domingo, 1 de junho de 2025

 


Palavra de Vida

Junho de 2025

Silvano Malini e equipa da Palavra de Vida

«Dai-lhes vós de comer» (Lc 9,13)

Estamos num lugar solitário, nos arredores de Betsaida, na Galileia. Jesus está a falar do Reino de Deus a uma multidão numerosa. O Mestre tinha-se deslocado para aqui com os apóstolos para os fazer repousar, depois de uma longa missão naquela região, na qual tinham pregado a conversão “anunciando a Boa-Nova e realizando curas por toda a parte” [Lc 9,6]. Cansados, mas com o coração cheio, contavam o que tinham vivido.

As pessoas, porém, tendo-o sabido, dirigiram-se para lá. Jesus acolhe-as a todas: escuta, fala, cura. A multidão aumenta. A noite aproxima-se e a fome faz-se sentir. Os apóstolos preocupam-se e propõem ao Mestre uma solução lógica e realista: «Despede a multidão, para que, indo pelas aldeias e campos em redor, encontre alimento e onde pernoitar». Afinal de contas, Jesus já tinha feito muito… Mas Ele responde:

«Dai-lhes vós de comer» (Lc 9,13)

Ficam estupefactos. Está fora de questão: têm só cinco pães e dois peixes para alguns milhares de pessoas. Não é possível encontrar o necessário na pequena Betsaida, e não teriam dinheiro para o comprar.

Jesus quer abrir-lhes os olhos. As necessidades e os problemas das pessoas tocam-no e esforça-se por lhes dar uma solução. Realiza-a partindo da realidade e valorizando aquilo que têm. É verdade, aquilo que têm é pouco, mas chama-os a uma missão: serem instrumentos da misericórdia de Deus que pensa nos seus filhos. O Pai intervém, e, todavia, “precisa” deles.

O milagre “precisa” da nossa iniciativa e da nossa fé, que depois fará crescer. 

«Dai-lhes vós de comer» (Lc 9,13)

Portanto, à objeção dos apóstolos, Jesus responde assumindo a situação, mas pede-lhes que façam a própria parte. Mesmo se pequena, não a desdenha. Não resolve o problema por eles. O milagre acontece, mas requer a participação deles com tudo aquilo que têm e que puderam providenciar, colocado à disposição de Jesus para todos. Isto implica um certo sacrifício e confiança Nele.

O Mestre parte daquilo que nos acontece para nos ensinar a cuidar juntos uns dos outros. Diante das necessidades dos outros, não nos podemos desculpar (“não é da nossa conta”, “não posso fazer nada”, “que se arranjem, como todos fazemos…”). Na sociedade pensada por Deus, são felizes aqueles que dão de comer aos que têm fome, que vestem os pobres, que visitam quem se encontra em necessidade [Cf. Mt 25,35-40].

«Dai-lhes vós de comer» (Lc 9,13)

A narração deste episódio recorda a imagem do banquete descrito no livro de Isaías, oferecido pelo próprio Deus a todos os povos, quando Ele «enxugará as lágrimas de todas as faces» [Is 25,8]. Jesus manda que se sentem em grupos de cinquenta, como nas grandes ocasiões. Como Filho, comporta-se como o Pai, e isso realça a sua divindade.

Ele mesmo dará tudo, até se fazer alimento para nós, na Eucaristia, o novo banquete da partilha. 

Diante das muitas necessidades surgidas durante a pandemia de covid-19, a comunidade dos Focolares de Barcelona criou um grupo, através das redes sociais, no qual se partilhavam as necessidades e se metiam em comum bens e recursos. E é impressionante ver como circulam móveis, alimentos, medicamentos, eletrodomésticos… Porque «sozinhos podemos fazer pouco», dizem, «mas juntos podemos fazer muito». Ainda hoje o grupo “Fent família” ajuda a fazer com que, como nas primeiras comunidades cristãs, ninguém entre eles seja necessitado [Cf. At 4,34].

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