sábado, 1 de abril de 2023

Palavra de Vida

Abril de 2023

Patrizia Mazzola e a equipa da Palavra de Vida

«Aspirai às coisas do Alto e não às coisas da Terra» (Cl 3, 2)

Tinham acabado de nascer as primeiras comunidades cristãs e já surgiam divergências, provocadas por falsas interpretações da mensagem evangélica. Paulo, que se encontrava na prisão, soube que havia problemas desses em Colossos e, por isso, escreveu a esta comunidade. 

Compreende-se melhor a Palavra de Vida deste mês se a lermos no contexto da passagem em que se encontra: «Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do Alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. Aspirai às coisas do Alto e não às da Terra. Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus» (Cl 3, 1-3 )

Para ultrapassar estas divergências, Paulo convida a dirigir o nosso pensamento e todo o nosso ser para Cristo que ressuscitou. De facto, no Batismo, também nós morremos e ressuscitámos com Cristo. Podemos assim viver – “já e ainda não completamente” – esta vida nova.

«Aspirai às coisas do Alto e não às coisas da Terra» (Cl 3, 2)

Obviamente, esta possibilidade não se alcança de uma vez para sempre. Deve ser continuamente procurada num caminho desafiante, que dura a vida inteira. Significa orientar a nossa vida para o alto. De facto, Cristo trouxe para a Terra a vida do Céu e a sua Páscoa é o início da nova Criação, de uma nova humanidade. A consequência lógica de quem escolhe viver o Evangelho seria esta: fazer uma escolha que mude totalmente a nossa mentalidade, inverta a ordem, os objetivos que o mundo nos propõe, que nos liberte dos condicionalismos, fazendo-nos experimentar uma mudança radical. Na verdade, Paulo não desvaloriza as “coisas da Terra” porque tudo foi renovado, desde que o Céu tocou a Terra pela Incarnação do Filho de Deus (2Cor 5,17: “Por isso, se alguém está em Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas”).

«Aspirai às coisas do Alto e não às coisas da Terra» (Cl 3, 2)

«O que são as “coisas do Alto”?», interroga-se Chiara Lubich. «São aqueles valores que Jesus trouxe à Terra e pelos quais se distinguem os seus seguidores. São o amor, a concórdia, a paz, o perdão, a integridade, a pureza, a honestidade, a justiça, etc. São todas as virtudes e riquezas que o Evangelho oferece. É com elas e por meio delas que os cristãos se mantêm na sua condição de ressuscitados com Cristo. […] 

E como é que se consegue manter o coração ancorado no céu, quando vivemos no meio do mundo? Deixando-nos guiar pelos pensamentos e pelos sentimentos de Jesus, cujo olhar interior estava sempre voltado para o Pai e cuja vida refletia em cada instante a lei do Céu, que é a lei do amor» (C. Lubich, Palavra de vida de abril de 2001, em Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5) Città Nuova, Roma 2017, pp. 640-641).

«Aspirai às coisas do Alto e não às coisas da Terra» (Cl 3, 2)

A presença dos cristãos no mundo abre-se corajosamente para a nova vida da Páscoa. São homens e mulheres novos que não são do mundo (Jo 15,18-21), mas vivem no mundo com todas as atuais dificuldades. Dizia-se assim acerca dos primeiros cristãos: «Moram na Terra e são regidos pelo Céu. […] O que a alma é para o corpo, isso são os cristãos no mundo» (Carta a Diogneto (V 9; VI 1), tradução de M. Luís Marques, in snpcultura.org.).

A escolha corajosa e totalmente evangélica de um operário, que decidiu ajudar um colega que tinha sido despedido, provocou, com o seu testemunho, uma cadeia de gestos de fraternidade. 

«Entre as várias cartas de despedimento que foram entregues na fábrica, uma era dirigida ao Jorge. Conhecendo as suas precárias condições económicas, convidei-o a ir comigo ao departamento do pessoal: “Eu estou numa situação melhor do que ele – declarei –, a minha mulher tem um emprego. Despeçam-me antes a mim”. O chefe prometeu voltar a examinar o caso. Quando saímos, o Jorge abraçou-me comovido. Naturalmente, este facto passou de boca em boca e mais dois operários, mais ou menos nas mesmas condições, disponibilizaram-se para serem despedidos no lugar de dois colegas. A direção viu-se constrangida a repensar os métodos de escolha dos despedimentos. O pároco, tendo conhecido este facto, contou-o, sem dizer nomes, na homilia do domingo. No dia seguinte, informou-me que duas estudantes lhe tinham ido entregar todas as suas poupanças, para ajudar os operários em dificuldade, declarando: “Também nós queremos imitar o gesto daquele operário”» (B. S. – Brasil) (Experiência retirada do site www.focolare.org).

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