Lubich, Palavra de Vida de outubro de 2003, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 700-703).

“Quem for humilde como esta criança, será o maior no reino dos Céus”. (Mt 18, 4)

Na Colômbia, o Vicente e a sua família atravessaram a provação da pandemia, num regime muito apertado de quarentena. Ele contou-nos: «Quando começou o recolher obrigatório, a vida quotidiana mudou repentinamente. A minha mulher e os dois filhos mais velhos tinham que preparar alguns exames universitários; o mais pequeno não conseguia habituar-se ao estudo online. Em casa ninguém tinha tempo para se ocupar dos outros. Olhando para este caos, em risco de explosão, compreendi que era uma oportunidade para encarnar a arte de amar, na nossa “nova vida” do Evangelho vivido. Lancei-me a arrumar a cozinha, a preparar os alimentos e a organizar as refeições. Não sou um cozinheiro experiente, nem perfeito nas limpezas, mas compreendi que isto ajudaria a reduzir a ansiedade quotidiana. Aquilo que tinha começado como um ato de amor por um dia, multiplicou-se por vários meses. Tendo concluído as suas tarefas, também os outros membros da família começaram a ocupar-se das limpezas, da arrumação da roupa ou da casa. Juntos constatámos que as palavras do Evangelho são verdadeiras e que o amor criativo sugere como colocar tudo o resto em ordem».

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Palavra de Vida

Julho 2021

Letizia Magri

Tem confiança, minha filha, a tua fé te salvou. (Mt 9,22)

Jesus ia a caminho, circundado pela multidão. Um pai desesperado implora-lhe que vá socorrer a sua filha que está a morrer. Enquanto para lá se dirige, dá-se um outro encontro: uma mulher, que há muitos anos sofria de perdas de sangue, abre caminho por entre as pessoas. A sua condição física tinha consequências tão graves que a obrigavam até a limitar os relacionamentos familiares e sociais. A mulher não chama por Jesus, não fala, mas aproxima-se por trás e ousa tocar na orla do seu manto. Tem uma forte convicção: “Se eu, ao menos, conseguir tocar no seu manto, ficarei curada deste sofrimento que me atormenta”.

Nesse momento, Jesus, voltando-se e olhando para ela, assegura-lhe que a sua fé obteve a salvação. Não apenas a saúde física mas, através do olhar de Jesus, o encontro com o amor de Deus.

Tem confiança, minha filha, a tua fé te salvou. (Mt 9,22)

Este episódio do Evangelho de Mateus abre também para nós perspetivas inesperadas: Deus vem sempre ao nosso encontro, mas espera também a nossa iniciativa para não perdermos o encontro com Ele. O nosso percurso de fé, embora acidentado e marcado por erros, fragilidades e deceções, tem um valor muito grande. Ele é o Senhor daquela Vida verdadeira que quer derramar sobre todos nós, seus filhos e filhas, revestidos de uma dignidade que nenhuma circunstância pode suprimir. Hoje, por isso, Jesus diz-nos também a nós:

Tem confiança, minha filha, a tua fé te salvou. (Mt 9,22)

Para vivermos esta Palavra, pode ajudar-nos o que Chiara Lubich escreveu, meditando precisamente sobre esta passagem evangélica: «Pela fé, o homem mostra claramente que não se apoia em si mesmo, mas que se confia a Alguém mais forte do que ele. […] Jesus chama à mulher curada “Filha”, para lhe revelar aquilo que deseja realmente dar-lhe: não só um dom para o seu corpo, mas a vida divina que a pode renovar inteiramente. Com efeito, Jesus realiza os milagres para que seja acolhida a salvação de que é portador, o perdão, o dom do Pai que é Ele mesmo e que, comunicando-se ao homem, o transforma. […] Como viver, então, esta Palavra? Demonstrando a Deus, nas necessidades graves, toda a nossa confiança. Esta atitude não nos isenta das nossas responsabilidades, não nos dispensa de fazer toda a nossa parte. […] Pode acontecer que a nossa fé seja posta à prova. É o que verificamos nesta mulher que sofre, mas que consegue ultrapassar o obstáculo da multidão que a separa do Mestre. […] Devemos, portanto, ter fé. Mas aquela fé que não vacila diante da provação. Devemos também mostrar a Jesus que compreendemos o imenso tesouro que Ele nos trouxe, o dom da vida divina, estando-Lhe gratos e correspondendo a esse dom» (C. Lubich, Palavra de Vida de julho de 1997, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 583-585).

Tem confiança, minha filha, a tua fé te salvou. (Mt 9,22)

Esta certeza permite-nos também ser portadores de salvação, “tocando” com ternura quem está, por sua vez, em sofrimento, em necessidade, na escuridão, sem rumo.

Assim aconteceu com uma mãe da Venezuela, que encontrou a coragem de perdoar: «Numa desesperada procura de ajuda, participei num encontro sobre o Evangelho, onde ouvi comentar as frases de Jesus: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Cf. Mt 5,9) e “Amai os vossos inimigos” (Cf. Lc 6,35). Como podia eu perdoar a quem tinha assassinado o meu filho? Entretanto, a semente tinha entrado em mim e, finalmente, prevaleceu a decisão de perdoar. Agora posso chamar-me de verdade: “filha de Deus”.

Recentemente fui chamada para encontrar o assassino do meu filho, que tinha sido preso. Foi muito difícil, mas interveio a graça. No meu coração não havia ódio nem rancor, mas apenas uma grande compaixão e a intenção de o confiar à misericórdia de Deus».

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Assassino que encontrou a misericórdia de Deus na prisão segue rumo à beatificação

Jacques Fesch foi um francês condenado à morte por homicídio. Na prisão, encontrou-se com a misericórdia divina, converteu-se e se entregou nas mãos de Deus. Foi guilhotinado em 1957 e, agora, está a caminho de ser beatificado.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Palavra Vida

Junho 2021

Letizia Magri

«Nem todo aquele que Me diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.» (Mt 7, 21)

Esta frase do evangelho de Mateus faz parte da conclusão do grande Sermão da Montanha, em que Jesus, depois de ter proclamado as bem-aventuranças, convida os seus ouvintes a reconhecerem a proximidade amorosa de Deus e indica o modo para agir consequentemente: descobrir na vontade de Deus a via direta para alcançar a plena comunhão com Ele, no seu Reino.

«Nem todo aquele que Me diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.» (Mt 7, 21)

Mas o que é a vontade de Deus? Como podemos conhecê-la? Chiara Lubich partilhou a sua descoberta do seguinte modo: «[…] A vontade de Deus é a voz de Deus que nos fala e continuamente nos interpela; é um fio, ou melhor uma filigrana de ouro divina que tece toda a nossa vida sobre a terra e no além; é o modo de Deus nos manifestar o Seu amor, amor que pede uma resposta, para que Ele possa realizar na nossa vida as Suas maravilhas. A vontade de Deus é o nosso dever ser, a nossa realização plena. […] Então, em cada momento, diante de cada vontade de Deus dolorosa, alegre, indiferente, repitamos: “Seja feita”. […] Descobriremos que estas duas simples palavras serão um forte impulso, como um trampolim, para fazer com amor, com perfeição, com total dedicação aquilo que devemos fazer. […] E comporemos, momento após momento, o maravilhoso, único e irrepetível mosaico da nossa vida que o Senhor desde sempre pensou para cada um de nós: Ele, Deus, o único a quem se atribuem as coisas belas, grandes, infinitas, nas quais também cada partícula, como um ato de amor, tem sentido e resplandece, tal como as minúsculas e multicoloridas flores têm sentido na incomensurável beleza da natureza» (C. Lubich, Conversação telefónica de 27 de fevereiro de 1992, in Conversazio[1]ni in collegamento telefonico, a/c M. Vandeleene (Opere di Chiara Lubich 8/1), Città Nuova, Roma 2019, pp. 446-448).

«Nem todo aquele que Me diz “Senhor, Senhor” entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.» (Mt 7, 21)

Segundo o evangelho de Mateus, a Lei por excelência do cristão consiste na misericórdia, que leva à plenitude as expressões de culto e de amor pelo Senhor. Esta Palavra ajuda-nos a abrir a nossa relação com Deus, sem dúvida pessoal e íntima, à dimensão da fraternidade, através de gestos concretos. Impele-nos a “sair” de nós mesmos para levarmos reconciliação e esperança aos outros. Um grupo de adolescentes de Heidelberg (Alemanha) dá-nos este testemunho: «Como levar os nossos amigos a experimentar que a chave da felicidade se encontra na doação aos outros? Foi daqui que partimos para lançar a nossa iniciativa intitulada: ‘Uma hora de felicidade’. A ideia é muito simples: consiste em dar felicidade a outra pessoa, pelo menos, durante uma hora por mês. Começámos por aqueles que nos pareciam mais necessitados de amor. Por todo o lado, onde oferecemos a nossa disponibilidade, vimos as portas abrirem-se! Assim, encontrámo-nos no parque para levar a passear algumas pessoas idosas em cadeiras de rodas; no hospital, onde brincámos com as crianças internadas ou praticámos desporto com portadores de deficiência. Eles ficavam muito felizes, mas como garante a nossa iniciativa, nós ainda mais! E os amigos que tínhamos convidado a participar? Primeiro estavam curiosos, agora que experimentaram dar felicidade, estão de acordo connosco: a felicidade, quando se dá, de certeza que também se experimenta!».

sexta-feira, 26 de março de 2021

PUDIM DE PÃO 

da Amélia Bia

Ingredientes:

2 carcaças (aprox. 150g)

500ml de leite

250gr de açúcar

1 colher de sopa de manteiga

4 ovos inteiros

Paus de canela a gosto

Casca de limão

1 cálice de Vinho doce ou aguardente ou whisky

Raspa de laranja

Preparação:

Desfaça as carcaças em pedaços e coloque-as num recipiente.

Num tacho leve o leite com a casca de limão e paus de canela ao lume e quando começar a ferver, apague.

Tire a casca de limão e os paus de canela e deite o leite sobre o pão.

Deixe arrefecer um pouco e triture tudo com a varinha mágica até ficar um género de papa.

Junte 1 cálice de Vinho doce ou aguardente ou whisky, a manteiga derretida, o açúcar e os ovos.

Mexa bem o preparado (pode utilizar uma vara de arames).

Deite o preparado dentro de uma forma untada com caramelo e leve ao forno para cozer em banho-maria aproximadamente 45 minutos. No entanto, se após esse tempo o pudim ainda não estiver sólido, deixe-o mais um pouco no forno até ficar (vá verificando com um palito).

Deixe arrefecer e desenforme.

quarta-feira, 24 de março de 2021

ORAÇÃO

que terá sido rezada pela Rainha Santa Isabel em Portugal no século XIV, no tempo em que na Europa se vivia o flagelo da peste negra.

Estrela do céu,

que amamentou o Senhor,

derrotou a praga mortal plantada

pelo primeiro pai dos homens.

Que esta estrela se digne agora

reter os corpos celestes

cujas batalhas afligem o povo

pelas cruéis feridas da morte.

Ó mais piedosa estrela do mar,

salve-nos da epidemia.

Ouça-nos, Nossa Senhora,

porque o vosso filho que vos honra

não vos pode recusar nada.

Salve-nos, ó Jesus,

por quem a Virgem Mãe vos reza.

Rogai por nós, piedosa Mãe de Deus.

Vós que quebrastes a cabeça da serpente, socorrei-nos.