sábado, 29 de dezembro de 2012
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Cristianismo não é coisa fácil que se consiga a dormir. Ser cristão é empenhar-se profundamente, até às últimas consequências, na construção do Reino de Deus. É fazê-lo crescer em toda a parte, a toda a hora, em casa, na escola, no emprego, no convívio, em toda a parte onde estivermos e pudermos chegar. Como o Filho de Deus o fez, encarnado em Jesus Cristo, vivendo connosco o nosso drama. Ele não nos libertou comodamente. Da mesma maneira, o havemos de fazer aos nossos irmãos.
D. Manuel Clemente, bispo do Porto
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Dezembro de 2012
Chiara Lubich
«A quantos O receberam, (…) deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1, 12)
Esta é a grande novidade que Jesus anunciou e ofereceu à humanidade: a filiação divina. Tornar-se filhos de Deus mediante a graça.
Mas como e a quem é dada esta graça? «A quantos O receberam» e a quantos O hão de receber ao longo dos séculos. É preciso recebê-Lo na fé e no amor, acreditando em Jesus como nosso Salvador.
Mas tentemos compreender mais profundamente o que significa ser filhos de Deus.
Basta observar Jesus, o Filho de Deus, e a sua relação com o Pai: Jesus invocava o seu Pai como no “Pai-Nosso”. Para ele o Pai era “Abbá”, ou seja, o paizinho, o papá, a quem se dirigia com tons de infinita confidência e de extremo amor.
Mas, já que tinha vindo à Terra por nossa causa, não se limitou a estar só Ele nessa condição privilegiada. Ao morrer por nós, redimindo-nos, tornou-nos filhos de Deus, seus irmãos e suas irmãs, e deu-nos, também a nós, mediante o Espírito Santo, a possibilidade de sermos introduzidos no seio da Trindade. De maneira que também nós podemos usar aquela Sua divina invocação: «Abbá, Pai!» (Mc 14, 36 – Rm 8, 15), ou seja, “papá, meu paizinho”, nosso paizinho, com tudo o que isso representa: certeza da sua proteção, segurança, abandono no seu amor, consolações divinas, força, ardor. O ardor que nasce no coração de quem tem a certeza de ser amado.
«A quantos O receberam, (…) deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus». (Jo 1, 12)
Aquilo que nos une a Cristo e nos faz ser, com Ele, filhos no Filho é o batismo e a vida da graça que recebemos com o batismo.
Nesta passagem do Evangelho está também referido o dinamismo profundo desta “filiação”, que se deve atuar dia após dia. Com efeito, é necessário «tornar-se filhos de Deus».
Tornamo-nos, crescemos como filhos de Deus, quando correspondemos à Sua oferta, vivendo a Sua vontade, que está toda concentrada no mandamento do amor: amor a Deus e amor ao próximo.
Receber Jesus significa, pois, reconhecê-Lo em todos os nossos próximos. E também eles poderão ter a oportunidade de reconhecer Jesus e de acreditar n’Ele se, no amor que lhes demonstrarmos, descobrirem uma parcela, uma centelha do amor infinito do Pai.
«A quantos O receberam, (…) deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus». (Jo 1, 12)
Neste mês, em que recordamos, de modo especial, o nascimento de Jesus nesta Terra, procuremos aceitar-nos reciprocamente, vendo e servindo o próprio Cristo uns nos outros.
E então uma corrente de amor recíproco, de conhecimento e de vida, como a que liga o Filho ao Pai no Espírito, se instaurará também entre nós e o Pai, e sentiremos aflorar sempre e de novo nos nossos lábios a invocação de Jesus: «Abbá, Pai».
Publicada em Città Nuova, 1998/22, p. 37.
sábado, 10 de novembro de 2012
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Beata Isabel da Santíssima Trindade
Aos catorze anos sentiu-se irresistivelmente atraída
por Jesus. Aos 18 a sua mãe pretendeu casá-la com um esplêndido noivo, mas
Isabel respondeu: «o meu coração já não está livre, dei-o ao Rei dos reis,
já dele não posso dispor». O desgosto da mãe foi grande. Mas foi mais
amargo quando soube que Isabel queria entrar no Carmelo, que tantas vezes
tinham visitado, pois ficava ali a dois passos. A mãe apenas consentiu a
entrada da filha no Carmelo quando alcançou a maioridade, aos 21 anos. No dia 2
de Agosto de 1901, Isabel entra definitivamente nessa bela montanha do Carmo
que pela sua solidão e beleza a atraiu irresistivelmente. A partir de então o
seu nome será Irmã Isabel da Santíssima Trindade. «Gosto tanto do mistério
da Santíssima Trindade! É um abismo no qual me perco. Deus em mim, eu n’Ele. É
o grande sonho da minha vida. Para uma carmelita viver é estar em comunhão com
Deus desde a manhã até à noite, e desde a noite até de manhã. Se Deus não
enchesse as nossas celas e os nossos claustros, oh!, como tudo seria vazio! Mas
é Ele que enche toda a nossa vida fazendo dela um céu antecipado».
Memória litúrgica: 8 de Novembro
Breve
Biografia
Isabel Catez nasceu, no campo militar de Avor, perto
de Bourges, França. O seu pai era capitão do exército francês. Desde muito cedo
que Isabel mostrou ser uma criança turbulenta, muito viva, faladora, precoce e
de temperamento colérico. A sua mãe quando fala dela nalgumas cartas chama-a
«autêntico diabinho». E a sua irmã não hesita em escrever que era «um
verdadeiro diabo». Chega mesmo a dizer que era tão violenta que os familiares a
ameaçaram enviar para uma casa de correcção. No entanto, a sua mãe, atenta,
soube modelar a fúria de Isabel e fazer sobressair nela a ternura e docilidade.
E de tal maneira a ternura ganhou terreno que o maior castigo de Isabel
acontecia quando a sua mãe, à noite, se despedia dela sem lhe dar um beijo.
Então, Isabel compreendia que não se tinha portado bem, e, meditando fazia
exame de consciência e corrigia-se. Isabel era ainda uma criança quando a sua
família se mudou para a cidade de Dijon. Aqui Isabel perdeu o pai tão querido
que a morte lhe roubou. O
dia da primeira comunhão, a 19 de Abril de 1891, foi «o grande dia» da vida de
Isabel. Tinha então 10 anos, pois nascera no dia 18 de Julho de 1880. Estudou
piano desde os 8 anos de idade no Conservatório, vindo a tornar-se uma
«excelente pianista», segundo expressão do seu professor de música. Participou
em concertos organizados, e, os jornais falaram do seu grande talento ainda mal
a menina Catez chegava aos pedais do piano. Entre músicas e festivais, bailes,
férias e diversões foram decorrendo os anos de Isabel.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Novembro de 2012
Chiara Lubich
«Se alguém Me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada» (Jo 14, 23).
Escrita em 2001
Esta frase faz parte de um dos grandes e intensos discursos de despedida que Jesus faz aos apóstolos. Jesus promete-lhes, aliás, que o voltariam a ver, porque Ele se haveria de manifestar àqueles que o amam.
Judas (não o Iscariotes) pergunta-Lhe então porque é que se iria manifestar só a eles e não em público. O discípulo gostava de uma grande manifestação externa de Jesus, que poderia mudar a História e seria mais útil – na sua opinião – para a salvação do mundo. De facto, os apóstolos pensavam que Jesus era o tão esperado profeta dos últimos tempos, que haveria de aparecer, revelando-se diante de todos como o Rei de Israel e, colocando-se à frente do povo de Deus, instauraria definitivamente o Reino do Senhor.
Mas Jesus responde que a sua manifestação não iria dar-se de modo espetacular e externo. Seria uma simples, extraordinária “vinda” da Trindade ao coração dos fiéis, que se realiza onde existir fé e amor.
Com esta resposta, Jesus esclarece de que modo ficará presente no meio dos seus, depois da Sua morte, e explica como será possível estar em contacto com Ele.
«Se alguém Me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada».
Portanto, Jesus pode estar presente, desde já, nos cristãos e no meio da comunidade. Não é preciso esperar pelo futuro. O templo que contém esta Sua presença não é tanto aquele feito de paredes, mas o próprio coração do cristão, que se torna, deste modo, o novo tabernáculo, a morada viva da Santíssima Trindade.
«Se alguém Me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada».
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Oração diante do Crucifixo de São
Damião
Deus altíssimo e glorioso,
vinde iluminar as
trevas do meu coração;
dai-me uma fé recta,
uma esperança solida
e uma
caridade perfeita;
fazei-me sentir e conhecer,
para que possa
cumprir
a Vossa santa vontade
a Vossa santa vontade
que apenas quer o meu bem.
Amen.
São Francisco de Assis
São Francisco de Assis
terça-feira, 16 de outubro de 2012
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Deus Eterno e Omnipotente,
Pai,
Filho e Espírito Santo,
que
nos criastes à Vossa Imagem e semelhança e
de
quem somos morada de eleição.
De
Quem nascemos e para Quem caminhamos,
que
nos amais com amor sem medida
e
de Quem recebemos o «tesouro», a «pérola preciosa» da Fé.
Nós
acreditamos em Vós, mas aumentai, em nós, o dom da Fé.
As
nossas limitações impedem-nos de Vos conhecer e amar plenamente,
concedei-nos
um coração humilde e sincero que de Vós
se aproxime.
Nós
acreditamos em Vós, mas aumentai, em nós, o dom da Fé,
pois
queremos conhecer-Vos e amar-Vos cada vez mais.
Nós
acreditamos em Vós, mas aumentai, em nós, o dom da Fé,
pois
queremos reconhecer, com um olhar sempre novo,
as
maravilhas que realizais por nós.
Nós
acreditamos em Vós, mas aumentai, em nós, o dom da Fé
e tornai-nos sinal vivo da
Vossa presença no mundo.
Nós acreditamos em Vós, mas
aumentai, em nós, o dom da Fé
e concedei-nos que
acreditemos em Vós,
mesmo correndo o risco da
perseguição, da dor e até da morte.
Nós
acreditamos em Vós, mas aumentai, em nós, o dom da Fé
e concedei-nos a beleza e a
alegria de sermos cristãos.
Nós
acreditamos em Vós, mas aumentai, em nós, o dom da Fé,
para
reconhecer na Eucaristia a fonte da nova evangelização
e
ser Vossas testemunhas autênticas.
Acreditamos
em Vós, Deus Pai Criador.
Acreditamos
em Vós, Deus Filho Salvador, nascido da Virgem,
morto
e ressuscitado por nosso amor.
Acreditamos
em Vós, Deus Espírito Santo, Senhor que dá a Vida.
Acreditamos
na Vossa Igreja que é Católica,
no Perdão dos Pecados, na comunhão
dos Santos,
na Ressurreição da Carne e na
Vida Eterna.
Senhor,
Deus Eterno e Omnipotente,
Pai,
Filho e Espírito Santo,
nós
acreditamos em Vós, mas aumentai, em nós, o dom da Fé.
P.
Marcelino José Moreno Caldeira
(Borba, 9 e 11.10.2012)
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
"O dia em que compreendi isto (a presença da Trindade no céu da sua alma) tudo se iluminou no meu interior e queria contar muito baixinho este segredo a todos os que amo para que também eles se unam a Deus."
"Esta intimidade com Ele no interior foi o formoso sol que iluminou a minha vida convertendo-a num céu anticipado. E isso é o que me sustem hoje no meio dos sofrimentos.
Não tenho medo da minha debilidade... porque o Deus forte está em mim".
Beata Isabel da Santíssima Trindade
terça-feira, 9 de outubro de 2012
"Oh Trindade eterna! Vós sois um mar sem fundo no qual, quanto mais me afundo, mais Vos encontro, e quanto mais Vos encontro, mais ainda Vos procuro. De Vós jamais se pode dizer: basta! A alma que se sacia nas Vossas profundidades, deseja-Vos sem cesar, porque sempre está desejosa de ver a luz na Vossa luz".
Santa Catarina de Sena
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
“O cristão não deve ser morno, este é o mais grave perigo para o cristianismo de hoje.
A fé, implica um risco de morte
e capacidade de sofrer por aquilo em que se acredita.
Isto garante a credibilidade:
a confissão implica a disponibilidade de dar a minha vida, de aceitar o sofrimento”.
A confissão da Fé “é o primeiro alicerce da evangelização”.
Bento XVI, Discurso inaugural da Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, 8.Outubro.2012
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Outubro de 2012
Chiara Lubich
«Porque Tu o dizes, lançarei as redes» (Lc 5, 5)
Quando acabou de ensinar, sentado no barco de Simão, Jesus disse a ele e aos seus companheiros para lançarem as redes ao mar. Simão, depois de afirmar que durante toda a noite tinham trabalhado em vão, acrescentou: «Porque Tu o dizes, lançarei as redes».
E, lançando as redes, estas ficaram de tal modo cheias de peixe que se iam rompendo. Vieram então alguns companheiros ajudá-lo e também eles encheram os seus barcos a ponto de quase se afundarem. Simão, estupefacto – como também Tiago e João, seus companheiros –, lançou-se então aos pés de Jesus, pedindo-lhe que se afastasse dele, que era pecador. Mas Jesus disse-lhe para não temer: a partir daquele momento tornar-se-ia pescador de homens E, no mesmo instante, Simão, Tiago e João tornaram-se seus discípulos.
Este é o episódio da pesca milagrosa, que simboliza a futura missão dos Apóstolos. O comportamento de Pedro é modelo, não só para os outros Apóstolos e para aqueles que lhe sucederam, mas também para cada cristão.
«Porque Tu o dizes, lançarei as redes». (Lc 5, 5)
Depois de uma noite infrutífera, Pedro, especialista em pesca, poderia ter sorrido e recusado aceitar o convite de Jesus a lançar as redes de dia, o momento menos adequado. Pelo contrário, passando por cima do seu modo de pensar, confiou em Jesus.
Esta é uma situação típica pela qual também hoje cada crente, precisamente por ser crente, é chamado a passar. De facto, a sua fé é posta à prova de mil maneiras.
Seguir Cristo significa decisão, empenho e perseverança, ao passo que, neste mundo em que vivemos, tudo parece convidar ao relaxamento, à mediocridade, ao “deixar andar”. A tarefa parece demasiado grande, impossível de alcançar, e, já à partida, destinada a fracassar.
É preciso, então, ter a força de ir em frente, de resistir ao ambiente, ao contexto social, aos amigos, aos media.
É uma dura prova a combater dia após dia, ou melhor, hora após hora.
Mas, se a enfrentarmos e a aceitarmos, ela poderá servir para nos fazer amadurecer como cristãos, para nos fazer experimentar que as extraordinárias palavras de Jesus são verdadeiras, que as Suas promessas se realizam, que se pode iniciar na vida uma aventura divina muito mais fascinante do que todas as outras que possamos imaginar. Podemos ser testemunhas, por exemplo, de que – enquanto no mundo a vida é, muitas vezes, penosa, monótona e infrutífera – Deus enche de bens quem O segue: dá o cêntuplo nesta vida, além da vida eterna. É a pesca milagrosa que se renova.
«Porque Tu o dizes, lançarei as redes». (Lc 5, 5)
Como pôr em prática, então, esta Palavra?
Fazendo também nós a escolha de Pedro: «Porque Tu o “dizes”...». Ter confiança na Sua Palavra, nunca duvidar daquilo que Ele pede. Pelo contrário: basear o nosso comportamento, a nossa atividade, a nossa vida na Sua Palavra.
A nossa existência colocará os seus alicerces no que há de mais sólido e seguro. Iremos contemplar estupefactos que, precisamente quando todas as forças humanas escasseiam, Ele intervém. E que ali, onde humanamente é impossível, nasce a Vida.
(Escrita em 1983)
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Fábula do
belo cacho de uvas…
(alegoria
sobre a vida consagrada)
“«Nada
temas, porque Eu te resgatei,
e
te chamei pelo teu nome;
tu
és meu.»
(Is. 43, 1)
Época das vindimas. As vinhas estão
carregadas de belos e atractivos cachos de uvas… o Bondoso Vindimador, munido
da sua tesoura de poda, prepara-se para colher um belo cacho de uvas. Grande,
cheio de belas e luzidias uvas, todas sadias, no auge da sua frescura … mesmo
no ponto.
Ao ver que se aproxima a tesoura, o belo cacho
lamenta-se e recusa-se a ser colhido:
- Ó Bondoso Vindimador, porque queres
separar-me da minha cepa?! Não o faças, foi ela que me deu a vida, alimentou,
fez crescer e tornou neste belo e apetitoso cacho… não me colhas.
O Bondoso Vindimador responde:
- Não devo satisfazer a tua vontade, belo
cacho de uvas, tenho planos muito bons para ti… vais encher de alegria o
coração dos Homens. Se te deixo ficar na cepa, com o tempo vais perder a
beleza, o frescor e acabarás por secar, sem ter sido útil a ninguém. É isso que
queres?
- Não, Bondoso Vindimador – responde o
belo cacho de uvas – podes separar-me da minha cepa, pois quero ser útil e dar
alegria ao coração dos Homens.
E o Bondoso Vindimador colheu o belo
cacho de uvas que entregou ao Experiente Adegueiro.
Chegando à adega, o Experiente Adegueiro,
lança o belo cacho de uvas no tegão e prepara-se para o pisar, a fim de lhe
extrair o aromático e precioso sumo.
Vendo aproximar-se os pés nus do Experiente
Adegueiro, prontos a pisá-lo, o belo cacho de uvas lamenta a sua sorte:
- Ó Experiente Adegueiro, porque me
queres pisar, olha que vais desfazer-me. O meu engaço e grainhas vão separar-se
do meu aromático e precioso sumo… Eu te peço, não o faças.
Ao lamento, do belo cacho de uvas, responde
a voz meiga e firme do Experiente Adegueiro:
- Belo cacho de uvas, não devo satisfazer
a tua vontade, pois tenho planos muito bons para ti, vais encher de alegria o
coração dos Homens. Por isso, tenho que te esmagar, para purificar e separar o teu engaço e grainhaste
do teu doce, aromático e precioso sumo. Se te deixo
ficar no tegão, com o tempo, vais perder a beleza, o frescor e acabarás por
apodrecer, sem ter sido útil a ninguém. É isso que queres?
- Não, Experiente Adegueiro – responde o
belo cacho de uvas – podes pisar-me e separar o engaço e grainhas do meu doce,
aromático e precioso sumo. Quero ser útil e dar alegria ao coração dos Homens.
Então, o Experiente Adegueiro, pisou e
voltou a pisar o belo cacho de uvas, separando cuidadosamente o doce, aromático
e precioso sumo de todas as impurezas.
Quando por fim, purificado o doce,
aromático e precioso sumo do belo cacho de uvas, este foi lançado numa cuba
escura de carvalho e por lá ficou esquecido, o doce, aromático e precioso sumo
do belo cacho de uvas pensou:
- Não sei de que forma, mas o Bondoso
Vindimador e o Experiente Adegueiro disseram-me que devo alegrar o coração dos
Homens… vou aguardar confiante esse momento.
Muito tempo depois, quando parecia que
todos se tinham esquecido do doce, aromático e precioso sumo do belo cacho de
uvas, eis que, num dia de festa alguém o lembrou. O Jovem Servente dirigiu-se
apressado à adega, onde estava a cuba de carvalho, aquela onde repousava
esquecido, mas confiante, o doce, aromático e precioso sumo, do belo cacho de
uvas. Abriu a torneira da cuba, pronto a encher um grande e cristalino jarro de
vidro com o generoso vinho…
- Ó Jovem Servente – diz o generoso vinho
– não me lances no cristalino jarro de vidro, estou tão bem aqui na cuba de
carvalho, tão tranquilo e sossegado, deixa-me ficar…
Ao lamento do generoso vinho, responde a
voz Jovial do Servente:
- Generoso vinho, não devo satisfazer a
tua vontade, pois tenho planos muito bons para ti, vais encher de alegria o
coração dos Homens. Por isso, tenho que te tirar do teu repouso e servir-te aos
convivas que aguardam …. Se te deixo ficar na cuba de carvalho, com o tempo
vais perder a beleza, o bom aroma e acabarás por azedar, sem ter sido útil a
ninguém. É isso que queres?
- Não, Jovem Servente – respondeu o
generoso vinho – podes servir-me aos convivas, quero ser útil e dar alegria ao
coração dos Homens.
O generoso vinho, do doce, aromático e
precioso sumo, do belo cacho de uvas é servido abundantemente, pelo Jovem Servente,
aos convivas que se alegram ao bebê-lo… este, muito feliz, pensa:
- Que alegria, ainda bem que confiei no
Bondoso Vindimador, no Experiente Adegueiro e me deixei servir pelo Jovem Servente…
assim, posso ser útil e dar alegria ao coração dos Homens.
Moral da história:
-
No Bondoso Vindimador, no Experiente Adegueiro e no Jovem Servente: Deus Uno e
Trino, que quer fazer da nossa, uma vida bela, doce, aromática, preciosa,
generosa e feliz. Uma vida luminosa que se gasta, sem reservas, para o bem dos irmãos, “14...para louvor da Sua glória...” (Ef
1, 14).
- Para que tal aconteça, é forçoso, tomar a
cruz e segui-lo (cf.
Lc 9, 23); confiar
n’Ele e fazer o que nos diga
(cf. Jo 2,
5); deixarmo-nos separar da cepa: “29…quem deixar casa, irmãos,
irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa do Evangelho, 30receberá
cem vezes mais agora, no tempo presente, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e
filhos, e campos, juntamente com perseguições, e, no tempo futuro, a vida
eterna” (Mc 10, 29-30);
permitir que nos esmague no tegão: “25...purificar-te-ei no
crisol, eliminarei de ti todas as escórias.” (Is 1, 25); deixando
que nos sirva para bem dos irmãos, pois há
mais felicidade em darmo-nos do que em receber (cf. Act 20, 35).
-
Só assim, a nossa existência ganha sentido, e pelos frutos de santidade que
dela brotem, se torna útil e agradável a Deus e aos irmãos, porque imagem e
reflexo da vida do próprio Deus: “20Já
não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Pois, “42uma só coisa é
necessária” (Lc 10, 42), DEUS: “1...já que
fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo,
sentado à direita de Deus. 2Aspirai às coisas do alto e não às
coisas da terra. 3Vós morrestes e a vossa vida está escondida com
Cristo em Deus” (Cl
3, 1-3).
-
É que, “18Estou convencido de
que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que há-de
revelar-se em nós.” (Rm
8, 18)
Borba
21 e 22 de Setembro de
2012
P. Marcelino José Moreno Caldeira
P. Marcelino José Moreno Caldeira
domingo, 2 de setembro de 2012
Setembro de 2012
Chiara Lubich
«Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que eu lhe der há de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna» (Jo 4, 13-14).
A conversa de Jesus com a Samaritana, perto do poço de Jacob, é uma verdadeira pérola do Evangelho. Jesus fala da água como o elemento mais simples, mas que, no fundo, é o mais desejado e mais vital para quem está em contacto com o deserto. Jesus não precisava de dar muitas explicações para fazer compreender o que significava a água.
A água da fonte serve para a nossa vida natural, ao passo que a água viva, de que Jesus fala, serve para a vida eterna.
Tal como o deserto só floresce depois de uma chuva abundante, também as sementes sepultadas em nós desde o Baptismo só podem germinar se forem regadas com a Palavra de Deus. Então a planta cresce, dá novos rebentos e ganha a forma de uma árvore ou de uma lindíssima flor. E tudo isso porque recebe a água viva da Palavra que faz surgir a vida e a mantém para a eternidade.
«Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que eu lhe der há de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna».
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
“…
concedei-nos a graça de aspirarmos sempre às coisas do alto…” (da Oração
Colecta da Solenidade da Assunção de Nª Srª), “… fazei que os nossos corações, inflamados
na caridade, se dirijam continuamente para Vós...” (Oração Sobre as Oblatas da
Solenidade da Assunção de Nª Srª), “O
templo de Deus abriu-se no Céu ... Apareceu no Céu um sinal grandioso: ... E
apareceu no Céu outro sinal: … A cauda arrastava um terço das estrelas do céu …
E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: ...” (cf. Ap 11, 19a; 12,
1-6a.10ab).
Aos
mais distraído, pode parecer que os textos da Missa da Solenidade da Assunção
da Bem-Aventurada Virgem Santa Maria, convidam a comunidade cristã a assumir
uma atitude de alienação frente à vida: “aspiremos às coisas do alto”, “que os
nossos corações se dirijam continuamente para Vós”, “Céu… Céu… Céu… Céu e Céu…”.
Mas
de facto, não é assim… A necessidade absoluta de Deus e das “coisas” do alto
que, o Bom Deus plantou no nosso coração e que, a solenidade da Assunção de
Nossa Senhora nos convida a valorizar, alimentar e fazer crescer, não nos
aliena. Pelo contrário, mergulhando em Deus e na Sua vida, o nosso olhar
purifica-se de interesses mesquinhos e humanos, passamos a ver com os olhos do
próprio Deus, o que nos torna mais sensíveis às dores e necessidades da Terra.
O que faz de cada cristão, gente mais solidária, gente em quem desabrocha uma
necessidade absoluta de se empenhar na construção de um mundo melhor, mais
humano, mais luminoso e belo. De um mundo que seja transparência do Rosto de
Deus.
De
Maria, aprendamos a ser e viver assim… pois, o Seu canto do Magníficat brota de
um coração e de uma vida completamente encantados, enamorados, necessitados e
cheios do Deus de quem é Filha, Mãe e Esposa.
Contudo
e, mesmo se, como o girassol, não pode viver e deixar de nutrir-se de Deus Seu Salvador que
poisou sobre ela o Seu Olhar (cf. Lc 1, 48), “pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha” (Lc
1, 39) e “ficou junto de Isabel cerca de
três meses” (Lc 1, 56) para lhe valer, a aliviar e servir.
Maria, foi certamente o modelo e fonte
de inspiração do Beato Domingos de Borba. Deixando-se aprisionar por uma
necessidade absoluta de Deus, permitiu que a Graça lhe dilatasse o coração à
medida do universo, por isso se lançou na “divina aventura” de partir para o
Brasil, pois não conseguia conter o que lhe ia no coração e deixar de dizer a todos que Deus os ama, mesmo
correndo o risco de dar a vida, por causa do Evangelho, como veio a
verificar-se.
Maria, foi certamente o modelo e fonte
de inspiração da Serva de Deus Madre Isabel Caldeira. Tendo-se alimentado
com o Pão dos Anjos, permitiu que a Graça lhe plantasse no coração uma “gostosa
fome” que a levou a dar-se e gastar-se por inteiro aos serviço dos mais pobres dos pobres,
reconhecendo neles o rosto de Deus e sendo junto deles presença maternal da “Toda
Pura”.
Maria, foi certamente o modelo e fonte
de inspiração de Santa Beatriz da Silva. Deixando-se encantar pela Beleza
absoluta de Deus, permitiu que a Graça a chamasse e levasse ao deserto para a desposar e lhe falar ao
coração (cf. Os 2, 16), vivendo escondida e oculta, procurando a Deus e
cantando os seus louvores, reproduzindo na sua vida, a vida da Imaculada, oferecendo
a sua vida como oblação ao Deus Uno e Trino, em favor da inteira cidade humana. Viveu gritando a todos, a partir do silêncio do claustro que, Deus é o segredo, o
tesouro escondido no campo, a pérola preciosa (cf. Mt 13, 44-46) pelos quais
vale a pena deixar tudo. Absolutamente tudo. Tornando-se assim, fonte de
graça para todos.
Virgem elevada ao Céu em Corpo e alma,
fazei que, “aspiremos às
coisas do alto”,
mergulhemos no seio da Trindade que nos habita
e, purificado o
nosso olhar, passemos a ver com os olhos de Deus
e nos lancemos apressadamente
pelos caminhos do mundo,
empenhando-nos na construção de um mundo melhor,
mais
humano, mais luminoso e belo.
De um mundo que seja transparência do Rosto de
Deus
de que Sois Filha, Mãe e Esposa.
Ámen.
Ámen.
Borba,
14 de Agosto de 2012
P. Marcelino José Moreno Caldeira
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