sábado, 27 de fevereiro de 2021

Il Monte Tabor e la Festa della Trasfigurazione

TABOR: IL MONTE DELLA TRASFIGURAZIONE

11º POSTAL DA QUARESMA 2021

Mensagem para a Quaresma de 2021 do Papa Francisco

“Que este apelo a viver a Quaresma

como percurso de conversão,

oração e partilha dos nossos bens,

nos ajude a repassar,

na nossa memória comunitária e pessoal,

a fé que vem de Cristo vivo,

a esperança animada pelo sopro do Espírito

e o amor

cuja fonte inexaurível

é o coração misericordioso do Pai.”

Papa Francisco

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

 3º POSTAL DA QUARESMA 2021



Venerável Romano Bottegal,

sacerdote trapista Eremita

Romano Bottegal (1921-1978), sacerdote italiano da Ordem Cisterciense de Estricta Observância (Trapistas), declarado venerável em 9 de Dezembro de 2013.

Nasceu na Itália em 1921 na província de Belluno, entrou na abadia cisterciense de Tre Fontane (Três Fontes) em Roma no ano de 1946 e emitiu os votos solenes em 1951.

Em 1964, com uma autorização especial por 3 anos, começou a sua vida de eremita no Líbano no momento da beatificação de São Charbel Makhlouf (monge eremita libanês). Em 1967, é autorizado a dedicar-se definitivamente à vida de eremítica.

Acredita que o melhor apostolado é uma vida de pobreza, oração e trabalho.

De 1969 a 1973 viveu em Israel e Líbano. Em 1976, começou uma vida de reclusão.

Doente de tuberculose e exausto pelas penitências, morreu em Beirute em 19 de Fevereiro de 1978 e foi enterrado na catedral de Saintes-Barbe-et-Thécle em Baalbeck.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

2º POSTAL DA QUARESMA 2021

oração para a Quaresma de Stº Efrém «O Sírio»

Concedei-nos de ver os nossos pecados,

Senhor das nossas vidas,

afastai de nós

o espírito do ócio, da tristeza, do domínio e da palavra vã.

(Prostramo-nos)

Concedei aos Vossos servos

o espírito de castidade, de humildade, de perseverança e caridade, 

pois nunca é suficiente.

(Prostramo-nos)

Sim, nosso Senhor e nosso Rei

concedei-nos de ver os nossos pecados

e de não julgar os irmãos

pois Vós Sois bendito

pelos séculos dos séculos.

Ámen.

(Prostramo-nos e inclinamo-nos até ao chão e dizemos três vezes)

Deus, tende piedade de mim, que sou pecador.

Deus, purificai-me pois sou pecador.

Deus, meu Criador, salvai-me.

Perdoai, Senhor, os meus numerosos pecados!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

1º POSTAL DA QUARESMA 2021

Mensagem para a Quaresma de 2021 do Papa Francisco

“O jejum, a oração e a esmola – tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa.”

Papa Francisco

MENSAGEM PARA A QUARESMA 2021

Como ser discípulo Missionário da Esperança em tempo de Pandemia?

Estimados Sacerdotes, caros Diáconos, Dilectos Consagrados, Amados Irmãos e Irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Saúdo-vos com fraternal apreço, na esperança de que vos sintais iluminados e alimentados pela Palavra do Senhor e fortalecidos pelo Espírito Santo que no íntimo do vosso coração vos orienta e ensina todas as coisas necessárias para a vossa santificação pela fidelidade batismal, e para vossa liberdade interior de Filhos de Deus; e por isso vencedores do Pecado e testemunhas do Amor de Deus expresso na Sua Misericórdia, e por nós vivido no mandamento Novo do Amor Cristão.

1 - Certamente viveremos esta Quaresma de uma forma muito diferente, devido ao confinamento exigido pela dolorosa e inesperada evolução pandémica no mundo e muito concretamente no nosso País, onde experimentamos momentos de assinalável aflição e continuamos a viver preocupantes apreensões face às necessárias alterações de vida, dita normal, e às múltiplas consequências destes confinamentos, na vida económica e social, e com consequências diversas nas comunidades, sem esquecer as sequelas psicossociais e as consequências sentidas pelas novas gerações face às diversas vicissitudes que atravessa a Escola e todo o ensino, bem como as marcas sentidas na Saúde das populações, em diversos casos em que deixaram de ser acompanhadas ou sequer atendidas.

Seja-me permitido a todos lembrar, que parece ser decisivamente importante para o sucesso do desconfinamento, o simultâneo êxito da campanha nacional de vacinação que deve merecer de todos nós um compromisso de cidadania consciente, responsável e solidário com os mais débeis e em situação urgente, bem como os seus cuidadores. Tudo indica que com o êxito da vacinação beneficiaremos do tão desejável desconfinamento progressivo, atento e prudente da sociedade.

Importa recordar que o nosso compromisso cristão tem consequências no exercício da nossa cidadania e do testemunho autêntico de caridade. A este propósito lembro a Palavra do Papa Francisco, na sua mensagem para a Quaresma de 2021, intitulada “Quaresma, tempo de renovar a fé, a esperança e a caridade”: «A caridade alegra-se ao ver o outro crescer; e de igual modo sofre quando o encontra na angústia: sozinho, doente, sem abrigo, desprezado, necessitado... A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos, gerando o vínculo da partilha e da comunhão. (...) A caridade é dom que dá sentido à nossa vida e graças ao qual consideramos quem se encontra na privação como membro da nossa própria família, um amigo, um irmão. O pouco, se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade. Aconteceu assim com a farinha e o azeite da viúva de Sarepta, que oferece ao profeta Elias o bocado de pão que tinha (cf. 1 Rs 17, 7-16), e com os pães que Jesus abençoa, parte e dá aos discípulos para que os distribuam à multidão (cf. Mc 6, 30-44). O mesmo sucede com a nossa partilha, seja ela pequena ou grande, oferecida com alegria e simplicidade».

2 - A Quaresma não pode ser um resto arqueológico de práticas ascéticas de outras épocas, mas “Tempo Favorável”, Kairós, na qual podemos fazer a experiência, pela participação, do Mistério Pascal de Cristo, tornando-se pela Fé, nosso contemporâneo. Assim nos lembra o Apóstolo das Gentes: «Ora se somos filhos de Deus, somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, pressupondo que com Ele sofremos para também com Ele sermos glorificados». (Rom 2, 17)

A Quaresma é o “Tempo Favorável”, no qual, Cristo purifica a Igreja, Sua esposa: “Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a igreja e se entregou por ela para a santificar, purificando-a, no banho da água, pela palavra. Ele quis apresentá-la esplêndida, como Igreja sem mancha, nem ruga, nem coisa alguma semelhante, mas santa e imaculada” (Ef. 5, 25-27). Deste modo, a Quaresma e o seu carácter sacramental, é-nos proposta não tanto com a acentuação nas práticas ascéticas, mas na valorização da acção purificadora e santificadora do Senhor. As acções penitenciais são sinal da nossa participação no mistério de Cristo que por nós se fez penitente e jejuou no deserto. É o Senhor que dá eficácia aos gestos penitenciais dos seus fiéis; por Ele, tais penitências adquirem o valor de acções litúrgicas, ou seja, acções de Cristo e da Sua Igreja.

Pela História da Igreja, sabemos que a Quaresma surge unida à vivência batismal, sobre a qual se fundamenta o seu carácter penitencial de conversão. A Igreja é uma comunidade pascal porque é batismal. Isto percebe-se, não só porque se entra na Igreja pelo batismo, mas também porque a Igreja é chamada a uma contínua vida de conversão, exprimindo assim a sua fidelidade ao próprio Sacramento que a gera. É daqui que nos encontramos com o carácter eclesial da Quaresma. Eis, pois, o tempo da grande convocatória de todo o Povo de Deus para que se deixe purificar e salvar por aquele que é o seu Senhor e Salvador.

Todos recordamos com a reforma litúrgica do Vaticano II que a Quaresma é uma caminhada eclesial de Quarenta Dias, a iniciar em Quarta-feira de Cinzas e a encerrar-se no Domingo de Ramos da Paixão do Senhor; assim se conclui a Quaresma e inicia a Semana Santa. A Quaresma é um Tempo Forte que nos prepara para a celebração da Festa Maior do Cristianismo, a Páscoa, e que esta preparação nos convida à penitência, através da contrição dos pecados cometidos, com decisão de conversão e emenda de vida, testemunhando a verdade desta metanoia com obras de autêntica caridade, através de gestos de partilha fraterna e solidária com os irmãos mais necessitados de obras de misericórdia corporais e espirituais. Assim a penitência não é assumida só de modo intimista e individual, mas sobretudo de modo testemunhal e eclesial. Deste modo, a Penitência Quaresmal manifesta o nosso arrependimento pelo pecado, enquanto ofensa a Deus, e com consequências sociais que tentamos reparar pelos nossos actos de caridade e com a participação da Igreja através da sua contínua oração pelos pecadores.

3. Os meios sugeridos pela Igreja para a prática Quaresmal são a escuta mais frequente da Palavra de Deus, a oração mais intensa e prolongada, a prática do jejum e das obras de caridade (Vat. II S.C. 109-110). Para apoiar os Cristãos nesta vivência e tendo em conta o contexto atípico de Pandemia, proponho cinco propostas que poderão proporcionar algum conforto e ajuda espiritual:

- Catequeses Quaresmais, que abordarão o tema do nosso Ano Pastoral “Discipulos Missionários da Esperança pelo Acolhimento e pela Procura”, que serão seis catequeses por mim apresentadas, desde Quarta-feira de Cinzas até à Quarta-feira da Semana Santa, na qual meditaremos a perícope «Vinde a Mim Vós que andais sobrecarregados e eu vos aliviarei» (Mt. 11, 28). Estas catequeses serão transmitidas às 19,15 horas nos canais digitais da Arquidiocese (Página. Youtube, e Facebook) e também no canal televisivo Canção Nova. (A Catequese de Quarta-feira de Cinzas dia 17 de fevereiro, por ser só de carácter introdutório, será apenas transmitida através dos canais digitais da Arquidiocese).

- Domingo em família: com a finalidade de acompanhar as famílias, neste contexto de confinamento, os Departamentos Diocesanos da Pastoral Litúrgica e da Educação da Fé dos Adultos e do Apostolado dos Leigos prepararam, para cada Domingo um subsídio que leva a cada família que o deseje, o apoio espiritual e a solicitude pastoral, a transmitir todos os Domingos na página digital e no Facebook da Arquidiocese.

- Renúncia quaresmal: seguindo um apelo da Caritas Portuguesa, dirigida ao Sr. Presidente da Conferência Episcopal, «este será o segundo ano consecutivo em que a rede nacional Caritas se verá privada de realizar o peditório público na rua. Se os recursos diminuíram por via dos constrangimentos que a pandemia nos colocou, esta mesma pandemia trouxe um número acrescido de solicitações a que, em conjunto, temos procurado dar resposta». Assim, apelo a todos os diocesanos que juntos ofereçamos a nossa Renúncia Quaresmal a favor da nossa Caritas Diocesana, a quem confio, como nos anos anteriores, a concretização desta recolha, indicando com criatividade e precisão os modos como todos poderemos participar neste gesto solidário tão urgente, e a que o Papa Francisco também alude na sua mensagem: “Viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid-19. Neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, lembrando-nos da palavra que Deus dera ao seu Servo – «não temas, porque Eu te resgatei» (Is 43, 1).

- Quaresma da Morte à Ressurreição: conferência proferida pelo Padre Carlos Carneiro SJ, dia 27 de fevereiro pelas 21,30 horas, uma iniciativa do Departamento Diocesano da Pastoral Juvenil, cujo link será indicado nos canais digitais da Arquidiocese.

- Início do Ano Dedicado à Família: celebração na Igreja de S. Francisco no dia 19 de março, pelas 21, 30 horas, iniciativa do Departamento Diocesano da Pastoral Familiar, cujo link será indicado nos canais digitais da Arquidiocese.

Assumamos estas propostas, levando-as às nossa oração pessoal e colocando-as nas Preces Litúrgicas ou Orações Universais, inclusive na oração em família e nas celebrações transmitidas pelos diversos meios digitais ou de comunicação social.

Na comunhão da oração e da caridade a todos desejo Santa Quaresma

Évora, 17 de fevereiro e Quarta-feira de Cinzas do ano 2021.

+ Francisco José Senra Coelho

Arcebispo de Évora

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021


A Senhora me falou

Um dia em que fui à margem do Gave apanhar lenha com outras duas meninas, ouvi um rumor. Voltei-me para o lado do prado e reparei que não havia a menor agitação no arvoredo. Então levantei a cabeça e olhei para a gruta. Vi uma Senhora vestida de branco: tinha um vestido branco e uma faixa azul à cintura e uma rosa amarela em cada pé, da cor do rosário que trazia.

Ao ver isto, esfreguei os olhos, julgando que me enganava. Meti a mão na algibeira e encontrei o meu rosário. Quis também fazer o sinal da cruz, mas não consegui levar a mão à testa. Quando, porém, aquela Senhora fez o sinal da cruz, tentei fazê-lo também; a mão tremia-me, mas consegui. Comecei então a rezar o rosário: a Senhora ia passando as contas do seu rosário, mas não movia os lábios. Quando acabei o rosário, a visão desvaneceu-se.

Perguntei às outras duas pequenas se tinham visto alguma coisa e elas responderam que não. Queriam que lhes dissesse o que era, e eu então disse-lhes que tinha visto uma Senhora vestida de branco, mas não sabia quem era, e pedi-lhes que não falassem disso a ninguém. Então elas aconselharam-me a não voltar mais àquele lugar; mas eu disse-lhes que não. Ali voltei no Domingo pela segunda vez, porque me senti interiormente chamada...

Só à terceira vez a Senhora me falou. Perguntou-me se queria ir ali durante quinze dias e eu disse-lhe que sim.

Mandou-me dizer aos sacerdotes que fizessem ali uma capela, e depois mandou-me ir beber à fonte. Como não vi nenhuma fonte, fui beber ao Gave. Ela disse-me que não era ali e fez-me sinal com o dedo, indicando-me o lugar onde estava a fonte. Dirigi-me para lá, mas só vi um pouco de água suja; quis encher a mão para beber, mas não consegui nada. Comecei a escavar e daí a pouco já podia tirar um pouco de água. Deitei-a fora por três vezes, mas à quarta já a pude beber. Em seguida a visão desvaneceu-se e eu fui-me embora.

Durante quinze dias voltei lá, e a Senhora apareceu-me todos os dias, excepto uma segunda-feira e uma sexta-feira. Repetiu-me várias vezes que dissesse aos sacerdotes para fazerem ali uma capela. Mandava-me ir lavar à fonte e dizia-me que rezasse pela conversão dos pecadores. Várias vezes lhe perguntei quem era, mas respondia-me apenas com um leve sorriso. Finalmente, erguendo os braços e levantando os olhos ao céu, disse-me que era a Imaculada Conceição.

Durante esses quinze dias, revelou-me três segredos que me proibiu de dizer fosse a quem fosse. Fui fiel até ao presente.

De uma carta de Santa Maria Bernarda Soubirous, virgem 

(Carta ao P. Gondrand, ano 1861: cf. A. Ravier, Les écrits de Sainte Bernadette, Paris 1961, pp. 53-59)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

PÔDE MAIS QUEM MAIS AMOU

Escolástica, irmã de São Bento, consagrada ao Senhor desde a infância, costumava visitar o irmão uma vez por ano. O homem de Deus vinha encontrar-se com ela num local próximo do mosteiro.

Um dia veio ela como costumava todos os anos, e ao seu encontro veio seu venerável irmão, com alguns discípulos.

Passaram todo o dia no louvor de Deus e em santa conversação, de tal modo que já se aproximavam as trevas da noite quando se sentaram à mesa para comer.

No meio da sua santa conversação foi passando o tempo e fez-se muito tarde; a santa religiosa implorou-lhe então com estas palavras: «Peço-te irmão, que não me deixes esta noite, para que possamos continuar até de manhã a falar sobre as alegrias da vida celeste». Mas ele respondeu-lhe: «Que dizes tu, irmã? De maneira nenhuma posso passar a noite fora da minha cela».

Então Escolástica, ouvindo a recusa do irmão, poisou sobre a mesa as mãos com os dedos entrelaçados, inclinou a cabeça sobre elas e implorou o Senhor Omnipotente. Quando levantou a cabeça da mesa, rebentou uma grande tempestade, com tão fortes relâmpagos, trovões e aguaceiros, que nem o venerável Bento nem os irmãos que com ele se encontravam podiam pensar em sair do lugar onde estavam reunidos.

Então o homem de Deus, vendo que não podia regressar ao mosteiro, começou a lamentar-se, dizendo: «Deus te perdoe, irmã. Que foste fazer?». Ao que ela respondeu: «Vê, eu pedi-te e não me quiseste ouvir. Pedi ao meu Deus e Ele ouviu-me. Agora, se podes, vai-te embora; despede-te de mim e volta para o mosteiro».

E Bento, que não quisera ficar ali espontaneamente, teve de ficar contra vontade. E assim passaram toda a noite em vigília, animando-se um ao outro com santos colóquios sobre a vida espiritual.

Não nos admiremos que aquela mulher tenha tido mais poder do que ele: se na verdade, como diz João, Deus é amor, é razoável sentença que tenha tido mais poder aquela que mais amou.

Três dias mais tarde, encontrando-se o homem de Deus na sua cela com os olhos levantados ao céu, viu a alma da sua irmã, liberta do corpo, em figura de pomba, dar entrada no interior da morada celeste. Então, contente com a glória tão grande que a ela tinha sido concedida, deu graças ao Deus Omnipotente com hinos e cânticos de louvor, e enviou alguns irmãos a buscar o corpo e trazê-lo para o mosteiro, onde ficou depositado no túmulo que ele tinha preparado para si.

E assim, nem o túmulo separou aqueles que sempre tinham estado unidos em Deus.

Dos Diálogos de São Gregório Magno, papa

(Liv. 2, 33: PL 66, 194-196) (Sec. VI)

SANTA ESCOLÁSTICA, virgem e monja

Mãe do Monacato feminino Ocidental

Santa Escolástica era irmã gémea de São Bento de Núrcia, Pai do monaquismo ocidental.

Nasceu em Núrcia, região central da Itália, em 480. Eram filhos de nobres, o pai Eupróprio enviuvou quando eles nasceram, pois a esposa morreu durante o parto.

Gémea de Bento, tornou-se também gémea na busca de Deus e da santidade. A vida totalmente consagrada a Deus de Escolástica começou até antes do irmão; porém, foi aprofundada quando seguiu o irmão até que ele se instalou em Monte Cassino. Desta forma, Escolástica, fundadora das irmãs beneditinas, sempre esteve ligada com Bento.

O nome de Santa Escolástica, irmã de São Bento, leva-nos ao século V, para o primeiro mosteiro feminino ocidental, fundamentado na vida em comum, conceito introduzido na vida dos monges por São Bento. Foi o primeiro a orientar para servir a Deus não “fugindo do mundo” através da solidão ou da penitência itinerante, como os monges orientais, mas vivendo em comunidade duradoura e organizada, e dividindo rigorosamente o próprio tempo entre a oração, trabalho, estudo e repouso.

Ainda jovem Escolástica consagrou-se a Deus com o voto de castidade, antes mesmo do irmão, que estudava retórica em Roma. Mais tarde, Bento fundou o mosteiro de Monte Cassino criando a Ordem dos monges beneditinos.

Escolástica, inspirada por ele, fundou um mosteiro feminino, com um pequeno grupo de jovens consagradas. Estava criada a Ordem das beneditinas, que recebeu este nome em homenagem ao irmão, seu grande incentivador e que redigiu a Regra Beneditina que Escolástica escolheu para a sua comunidade.

São muito poucos os dados da vida de Escolástica, e foram escritos quarenta anos depois de sua morte, pelo Papa São Gregório Magno, monge beneditino. Ele recolheu alguns depoimentos de testemunhas ainda vivas para o seu livro “Diálogos” e escreveu sobre ela apenas como uma referência na vida de Bento, mais como uma sombra do irmão, pai dos monges do ocidente.

Nesta página expressiva contou que, mesmo vivendo em mosteiros próximos, os dois irmãos só se encontravam uma vez por ano, para manterem o espírito de mortificação e elevação da experiência espiritual. Isto ocorria na Páscoa e numa propriedade do mosteiro do irmão. Certa vez, Escolástica foi ao seu encontro, acompanhada por um pequeno grupo de monjas do seu mosteiro. Passaram todo o dia conversando sobre assuntos espirituais e sobre a vida da Igreja.

Quando anoiteceu, Bento, muito rigoroso à Regra disse à irmã que era hora de se despedirem. Mas Escolástica pediu para passarem a noite, todos juntos, conversando e rezando. Contudo São Bento manteve-se intransigente dizendo que deveria ir para o mosteiro. Neste momento, Santa Escolástica pôs-se a rezar com tal fervor que uma grande trovoada se formou com raios e uma forte chuva caiu a noite toda, impedindo-os de regressar aos respectivos mosteiros. Os dois irmãos puderam assim conversar e rezar a noite inteira. No dia seguinte o sol apareceu, eles despediram-se e cada grupo voltou para o seu mosteiro. Essa seria a última vez que os dois se veriam.

Três dias depois, Bento recebeu no seu mosteiro a notícia da morte de sua irmã Escolástica, enquanto rezava olhando para o céu, viu a alma de sua irmã, penetrar no paraíso em forma de pomba. Bento mandou buscar o seu corpo e o colocou na sepultura que havia preparado para si. Ela morreu em 10 de Fevereiro de 547, quarenta dias antes que seu venerado irmão Bento.

(fonte: cf. Santa Escolástica - Vida Cristã - Franciscanos Vida Cristã - Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil - OFM)


Ao celebrar a memória de Santa Escolástica, nós Vos pedimos, Senhor, que, a seu exemplo, Vos sirvamos de coração sincero e alcancemos a verdadeira felicidade no vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Ámen.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Palavra de Vida

Fevereiro de 2021

Letizia Magri

«Tornai-vos misericordiosos, tal como também o vosso Pai é misericordioso». (Lc 6, 36)

O evangelista Lucas gosta de realçar a grandeza do amor de Deus através de uma qualidade, que lhe parece capaz de a descrever fielmente: a misericórdia. 

Ela é, na Sagrada Escritura, a caraterística materna, por assim dizer, do amor de Deus, através da qual Ele cuida das suas criaturas, as ampara, as consola, as acolhe sem nunca se cansar. Pela boca do profeta Isaías, o Senhor promete ao seu povo: “Como a mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei; em Jerusalém sereis consolados” (Cf. Is 66,13).

É um atributo reconhecido e proclamado também pela tradição islâmica. Entre os 99 Nomes de Deus, aqueles que se encontram mais frequentemente nos lábios dos fiéis muçulmanos são: o Misericordioso e o Clemente.

Esta página do Evangelho apresenta-nos Jesus que, perante uma multidão de pessoas provenientes até de cidades e regiões longínquas, lança a todos uma proposta ousada, desconcertante: imitar a Deus, Pai, precisamente no amor de misericórdia.

Uma meta que quase nos parece impensável, inatingível!

«Tornai-vos misericordiosos, tal como também o vosso Pai é misericordioso». (Lc 6, 36)

Na perspetiva do Evangelho, para imitar o Pai devemos, antes de tudo, seguir Jesus. Dia após dia, aprender com Ele a ser os primeiros no amor, tal como o próprio Deus faz incessantemente connosco.

É a experiência espiritual descrita pelo teólogo luterano Bonhoeffer (1906-1945): «A comunidade cristã canta todos os dias: “Alcancei misericórdia”. Recebi este dom até mesmo quando fechei o meu coração a Deus; […] quando me perdi e não encontrei o caminho de regresso. Então, foi a palavra do Senhor que veio ao meu encontro. Aí eu compreendi: Ele ama-me. Jesus encontrou-me: Ele esteve perto de mim, só Ele. Foi Ele que me confortou, perdoou todos os meus erros e não me acusou do mal. Quando eu era seu inimigo e não respeitava os seus mandamentos, Ele tratou-me como um amigo. […] É-me difícil compreender porque é que o Senhor me ama tanto, porque é que eu sou tão precioso para Ele. Não posso entender como é que Ele conseguiu – nem porque é que quis – conquistar o meu coração com o seu amor. Só posso dizer: “Alcancei misericórdia”» (Dietrich Bonhoeffer, 23-01-1938, in La fragilità del male, Scritti inediti, Piemme, Milão 2015).

«Tornai-vos misericordiosos, tal como também o vosso Pai é misericordioso». (Lc 6, 36)

Esta Palavra do Evangelho convida-nos a fazer uma verdadeira revolução na nossa vida: sempre que nos deparamos com uma possível ofensa, em vez de seguir o caminho da rejeição, do juízo precipitado ou da vingança, podemos optar pelo caminho do perdão, da misericórdia.

Não se trata tanto de cumprir uma obrigação que nos sobrecarrega, mas sim de aceitar a possibilidade oferecida por Jesus de passar da morte, do egoísmo, para a vida da verdadeira comunhão.

Descobriremos com alegria que recebemos o mesmo DNA do Pai, que não condena ninguém definitivamente, mas dá a todos uma segunda oportunidade, abrindo horizontes de esperança.

Esta tomada de posição também nos permitirá preparar o terreno para relacionamentos fraternos, dos quais pode nascer e se desenvolver uma comunidade humana finalmente orientada para a convivência pacífica e construtiva. 

«Tornai-vos misericordiosos, tal como também o vosso Pai é misericordioso». (Lc 6, 36)

Foi isso que Chiara Lubich sugeriu, meditando a frase do Evangelho de Mateus (Cf. Mt 5,7): Felizes os misericordiosos, porque para eles haverá misericórdia que proclama a bem-aventurança daqueles que praticam a misericórdia: «O tema da misericórdia e do perdão impregna todo o Evangelho. […] Mas a misericórdia é precisamente a máxima expressão do amor, da caridade: é ela que leva a caridade à plenitude, isto é, que a torna perfeita. […] Procuremos então, em todos os nossos relacionamentos, viver este amor aos outros em forma de misericórdia! A misericórdia é um amor que sabe aceitar todos os próximos, sobretudo os mais pobres e necessitados. É um amor que não mede, é abundante, universal, concreto. Um amor que procura suscitar a reciprocidade, objetivo principal da misericórdia. Sem a misericórdia, existiria apenas a justiça, que serve para criar igualdade, mas não fraternidade. […] Embora pareça difícil e ousado, perguntemo-nos, diante de cada próximo: como é que a mãe dele o trataria? Este é um pensamento que nos ajudará a compreender e a viver segundo o coração de Deus» (C. Lubich, Palavra de Vida de novembro de 2000, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 633-634).