Palavra de VidaJunho de 2022
Letizia Magri
“Tu és o meu Senhor. Não
tenho outro bem acima de ti!” (Sal 16 [15],2)
A Palavra de Vida deste mês é
retirada do livro dos Salmos, que reúne as orações por excelência, inspiradas
por Deus ao rei David e a outros orantes, para ensinar como nos podemos dirigir
a Ele. Com os Salmos, todos nos podemos identificar: tocam-se as cordas mais
íntimas da alma. Exprimem-se os sentimentos humanos mais profundos e intensos: a
dúvida e o sofrimento, a ira e a angústia, o desespero, a esperança, o louvor,
a ação de graças, a alegria. Por isso, eles podem ser pronunciados por homens e
mulheres de todos os tempos e culturas, em todos os momentos da vida.
“Tu és o meu Senhor. Não
tenho outro bem acima de ti!” (Sal 16 [15],2)
O Salmo 16 era o preferido de
muitos autores espirituais. Por exemplo, Santa Teresa de Ávila comentava: “A
quem tem Deus, nada lhe falta. Só Deus basta!”. O Padre Antonios Fikri, teólogo
da Igreja Ortodoxa, afirmava: “Este é o
salmo da ressurreição. Por isso, a Igreja o reza nas primeiras horas […], tal
como Cristo ressuscitou na aurora. Este salmo dá-nos esperança na nossa herança
eterna. Por isso, houve quem o intitulasse “dourado”, para dizer que é uma
palavra de ouro, uma joia da Sagrada Escritura”.
Procuremos repeti-lo, pensando em
cada palavra.
“Tu és o meu Senhor. Não
tenho outro bem acima de ti!” (Sal 16 [15],2)
Esta oração envolve-nos, sentimos
que a presença ativa e amorosa de Deus abarca todo o nosso ser e toda a
Criação. Percebemos que Ele contém o nosso passado, o nosso presente, o nosso
futuro. Nele encontramos a força para enfrentar com confiança os sofrimentos
que encontramos no nosso caminho e a serenidade para levantar o olhar para além
das sombras da vida, para a esperança.
Como poderemos então viver a
Palavra de Vida deste mês? Esta foi a experiência da C.D.: «Há algum tempo comecei a não me sentir muito bem. Por isso, recorri a
várias consultas médicas que implicavam longos tempos de espera. Finalmente,
quando soube qual era a minha doença, a de Parkinson… foi um golpe muito duro!
Tinha 58 anos. Como era possível? Perguntava a mim próprio: “Porquê?”. Sou
professora de Motricidade e Ciências do Desporto, a atividade física faz parte
de mim!
Parecia-me
que estava a perder algo muito importante. Mas pensei na escolha que eu tinha
feito quando era jovem: “És tu, Jesus Abandonado, o meu único bem!”.
Devido
à medicação comecei logo a ficar melhor, mas não sei ao certo o que me irá
acontecer. Tomei a decisão de viver o momento presente. Espontaneamente, depois
do diagnóstico, comecei a escrever uma canção, para cantar a Deus o meu SIM: a
alma encheu-se de paz!».
A frase deste salmo também ecoou
de modo particular na alma de Chiara Lubich,
que escreveu: «Estas simples
palavras irão ajudar-nos a confiar Nele, irão treinar-nos a conviver com o Amor
e, assim, cada vez mais unidos a Deus e cheios Dele, colocaremos e renovaremos
os alicerces do nosso verdadeiro ser, feito à Sua imagem» (C.
Lubich, Palavra de vida de julho de 2001, in Parole di Vita, a/c Fabio
Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5); Città Nuova, Roma 2017, p. 643).
Eis-nos então, neste mês de
junho, unidos para elevar a Deus esta “declaração de amor” a Ele e para
irradiar paz e serenidade à nossa volta.