quarta-feira, 1 de agosto de 2012

PALAVRA DE VIDA
Agosto de 2012
Chiara Lubich
«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». (Mt 13, 12)
Esta foi a resposta de Jesus aos seus discípulos, quando Lhe perguntaram porque é que falava por meio de parábolas. Ele explica que nem a todos é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas só às pessoas bem preparadas, àquelas que aceitam as Suas palavras e as vivem.
De facto, entre os seus ouvintes, estavam pessoas que fechavam voluntariamente os olhos e os ouvidos de forma que «vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem compreender» (Mt 13, 13). São aqueles que vêem e ouvem Jesus mas, pensando que já conhecem toda a verdade, não acreditam nas Suas palavras, nem nos factos que as confirmam. E, assim, acabam por perder até aquele pouco que têm.
«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». (Mt 13, 12)
Qual é, então, o significado desta frase de Jesus? Ele convida-nos a abrir o nosso coração à Palavra que nos veio anunciar, e da qual nos pedirá contas no fim da vida.
Os escritos evangélicos mostram-nos que o anúncio desta Palavra está no centro de todos os desejos e de toda a atividade de Jesus. Nós vemo-Lo ir de aldeia em aldeia, pelas estradas, pelas praças, pelos campos, entrar nas casas, nas sinagogas, para anunciar a mensagem da salvação, dirigindo-se a todos, mas sobretudo aos pobres, aos humildes, àqueles que tinham sido marginalizados. Ele compara a sua Palavra à luz, ao sal, ao fermento, a uma rede lançada ao mar, à semente semeada no campo. E irá dar a vida para que o fogo, que a Palavra contém, se alastre.
«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». (Mt 13, 12)
Jesus espera que a Palavra, que Ele anunciou, produza a transformação do mundo. Por isso, não aceita que, diante desse anúncio, se possa permanecer neutro, apático ou indiferente. Não admite que, depois de se receber uma riqueza tão grande, se possa permanecer improdutivo.
E, para sublinhar esta sua exigência, Jesus reafirma aqui uma sua lei, que está na base de toda a vida espiritual: se alguém puser em prática a sua Palavra, Ele introduzi-lo-á, cada vez mais, nas riquezas e nas alegrias incomparáveis do seu Reino. Pelo contrário, se alguém não fizer caso desta Palavra, Jesus tirar-lha-á e confiá-la-á a outros, para que a façam frutificar.
«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». (Mt 13, 12)
Esta Palavra de Vida põe-nos, portanto, de sobreaviso contra uma falta grave em que podemos cair: isto é, considerar o Evangelho unicamente como objeto de estudo, de admiração, de discussão, mas sem o pôr em prática.
Pelo contrário, Jesus espera que nós recebamos a Palavra e a encarnemos dentro de nós, fazendo com que se torne a força que alimenta todas as nossas atividades. E, assim, através do testemunho da nossa vida, será aquela luz, aquele sal, aquele fermento que, pouco a pouco, vai transformando a sociedade.
Tomemos, então, em evidência, durante este mês, uma das muitas Palavras de Vida do Evangelho e coloquemo-la em prática. E a nossa alegria multiplicar-se-á.
Escrita em 1996 - Publicada em Città Nuova, 1996/12, pp. 32-33

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