sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Passagem de Propriedade
...consagrar alguma coisa ou alguém significa dar tal coisa ou pessoa em propriedade a Deus, tirá-la do âmbito daquilo que é nosso e inseri-la na atmosfera d’Ele, de tal modo que deixe de pertencer às nossas coisas para ser totalmente de Deus. Consagração é, pois, tirar do mundo e entregar ao Deus vivo. Aquela coisa ou pessoa deixa de pertencer a nós ou a si mesma, mas é imersa em Deus. Este acto de privar-se duma coisa para a entregar a Deus, chamamo-lo também sacrifício: já não será propriedade minha, mas d’Ele. No Antigo Testamento, a entrega duma pessoa a Deus, isto é, a sua «santificação» coincide com a sua ordenação sacerdotal, e assim se define também em que consiste o sacerdócio: é uma passagem de propriedade, um ser tirado do mundo e dado a Deus. E, deste modo, ficam agora patentes as duas direcções que fazem parte do processo da santificação/consagração: sair dos contextos da vida do mundo e «ser posto à parte» para Deus. Mas por isto mesmo não é uma segregação; antes, ser entregue a Deus significa ser posto a representar os outros. O sacerdote é subtraído aos laços do mundo e dado a Deus, e precisamente assim, a partir de Deus, deve estar disponível para os outros, para todos.
Bento XVI
(Missa Crismal, 9 de Abril de 2009)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Escutai, Senhor, a minha oração;
pela Vossa fidelidade, atendei as minhas súplicas;
respondei-me, pela Vossa justiça.
Ergo para Vós as minhas mãos;
como terra seca, a minha alma está sedenta de Vós.
Senhor, respondei-me depressa;
estou prestes a desfalecer!
Não escondais de mim a Vossa face...
Fazei-me sentir desde a manhã, a Vossa bondade,
porque em Vós eu confio.
Mostrai-me o caminho a seguir,
porque para Vós elevo a minha alma.
Livrai-me, Senhor, dos meus inimigos,
porque em Vós me refugio.
Ensinai-me a cumprir a Vossa vontade,
pois Vós sois o meu Deus.
Que o Vosso espírito de bondade
me conduza pelo caminho recto.
Salmo 143 (142) 1.6-8.10

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

São Rafael Arnáiz ocso
Vida e Mensagem do irmão Rafael
(trailler)
A vida do Irmão Rafael foi uma vida de intensa busca de Deus e, à medida em que ia experimentando em si mesmo a santa presença do Senhor, era levado a uma entrega cada vez maior, chegando ao anseio mais profundo da alma, que o conduz sempre mais a uma renuncia total, dando à luz o que poderíamos chamar de seu selo e assinatura: Só Deus… Só Deus … Só Deus …

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Quereis tudo... quereis-me todo...
“Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me” (Mc 10, 21,-22).
Senhor, como sois delicado e ao mesmo tempo exigente e firme no Vosso Amor para comigo. Quereis tudo. Não vos contentais com alguma coisa, quereis tudo, quereis-me todo.
“Tudo! Absolutamente tudo!” É o sussurro suave e firme que fazeis ecoar no meu coração. Depois de Vos terdes dado Todo, porque me amais… quando me fazeis experimentar a grandeza, a torrente inesgotável, as doçuras do Vosso Amor, qualquer riqueza, qualquer tesouro, o bem mais precioso e puro deste mundo, em comparação com o Vosso Amor são “… como nada …um pouco de areia… como lodo” (cf. Sd 8-9).
Bendito sejais, Senhor, pois ”fixais em mim o Vosso olhar e me fitais com afeição” (Mc 10, 21)!
Vinde até mim, “Palavra viva e eficaz… penetrai em mim até ao mais fundo do meu ser” (cf. Heb 4, 12), rasgai, cortai, eliminais as riquezas deste mundo que me impedem de crescer para vós, de me tornar Vosso discípulo, de Vos seguir. E, plantai no mais íntimo do meu ser a semente do Vosso amor, uma Sede abrasadora de Vós, fazei de mim, Trindade Santa, a morada da Vossa eleição, o lugar do Vosso repouso… que eu não viva se não viver em Vós e de Vós.
“Palavra viva e eficaz…” (cf. Heb 4, 12), Sabedoria eterna e luminosa… Luz de santidade… que consiga desfazer-me, libertar-me, vender as riquezas que me impossibilitam o voo livre na Vossa direcção. “Despi-me das obras das trevas e revesti-me das armas da luz” (cf. Rm 13, 12).
Mergulhai a minha vida na Vossa Vida… que olhando para mim, não me vejam, mas Vos vejam a Vós. Que possa cantar o hino da Vida Nova, da Vossa Vida Nova na minha vida, que não quero que seja minha mas Vossa, só Vossa, toda Vossa. Que possa cantar com a vida: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20).
A única riqueza
do Sacerdote

A iniciativa do Papa é, sem dúvida, sugerida pela difícil situação que o padre vive hoje em si mesmo, na Igreja e na sociedade. E isto apesar das preciosas indicações do Vaticano II e de tudo o que se lhe seguiu. Porquê? É caso para se perguntar.
A resposta não é imediata nem simples. É todo o povo de Deus, na riqueza e variedade das suas vocações e das suas tarefas, que paga os custos do fim de um modelo de Igreja, pensado para uma determinada situação histórica, que já fez o seu tempo. O Evangelho - é verdade - é sempre novo e sempre contemporâneo em relação a cada momento da História. Mas, precisamente por isso, na fidelidade ao seu inalterável ADN e aos preciosos ganhos da Tradição, é necessário abrirmo-nos desarmados, aqui e além, ao sopro do Espírito para compreender onde ir e como fazer.
Isto - repito - vale, em primeiro lugar, para todo a povo de Deus, de quem os sacerdotes são uma expressão qualificada, como o são os outros carismas e ministérios na Igreja. E talvez seja este o ponto - espiritual, teológico, pastoral - a realçar este ano. À luz da autêntica e ainda actualíssima mensagem do Vaticano II e, ao mesmo tempo, sabendo ler e frutificar para a vida de toda a Igreja as injecções de luz e de energia vital que, certamente, não faltaram, nestas últimas décadas, na sua experiência.
A questão, bem vistas as coisas, não é aquela - perdida à partida - de querer conter ou amenizar uma crise que, de facto, está à vista de todos e requer algo de profundo. Mas, sobretudo, a de pedir ao Evangelho - que fala na Igreja e ao mundo pelo sopro do Espírito - o que devemos fazer ou, ainda melhor, o que devemos ser para acolher e testemunhar o dom de Deus.
Ao declarar um "Ano Sacerdotal", Bento XVI disse claramente que «Deus é a única riqueza que, de facto, os homens desejam encontrar num sacerdote». Isto acontece - hoje - quando o padre se torna testemunha credível da presença de Deus na História, que é Jesus vivo e operante entre «dois ou mais unidos no Seu nome». Aí está a Igreja. É a expressão eficaz de todo o povo de Deus em comunhão com o Papa, os bispos, os múltiplos carismas do Espírito e os inumeráveis caminhos de serviço ao Homem na vida de todos os dias e nos ambientes mais variados da vida social.
Só se for vivido "em relação": no presbitério juntamente com o bispo, com as outras vocações na comunhão da Igreja, na capacidade de diálogo com todos - e nunca fechado em si mesmo ou a pensar de modo egocentrista - é que o indispensável e fascinante serviço do padre pode voltar a florir e a fazer história, libertando o melhor da sua especificidade: guiar com respeito e em espírito de serviço para as nascentes inexauríveis do amor de Deus que Jesus nos oferece com generosidade. Como, em boa verdade, já acontece de muitas formas e em muitas situações, embora de um modo um pouco discreto.
Piero Coda (Teólogo Italiano)
in «Cidade Nova», ano XIX, Outubro de 2009, pg. 13

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Maria,
Mãe de Jesus Cristo
e Mãe dos sacerdotes
recebei este preito que nós Vos tributamos
para celebrar a vossa maternidade
e contemplar junto de Vós
o Sacerdócio do vosso Filho e dos vossos filhos,
ó Santa Mãe de Deus.
Mãe de Cristo,
ao Messias Sacerdote
destes o corpo de carne
para a unção do Espírito Santo,
a salvação dos pobres e contritos de coração,
guardai no vosso Coração
e na Igreja os sacerdotes,
ó Mãe do Salvador.
Mãe da fé,
acompanhastes ao templo o Filho do Homem,

cumprimento das promessas feitas aos nossos Pais,
entregai ao Pai para Sua glória
os sacerdotes do Filho Vosso,

ó Arca da Aliança.
Mãe da Igreja,
entre os discípulos no Cenáculo,
suplicastes o Espírito para o Povo novo
e os seus Pastores,

alcançai para a ordem dos presbíteros
a plenitude dos dons,
ó Rainha dos Apóstolos.
Mãe de Jesus Cristo,
estivestes com Ele nos inícios da Sua vida
e da Sua missão,

Mestre O procurastes entre a multidão,
assististe-l'O levantado da terra,
consumado para o sacrifício único eterno,

e tivestes perto João, Vosso filho,
acolhei desde o princípio os chamados,
protegei o seu crescimento,

acompanhai na vida e no ministério
os Vossos filhos,
ó Mãe dos sacerdotes.
Ámen!
Oração Final

da Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis
de João Paulo II

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

PALAVRA DE VIDA
Outubro de 2009
Chiara Lubich
«Pela vossa perseverança
salvareis as vossas almas»
(Lc 21, 19).
(…)
“Perseverança”. É a tradução da palavra grega original, que inclui também outros significados: a paciência, a constância, a resistência e a confiança.
A perseverança é necessária e indispensável quando se tem um sofrimento ou uma tentação, ou se tem a tendência para desanimar, quando se é aliciado pelas seduções do mundo, quando se é perseguido.
Penso que cada um de nós já se encontrou em pelo menos uma dessas circunstâncias, e por isso já experimentou que, sem a perseverança, poderia muito bem ter sucumbido. Talvez até já cedemos algumas vezes. Ou pode ser que, neste preciso momento, nos encontremos mesmo numa dessas dolorosas situações.
E então, o que fazer?
Recomeçar e… perseverar.
De outra forma não é válido para nós o nome de “cristão”.
Sabemos muito bem que: quem quer seguir Cristo deve pegar todos os dias na sua cruz, deve amar – pelo menos com a vontade – o sofrimento. A vocação cristã é a vocação para a perseverança.
Paulo, o apóstolo, mostra a sua perseverança, à comunidade, como sinal de autenticidade cristã.
E não tem medo de a colocar no mesmo plano que os milagres.
Quando amamos a cruz e perseveramos, podemos seguir Cristo que está no Céu, e, portanto, salvarmo-nos.
«Pela vossa perseverança
salvareis as vossas almas»
(Lc 21, 19).
Podem distinguir-se duas categorias de pessoas: as que sentem o convite para serem verdadeiros cristãos, mas em cujas almas este convite cai como uma semente num terreno cheio de pedras. Há muito entusiasmo, semelhante a um fogo de palha, e depois não fica nada.
Por outro lado, há aquelas que recebem o convite como um terreno bom recebe a semente. E a vida cristã germina, cresce, ultrapassa as dificuldades e resiste às tempestades.
Estas últimas possuem a perseverança e…
«Pela vossa perseverança
salvareis as vossas almas»
(Lc 21, 19).
Claro que, para perseverar, não nos podemos apoiar unicamente nas nossas forças.
Vai ser necessária a ajuda de Deus.
Paulo chama a Deus: «O Deus da perseverança» (Rm 15, 5).
É a Ele, portanto, que devemos pedir a perseverança, e Ele não deixará de no-la dar.
Porque, se somos cristãos, não nos podemos contentar com o termos sido baptizados ou com uma ou outra prática esporádica de culto ou de caridade. É necessário crescermos como cristãos. E todo o crescimento, no campo espiritual, não existe se não for no meio de provas, sofrimentos, obstáculos e batalhas.
Quem sabe realmente perseverar são aqueles que amam. O amor não vê obstáculos, não vê dificuldades, não vê sacrifícios. E a perseverança é o amor posto à prova.
(…)
Maria é a mulher da perseverança.
Peçamos a Deus que acenda no nosso coração o amor por Ele. Então a perseverança, em todas as dificuldades da vida, surgirá em nós como consequência, e com ela salvaremos a nossa alma.
«Pela vossa perseverança
salvareis as vossas almas»
(Lc 21, 19).
Mas, além disso, a perseverança é contagiosa. Quem é perseverante encoraja também os outros a irem até ao fim.
(…)
Temos que ter metas altas. Nós só temos uma única vida e também esta é breve. Cerremos os dentes dia após dia, enfrentemos todas as dificuldades que surgirem para seguir Cristo… e salvaremos as nossas almas.
Palavra de Vida, Junho de 1979, publicada integralmente em Essere la Tua Parola. Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, vol. II, Città Nuova, Roma 1982, pp. 25-28.