domingo, 2 de setembro de 2012

PALAVRA DE VIDA
Setembro de 2012
Chiara Lubich
«Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que eu lhe der há de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna» (Jo 4, 13-14).
A conversa de Jesus com a Samaritana, perto do poço de Jacob, é uma verdadeira pérola do Evangelho. Jesus fala da água como o elemento mais simples, mas que, no fundo, é o mais desejado e mais vital para quem está em contacto com o deserto. Jesus não precisava de dar muitas explicações para fazer compreender o que significava a água.
A água da fonte serve para a nossa vida natural, ao passo que a água viva, de que Jesus fala, serve para a vida eterna.
Tal como o deserto só floresce depois de uma chuva abundante, também as sementes sepultadas em nós desde o Baptismo só podem germinar se forem regadas com a Palavra de Deus. Então a planta cresce, dá novos rebentos e ganha a forma de uma árvore ou de uma lindíssima flor. E tudo isso porque recebe a água viva da Palavra que faz surgir a vida e a mantém para a eternidade.
«Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que eu lhe der há de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna».


As palavras de Jesus são dirigidas a todos nós, que andamos sedentos neste mundo. São para aqueles que têm consciência da sua aridez espiritual e ainda sentem a pungência da sede, e também para aqueles que já nem sequer sentem a necessidade de ir beber à fonte da verdadeira vida, nem aos grandes valores da humanidade.
Mas, afinal, Jesus dirige um convite a todos os homens e mulheres de agora, revelando onde podemos encontrar a resposta para as nossas inquietações, e a satisfação total dos nossos desejos.
Todos nós, então, só temos que ir beber às Suas Palavras e deixar­-nos embeber pela Sua mensagem.
De que modo?
Reevangelizando a nossa vida, confrontando-a com as Suas Palavras, procurando pensar com o pensamento de Jesus e amar com o Seu coração. Cada momento em que procuramos viver o Evangelho é como se bebêssemos uma gota daquela água viva. Cada gesto de amor para com o nosso próximo é um gole daquela água.
Sim, porque aquela água tão viva e preciosa tem isto de especial: torna-se uma fonte no nosso coração todas as vezes que vivemos o amor para com todos. A fonte de Deus é uma fonte que oferece água, na medida em que o seu veio profundo servir para saciar a sede aos outros, com pequenos ou grandes gestos de amor.
«Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que eu lhe der há de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna».
Portanto, compreendemos que, para não sofrermos a sede, te­mos que oferecer aos outros a água viva que formos buscar a Ele em nós mesmos. Bastará uma palavra, um sorriso, um simples gesto de solidariedade, para voltarmos a dar, a nós mesmos, uma sensação de plenitude, de satisfação profunda, um jorro de alegria. E, se continuarmos a dar, esta fonte de paz e de vida fará nascer, em nós, água com uma abundância cada vez maior, sem nunca se secar.
E há também um outro segredo que Jesus nos revelou, uma espécie de poço sem fundo aonde podemos ir beber. Quando dois ou três se unirem no Seu nome, amando-se com o mesmo amor de Jesus, Ele está no meio deles (cf. Mt 18, 20). E é então que nos sentimos livres, unidos, cheios de luz, e veremos correr rios de água viva do nosso coração (cf. Jo 7, 38). É a promessa de Jesus que se realiza, porque é d’Ele mesmo, presente no meio de nós, que jorra a água que sacia a sede por toda a eternidade.
Publicada em Città Nuova, 2002/4, p.7.

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