Palavra de VidaMarço de 2021
Letizia
Magri
“Mostrai-me,
Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas”
(Sl 25
[24], 4).
Este salmo
apresenta-nos um homem que se sente cercado por perigos e ameaças. Ele precisa
de encontrar o caminho certo, que o leve finalmente para fora de perigo. Mas
quem o poderá ajudar?
Consciente da sua
fragilidade, finalmente levanta o olhar e clama pelo Senhor, pelo Deus de
Israel, que nunca abandonou o Seu povo, mas sempre o guiou no longo caminho da
travessia do deserto até à Terra Prometida.
A experiência dessa
caminhada faz renascer no viandante a esperança. É uma ocasião privilegiada
para uma nova intimidade com Deus, para nos podermos abandonar confiadamente no
Seu amor fiel, apesar da nossa infidelidade.
Na linguagem
bíblica, caminhar com Deus é também uma lição de vida, é aprender a reconhecer
o Seu desígnio de salvação.
“Mostrai-me,
Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas”
(Sl 25
[24], 4).
Muitas vezes,
depois de termos percorrido os caminhos da nossa suposta autossuficiência,
encontramo-nos desorientados, confusos, mais conscientes dos nossos limites e
das nossas faltas. Gostaríamos de encontrar de novo a bússola da vida e, com
ela, o percurso até à meta.
Este Salmo
ajuda-nos muito. Impele-nos a fazer uma experiência nova ou renovada de
encontro pessoal com Deus, de confiança na Sua amizade.
Dá-nos coragem para
sermos dóceis aos Seus ensinamentos, que nos convidam constantemente a sair de
nós mesmos para O seguir pelo caminho do amor, caminho que Ele próprio
percorreu, antes de nós, para vir ao nosso encontro.
Este Salmo pode ser
uma oração, para nos acompanhar ao longo do dia e fazer de cada momento, alegre
ou doloroso, uma etapa do nosso caminho.
“Mostrai-me,
Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas”
(Sl 25
[24], 4).
Na Suíça, a Hedy,
casada e mãe de quatro filhos, já há muito tempo que procura viver a Palavra.
Agora está gravemente doente. Sabe que está quase a atingir a meta do seu
caminho aqui na Terra.
A sua grande amiga,
Kati, conta-nos: «Sempre que alguém
a visita, e até com o pessoal de saúde, a Hedy está sempre atenta aos outros,
interessa-se por cada um, mesmo se para ela, agora, se tornou muito difícil
falar. Agradece a presença de todos e conta a sua experiência. Ela é apenas
Amor, um sim vivo à vontade de Deus! Atrai muitas pessoas: amigos, parentes,
sacerdotes. Todos ficam profundamente tocados pela sua atenção para com todas
as visitas e pela sua força, fruto da fé no amor de Deus».
Chiara Lubich comparou
a vida a uma “santa viagem” (Cf. Sal 84(83),6: “Felizes os
que em Ti encontram a sua força, os que trazem no coração os caminhos da santa
viagem”): «[…] A
“santa viagem” é o símbolo do nosso itinerário para chegar até Deus. […] Por
que não fazer da única vida que temos uma viagem, uma santa viagem, uma vez que
Aquele que nos espera é Santo? […] Mesmo quem não professa um credo religioso
pode fazer da sua vida uma obra-prima, empreendendo com retidão um caminho de
sincero empenho moral. […] Se a vida é uma “santa viagem”, seguindo o projeto
da vontade de Deus, a nossa caminhada requer um progresso contínuo, dia após
dia. […] O que acontece quando paramos? […] Devemos abandonar o percurso,
desencorajados com os nossos erros? Não, nesses momentos a palavra de ordem é
“recomeçar” […] colocando toda a nossa confiança na graça de Deus, mais do que
nas nossas capacidades. […] Mas, sobretudo, caminhemos juntos, unidos no amor,
ajudando-nos uns aos outros. O Santo estará no meio de nós e tornar-se-á, Ele
mesmo, o nosso “Caminho”. Ele nos fará compreender com maior clareza a vontade
de Deus e nos dará o desejo e a capacidade de a pôr em prática. Estando unidos,
tudo será mais fácil e receberemos a bem-aventurança que foi prometida aos que
decidem fazer a “santa viagem”» (C.
Lubich, Palavra de Vida de dezembro de 2006, in Parole di Vita, a/c Fabio
Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 797-799).