sexta-feira, 23 de maio de 2008

Beata Juliana de Liege
e a Solenidade do Corpo de Deus
Nasceu em 1191/1192 na época em que Liege era a capital de um dos senhorios que depois formaram o reino dos Belgas. Perde os pais ainda pequena e é confiada às monjas de Mont-Cornillon (da Ordem de Santo Agostinho), perto, existia uma comunidade de “beghine”, senhoras que fazem vida comum tendo uma Regra, mas sem serem monjas: trabalham, rezam, assistem os doentes de lepra.
Juliana faz-se monja (1207) e algum tempo depois começa a falar-se das suas visões e revelações... Um clérigo de Liege escreve a sua vida, sem no entanto a ter conhecido, dando pouca importância às datas não distinguindo bem as vivências comuns das sobrenaturais. Contudo faz emergir um facto certo: a influência de Juliana na Igreja do seu tempo (e de sempre).

Eis uma das suas visões: de noite, vê resplandecer no céu a lua, mas atravessada por uma misteriosa mancha escura. Segundo ela, esta “lua incompleta” representava a liturgia, que para o seu pleno esplendor falta o essencial: uma festa que honre o Corpo de Cristo sacrificado pela Humanidade.

Esta visão ela guarda para si durante vinte anos, por fim confiou-a só Eva e a Isabel, enfermeira dos leprosos. Uma aliança a três, para dar forma precisa a uma religiosidade eucarística já bem presente em Liege. As três mulheres envolvem padres e frades, comunidades, paróquia. Vêm falar com Juliana os bispos de Cambrai e de Liege. A este último, Roberto di Thourotte, ela pede que institua imediatamente na sua diocese aquela festa, que se chamará do «Corpus Domini». Muitos opõem-se, o bispo hesita. Mas Juliana vai para a frente por sua conta, fazendo preparar em latim o Ofício (orações, leituras, cânticos) para a nova celebração. Quando o texto é posto a circular (começa com as palavras «Animarum cibus» - alimento das almas) todos se vão apaixonando: é lido, explicado, cantado. Assim, rapidamente, em 1246 o bispo institui a festa diocesana do «Corpus Domini».

Sustentava a iniciativa também o arquidiácono de Liege, Tiago Pantaléon, di Troyes (França). E mesmo ele, em 1261 torna-se Papa, com o nome de Urbano IV. Como se tivesse ainda ali Juliana a explica-lo, em 1264, com a bula «Transiturus», ele institui a festa do «Corpus Domini» para toda a Igreja.

Juliana não verá estas coisas. Priora do mosteiro do Mont-Cornillon em 1230, instaura uma disciplina rigorosa que não agrada a todas: em 1248 deixa esta responsabilidade, e retira-se para Fosses, perto Namur, onde morre dez anos depois. O corpo foi sepultado na abadia cistercense de Villers. Mas ainda conseguiu viver tempo suficiente para saber que, depois de Liege, também a Alemanha ocidental (1252) festejava o «Corpus Domini».

(fonte: cf. Santi, beati e testimoni.
Tradução do Italiano para o Português da responsabilidade do autor deste blog)

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