sábado, 1 de fevereiro de 2025

Palavra de Vida

Fevereiro 2025

Patrizia Mazzola e equipa da Palavra de Vida

«Avaliai tudo, conservando o que for bom» (1Ts 5,21)

A palavra deste mês é retirada de uma série de recomendações finais que o apóstolo Paulo faz à comunidade dos Tessalonicenses: «Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias. Avaliai tudo, conservando o que for bom. Afastai-vos de toda a espécie de mal» [1Ts 5, 19-22]. Profecia e discernimento, diálogo e escuta. Estas são as indicações de Paulo à comunidade, que tinha iniciado pouco tempo antes o seu caminho de fé.

Entre os vários dons do Espírito, Paulo valorizava muito o da profecia [Cf. João Paulo II, Audiência Geral, 24.06.1992, n.7]. O profeta não é aquele que prevê o futuro, mas aquele que tem o dom de ver e compreender a história pessoal e coletiva do ponto de vista de Deus.

Mas todos os dons são orientados pelo dom maior, a caridade, o amor fraterno [Cf. 1Cor 13]. Agostinho de Hipona afirma que só a caridade permite fazer o discernimento da atitude a assumir perante as diferentes situações [Cf. Agostinho de Hipona, Ep. Jo. 7, 8].

«Avaliai tudo, conservando o que for bom» (1Ts 5,21)

É preciso ser capaz de não olhar apenas para os dons pessoais, mas também para as muitas potencialidades e a multiplicidade de visões e de opiniões que se apresentam diante de nós, naqueles que vivem ao nosso lado e com quem nos relacionamos, e até nas pessoas que encontramos por acaso. É importante, com todos, manter a autenticidade no coração e também ter a consciência dos limites do nosso ponto de vista.

Esta palavra de vida poderia ser um lema a adotar em todas as situações de diálogo e de confronto. Escutar o outro – não necessariamente para aceitar tudo, mas sabendo que é possível encontrar algo de bom naquilo que ele diz – favorece uma abertura do coração e do pensamento. É fazer o vazio dentro de nós, por amor, e ter assim a possibilidade de construir algo juntos.

«Avaliai tudo, conservando o que for bom» (1Ts 5,21)

Fr. Timothy Radcliffe, um dos teólogos presentes no Sínodo dos Bispos da Igreja Católica, afirmou que «a coisa mais corajosa que podemos fazer neste sínodo é ser sinceros entre nós em relação às nossas dúvidas e às nossas perguntas, aquelas para as quais não temos respostas claras. Tornar-nos-emos então mais próximos como companheiros de procura, mendicantes da verdade» [Fr. Timothy Radcliffe, Meditação n.º 3, Amizade, Sínodo dos Bispos, Sacrofano, 2.10.2023]

Numa conversação com alguns focolarinos, Margaret Karram comentou assim esta reflexão: «Pensando nisto, dei-me conta que muitas vezes não tive a coragem de dizer realmente aquilo que pensava: talvez pelo receio de não ser compreendida, talvez para não dizer algo completamente diferente da opinião da maioria. Compreendi que ser “mendicantes da verdade” significa ter aquela atitude de proximidade, uns para com os outros, pela qual todos queremos aquilo que Deus quer, todos juntos procuramos o bem» [Margaret Karram, Presidente do Movimento dos Focolares, dálogo com os focolarinos, Rocca di Papa, 3.02.2024].

«Avaliai tudo, conservando o que for bom» (1Ts 5,21)

É esta a experiência de Antía, que participa no grupo de artes performativas Mosaico, nascido na Espanha, em 2017, como Gen Rosso Local Project. Este grupo é composto por jovens espanhóis que, através da sua arte e Workshops, partilham a sua experiência de fraternidade. 

Antía conta-nos: «É a ligação com os meus valores: um mundo fraterno, onde cada um (mesmo os mais jovens, inexperientes, vulneráveis…) dá o seu próprio contributo para este projeto. Mosaico faz-me acreditar que um mundo mais unido não é uma utopia, apesar das dificuldades e do trabalho duro que comporta. Cresci neste trabalho em grupo, com um diálogo que, por vezes, pode parecer demasiado frontal e que obriga muitas vezes a renunciar às minhas ideias que eu considerava as melhores. E o resultado é que “o bem” é construído pedaço a pedaço juntos, por todos nós» [Mosaico GRLP faz parte do projeto Fortes Sem Violência, que leva a novas cidades workshops multidisciplinares com os jovens durante três dias, procurando transmitir os valores da não-violência, da paz e do diálogo através da arte].

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