Com toda a certeza, e sem espaço para qualquer dúvida, se me perguntam o que é ser padre, só posso responder: É ser feliz. "O meu coração e a minha carne exultam no Deus vivo" (Sl. 84 [83], 3).
Afirmo-o sem ilusões poéticas e plenamente consciente de que a vida não é fácil... a vida dos sacerdotes não é fácil. Mesmo assim e também na dureza da vida, ser padre é ser feliz... é que "eu sei a fonte que mana e corre embora seja noite..." (cf. São João da Cruz), "sei em quem pus a minha confiança" (2Tm 1, 12) até porque "se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 9, 31).
De verdade e do fundo do coração, ser feliz... é o que posso e tenho que partilhar...
O Bom Deus, até mesmo quando a homilia me não correu bem, quando sou justa ou injustamente criticado, quando me confronto com as minhas debilidades e não sou suficientemente generoso e paciente, quando fisicamente estou cansado e o meu espírito pleno de preocupações, de projecto, de questões mais simples ou complicadas de resolver: "exulto de alegria em Deus meu salvador" (cf. Lc 1, 47).
É tão frequente, muito frequente mesmo, sobretudo ao Domingo, depois de um dia pleno a sustentar na fé, os meus irmãos... depois de um dia cheio a partir-lhes a Palavra e a distribuir-lhes o Pão... a ser o instrumento de que Deus se serve para os restaurar, para lhes devolver a esperança...
Que festa..., que alegria Senhor, o coração não me cabe no peito, tal é a alegria que me concedeis. Quem vê o padre, no "seu" carro, de regresso a casa e se apercebe que canta, só pode pensar: "Está tonto, coitado". E tem razão, tonto de alegria e com o coração em festa, pois não lhe faltais, Senhor. Tonto, por só na fé conseguir entender que, apesar dos seus pecados o compensais tão abundantemente pelos suas insignificantes e tropegas "generosidades".
Ser feliz... a isso me chamais.
Com uma felicidade indizível me preencheis.
"A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador..." (Lc 1, 46-47).