sábado, 5 de abril de 2008

PALAVRA DE VIDA
Abril 2008
Chiara Lubich
«A paz será obra da justiça, e o fruto do direito será a tranquilidade e a segurança para sempre» (Is 32, 17).
«Uma vez mais virá sobre nós o Espírito do Alto. Então o deserto se converterá em jardim, e o jardim será como uma floresta». É assim que começa o texto de onde é tirada a Palavra de Vida deste mês. O profeta Isaías, na segunda metade do século VIII antes de Cristo, anuncia um futuro de esperança para a Humanidade. Será quase como uma nova criação, um novo «jardim», habitado pelo direito e pela justiça, de onde vêm a paz e a segurança.
Esta nova era de paz (shalom) será obra do Espírito divino - força de vida capaz de renovar a Criação - e, ao mesmo tempo, será fruto do respeito pelo pacto entre Deus e o Seu povo e entre os membros do próprio povo, tornando-se inseparável a comunhão com Deus e a comunidade dos homens.
«A paz será obra da justiça, e o fruto do direito será a tranquilidade e a segurança para sempre»
As palavras de Isaías são um apelo à necessidade de um compromisso sério e responsável de seguir as normas comuns da convivência civil que, ao impedirem o individualismo egoísta e a anarquia, favorecem a coexistência harmoniosa e a actividade orientada para o bem comum.
Será possível viver segundo a justiça e praticar o direito? Sim, na condição de reconhecermos todas as outras pessoas como irmãos e irmãs e de vermos a humanidade como uma familia, no espírito da fraternidade universal.
E como é que isto pode ser possível sem a presença de um Pai comum a todos? No ADN de cada pessoa, por assim dizer, Ele já inscreveu a fraternidade universal. De facto, aquilo que um pai mais deseja é que os filhos se tratem como irmãos e irmãs, se estimem, se amem. Por isso, o "Filho" por excelência do Pai, O Irmão de cada pessoa, veio e deixou-nos como norma, para a nossa convivência social, o amor recíproco. Respeitar as regras do civismo, cumprir o nosso dever, são expressões do nosso amor. O amor é a norma mais importante de todo o agir, aquela que anima a verdadeira justiça e constrói a paz. As nações precisam de leis cada vez mais adequadas às necessidades da vida social e internacional, mas, sobretudo, precisam de homens e mulheres que se organizem segundo a caridade. Esta organização é justiça, e só segundo essa perspectiva é que as leis têm valor.
«A paz será obra da justiça, e o fruto do direito será a tranquilidade e a segurança para sempre»
Como viver, então, a Palavra de Vida durante este mês? Dedicando-nos com um zelo ainda maior aos deveres profissionais, à ética, à honestidade, à legalidade. Considerando as outras pessoas como se fossem da nossa família, e que, por isso, esperam de nós atenção, respeito, uma atitude solidária. Se na base da nossa vida, nos nossos relacionamentos com o próximo, pusermos a mútua e continua caridade (que precede todas as coisas), como a mais perfeita expressão do nosso amor para com Deus, então a nossa justiça será mesmo agradável a Deus.
«A paz será obra da justiça, e o fruto do direito será a tranquilidade e a segurança para sempre»
Um polícia do Sul da Itália - por uma opção de solidariedade para com as pessoas mais necessitadas da sua cidade - decidiu ir viver com a sua família num dos bairros económicos construídos há pouco tempo: as ruas são de terra batida, não há iluminação pública, não existe água canalizada, nem esgotos. E, quanto a serviços sociais e transportes públicos, nem se fala! ...
«Procurámos criar com cada família e morador do bairro - conta ele - uma relação de conhecimento e de diálogo, tentando diminuir o abismo entre os cidadãos e a administração pública. Pouco a pouco, os cerca de três mil habitantes do bairro tornaram-se sujeitos activos, na relação com as instituições públicas, através de uma comissão criada para esse efeito. Conseguiu-se obter, da administração regional, a aplicação pública de uma grande soma para o saneamento do bairro, que agora se tornou um bairro-piloto. Isto deu origem a actividades formativas para os representantes de todas as comissões de bairros da cidade».

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