quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

"A verdadeira oração"

Uma noite, estando São Bernardo, na Igreja em oração, teve uma visão:

- No início da cerimónia, vi uma multidão de anjos descendo do céu. Cada anjo ficou ao lado de um dos fiéis presentes; abriu um livro e começou a escrever. Reparei que alguns anjos escreviam com letras de ouro; outros com letras de prata; outros com tinta; e outros com água.

Então, São Bernardo perguntou:

- Por que não escrevem todos com o mesmo material?

Um dos anjos explicou-lhe:

- Escrevemos com ouro as orações feitas com amor; com prata, as orações feitas com fé; com tinta, as orações feitas com atenção; com água, as orações feitas apenas com os lábios.

Que isso nos sirva para examinar nossa oração e pedir a Deus a graça de torná-la cada vez melhor, unindo-nos cada vez mais a Ele.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

 

Palavra de Vida

Janeiro de 2024

Patrizia Mazzola e equipa da Palavra de Vida 

«Amarás o Senhor teu Deus… e o teu próximo como a ti mesmo» (Lc 10,27)

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (Esta celebra-se no hemisfério norte de 18 a 25 de janeiro e no hemisfério sul na semana de Pentecostes. Os textos da oração deste ano foram preparados por uma equipa ecuménica do Burkina Faso) propõe este ano, como tema de reflexão, a frase acima referida que tem a sua origem no Antigo Testamento (Cf. Dt 6,4-5 e Lv 19,18). No seu caminho para Jerusalém, Jesus é interpelado por um doutor da Lei que lhe pergunta: “Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?” (Lc 10,25). Abre-se assim um diálogo em que Jesus responde com outra pergunta: “O que está escrito na Lei?” (Lc 10,26), suscitando a resposta do seu interlocutor: o amor a Deus e o amor ao próximo, que no seu conjunto são considerados a síntese da Lei e dos Profetas. 

«Amarás o Senhor teu Deus… e o teu próximo como a ti mesmo» (Lc 10,27)

“E quem é o meu próximo?”, continua o doutor da Lei. O Mestre responde contando a parábola do Bom Samaritano. Ele não elenca as várias tipologias de pessoas que podem entrar na categoria de próximo, mas descreve a atitude de profunda compaixão que deve animar todas as nossas ações. Somos nós próprios que nos devemos tornar “próximos” dos outros. 

A pergunta que nos temos de fazer é: “E eu, sou próximo de quem?”.

Precisamente como fez o Samaritano, é preciso cuidar dos irmãos cujas necessidades conhecemos. Deixarmo-nos envolver plenamente nas situações que se nos apresentam, sem qualquer temor. Ter um amor que procura ajudar, promover e encorajar a todos. 

É preciso ver o outro como um outro eu, e fazer ao outro aquilo que faríamos a nós próprios. É a denominada “regra de ouro”, que encontramos em todas as religiões. Gandhi explica-a de um modo muito eficaz: «Tu e eu somos uma coisa só. Não posso fazer-te mal sem me ferir a mim mesmo» (C. Lubich, A arte de amar, Cidade Nova, Abrigada 2007, p. 24).

«Amarás o Senhor teu Deus… e o teu próximo como a ti mesmo» (Lc 10,27)

«Se nós ficarmos indiferentes ou resignados diante das necessidades do nosso próximo, quer no plano dos bens materiais quer nos bens espirituais, não podemos dizer que amamos o próximo como a nós mesmos. Não podemos dizer que o amamos como Jesus o amou. Numa comunidade, se quisermos inspirar-nos no amor que Jesus nos ensinou, não pode haver lugar para desigualdades, desníveis, marginalização, negligência. […] Enquanto virmos no nosso próximo um estranho, alguém que perturba a nossa tranquilidade, que transtorna os nossos projetos, não podemos dizer que amamos a Deus com todo o nosso coração» (C. Lubich, Palavra de Vida de novembro de 1985, em Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 340-341).

«Amarás o Senhor teu Deus… e o teu próximo como a ti mesmo» (Lc 10,27)

A vida é aquilo que nos acontece no momento presente.  Dar-nos conta de quem está ao nosso lado, saber escutar o outro pode abrir-nos sendas interessantes e suscitar iniciativas não previstas.

Foi o que aconteceu com a Victoria: 

«Na igreja, fiquei tocada pela lindíssima voz de uma mulher africana sentada ao meu lado. Felicitei-a, encorajando-a a juntar-se ao coro da paróquia. Detivemo-nos a conversar. Era uma religiosa da Guiné Equatorial, de passagem por Madrid. No seu Instituto acolhem recém-nascidos, meninos e meninas abandonados, que acompanham até à idade adulta, facultando-lhes os estudos universitários ou uma via profissional. O atelier de costura funcionava bem, mas as máquinas não são suficientes.

Ofereci-me para a ajudar a encontrar outras máquinas, confiando em Jesus, na certeza que Ele nos escutava e me impelia a amar sem calculismos.

Um meu amigo conhecia um técnico nesta área, que ficou feliz por poder participar nesta cadeia de amor. Conseguiu disponibilizar e reparar oito máquinas de costura e ainda arranjou uma de passar a ferro. Um casal amigo ofereceu-se para as transportar até Madrid, mudando o destino dos seus dois dias de férias e percorrendo quase mil quilómetros. Assim, as “máquinas da esperança”, através de uma longa viagem por terra e por mar, chegaram a Malabo. Na Guiné ficaram maravilhados! As suas mensagens falam apenas de gratidão».

Em 2024 calhou-me a

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

(ou seja: a Santíssima Trindade presente no Tabor,

Pedro, Tiago, João, Moisés e Elias)

Deus Eterno e Omnipotente,

Criador, Salvador e Vivificador,

eu Vos dou graças pelo Santo Protector

que Me concedestes para este ano de 2024.

Concedei-me que seguindo o seu exemplo

me encontre verdadeiramente conVosco,

deixe abrasar do Vosso Amor,

seja fiel à Vossa Vontade,

me liberte das obras da trevas 

e revista das armas da luz (cf. Rm 13, 12),

me deixe habitar por Vós

e seja a morada da Vossa eleição.

Que o meu testemunho de vida,

seja Verdadeiramente evangélico,

contribua para a construção do “mundo novo”

e, no termo deste ano,

me encontre mais parecido convosco

e, possa dizer com verdade e com a vida:

“Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.” (Gl 2, 20)

Tudo isto, conduzido e guiado

pela mão carinhosa e maternal de Maria,

Vossa Filha, Mãe e Esposa.

Ámen.