segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"... Deus manifestou-Se… como menino. É precisamente assim que Ele Se contrapõe a toda a violência e traz uma mensagem de paz. Neste tempo, em que o mundo está continuamente ameaçado pela violência em tantos lugares e de muitos modos, em que não cessam de reaparecer bastões do opressor e vestes manchadas de sangue, clamamos ao Senhor: Vós, o Deus forte, manifestastes-Vos como menino e mostrastes-Vos a nós como Aquele que nos ama e por meio de quem o amor há-de triunfar. Fizestes-nos compreender que, unidos convosco, devemos ser artífices de paz. Amamos o vosso ser menino, a vossa não-violência, mas sofremos pelo facto de perdurar no mundo a violência, levando-nos a rezar assim: Demonstrai a vossa força, ó Deus. Fazei que, neste nosso tempo e neste nosso mundo, sejam queimados os bastões do opressor, as vestes manchadas de sangue e o calçado ruidoso da guerra, de tal modo que a vossa paz triunfe neste nosso mundo. ..."
Bento XVI,
da Homilia da Missa da Noite de Natal
(24.12.2011)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal do Arcebispo de Évora
Anuncio-vos uma grande alegria
Hoje nasceu para vós um Salvador
Aproxima-se o Natal. Ninguém pode ignorá-lo. Pois nenhuma festa é tão profusa e insistentemente anunciada como a festa de Natal. Nem sempre pelas melhores razões, bem o sabemos. Seja como for, ela é anunciada com muita antecedência e pelos mais poderosos meios de comunicação. Porventura, sem que de tal se dêem conta, dessa forma, evocam o plano salvífico de Deus e confirmam a actualidade do nascimento do Salvador.
O nascimento do Salvador é um facto histórico. Actualmente conhecemos a época e o lugar onde aconteceu. Mas naquele tempo foi anunciado por sinais luminosos e por palavras aos pastores e aos magos. O anúncio foi e ainda é essencial. Pois o nascimento do Filho de Deus não poderia ser fruto do esforço nem da dedução racional dos seres humanos. Aliás, o raciocínio não iria além de um Deus poderoso e justiceiro. E pelo anúncio chegámos ao conhecimento do Deus de amor e misericórdia.
Sem o anúncio, como seria possível reconhecer o Salvador numa criança nascida simbolicamente numa manjedoura, para mais tarde se dar em alimento espiritual aos crentes? Só quem escutou a palavra do anúncio, acreditou nela, se pôs a caminho e encontrou o que lhe fora anunciado poderia reconhecer naquela criança o Salvador, adorá-lo e oferecer-lhe presentes, como prova inequívoca de gratidão e amor sincero. Hoje, como naquele tempo, o anúncio do nascimento do Salvador continua a ser necessário. E há-de ser feito por mensageiros escolhidos e enviados por Deus. Estaremos nós dispostos a ser anunciadores de tão bela mensagem?
Como naquele tempo, a reacção ao anúncio continua a ser muito diversificada. A par das reacções de indiferença, de rejeição ou de hesitação reflexiva também existe a reacção daqueles que escutam o anúncio, acreditam nele e partem prontamente à procura do Salvador, como os pastores e os magos. E poderão encontrá-lo, revestido de humanidade, na pessoa daqueles que pouco ou nada têm e não se abrigam apenas nas grutas de animais. Também os podemos encontrar em barracas, nas camas dos hospitais, nos estabelecimentos prisionais, no vão das escadas, atrás das portas onde mora a solidão e a pobreza envergonhada, nos rostos das crianças carenciadas de afecto e de esperança, nos corações dilacerados pelo abandono e em tantos seres humanos que vagueiam sem rumo no mar alto da vida.
A palavra do anjo continua a ser actual. E é dirigida a todos nós para nos anunciar “uma grande alegria”. O mesmo Salvador que nasceu em Belém, “hoje” continua a nascer na vida daqueles que escutam o anúncio, O reconhecem revestido de humanidade e lhe fazem as suas ofertas, como os pastores e os magos fizeram a Jesus, Filho de Deus e de Maria.
+ José Francisco Sanches Alves
Arcebispo de Évora

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

9º Dia
NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
1. Celebramos (...) a (...) Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, data tão querida ao povo cristão. Ela insere-se bem neste clima do Advento e ilumina com esplendor de luz puríssima o nosso itinerário espiritual rumo ao Natal.
Contemplamos hoje a humilde jovem de Nazaré preservada, com privilégio extraordinário e indizível, da contaminação do pecado original e de qualquer culpa, para poder ser morada digna do Verbo encarnado. Em Maria, nova Eva, Mãe do novo Adão, o admirável e originário desígnio de amor do Pai é estabelecido de maneira ainda mais admirável. Por isso, a Igreja reconhecida aclama: "Através de Ti, Virgem Imaculada, reencontramos a vida: concebeste por obra do Espírito Santo e o mundo recebeu de Ti o Salvador" (Liturgia das Horas, Memória de Santa Maria, sábado, Antífona ao Benedictus).
2. A liturgia de hoje repropõe a narração evangélica da Anunciação. A Virgem, ao responder ao Anjo, proclama: "Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Maria dá o seu consentimento total com a mente e o coração aos arcanos desígnios divinos e dispõe-se a receber, primeiro na fé e depois no seio virginal, o Filho de Deus.
"Eis!". Esta sua adesão imediata à vontade divina constitui um modelo para todos nós, crentes, para que nos grandes acontecimentos, como também nas vicissitudes quotidianas, nos entreguemos totalmente ao Senhor.
Com o testemunho da sua vida, Maria encoraja-nos a acreditar no cumprimento das promessas divinas. Chama-nos ao espírito de humildade, justa atitude interior da criatura em relação ao Criador; exorta-nos a ter total esperança em Cristo, que realiza plenamente o desígnio salvífico, mesmo quando os acontecimentos se demonstram obscuros ou difíceis de aceitar. Como estrela resplandecente, Maria guia os nossos passos ao encontro do Senhor que há-de vir.
3. Caríssimos Irmãos e Irmãs! Dirijamos o olhar para a Imaculada toda Santa e toda Bela. Maria, nossa Advogada, Mãe do "Rei da paz", que esmaga a cabeça da serpente, ajude todos nós, homens e mulheres do terceiro milénio, a resistir às tentações do mal, fortaleça nos nossos corações a fé, a esperança e a caridade a fim de que, fiéis à nossa chamada, saibamos ser, ao preço de qualquer sacrifício, destemidas testemunhas de Jesus Cristo, Porta Santa da salvação eterna.
(Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Beato João Paulo II, "Angelus", 8 de Dezembro de 2000)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

8º Dia
NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
1. Celebramos (...) a (...) Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria. Recordamos a intervenção extraordinária, mediante a qual o Pai celeste preservou do pecado original Aquela que seria a Mãe do seu Filho feito homem. Para Maria, que resplandece no Céu no centro da assembleia dos Beatos, se dirige hoje o olhar de todos os crentes.
Voltam à mente as palavras que Dante, no trigésimo segundo cântico do Paraíso, ouve dirigir a si por São Bernardo, última guia da sua peregrinação ultraterrena: "Volta a olhar para o rosto que tem Cristo / quanto mais se parece: só a sua clareza / unicamente te pode dispor a ver Cristo" (vv. 85-87). É o convite a contemplar o rosto de Maria, porque, mais do que qualquer outra criatura, a Mãe assemelha-se com o Filho Jesus. O esplendor que se irradia daquele rosto pode ajudar Dante a suster o impacto com a visão solene do rosto glorioso de Cristo.
2. Como é preciosa a exortação do Santo Doutor da Igreja para nós peregrinos na terra, enquanto comemoramos com alegria a "Toda Bela"! Mas a Imaculada convida-nos a não determos o nosso olhar sobre ela e a ir além, penetrando na medida do possível o mistério em que foi concebida: isto é, o mistério de Deus Uno e Trino, repleto de graça e de fidelidade. Assim como a lua brilha com a luz do sol, também o esplendor imaculado de Maria é totalmente relativo ao do Redentor. A Mãe envia-nos para o Filho; passando através dela chega-se a Cristo. Por isso, oportunamente, Dante Alighieri observa: "só a sua clareza te pode dispor a ver Cristo".
3. (...) Para ganhar confiança e dar sentido à vida, os homens precisam de se encontrar com Cristo. E a Virgem é a orientação certa para a fonte de luz e de amor que é Jesus: prepara-nos para o encontro com Ele. O povo cristão compreendeu com sabedoria esta realidade de salvação e, dirigindo-se à "Toda Santa", com filial confiança a implora assim: "Iesum, benedictum fructum ventris tui, nobis post hoc exilium ostende. O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria Mostra-nos, depois deste exílio, Jesus, o bendito fruto do teu ventre. Ó clemente, ó pia, ó doce Virgem Maria".
(Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Beato João Paulo II, "Angelus", 8 de Dezembro de 2001)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

7º Dia
NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
1. Com a recitação do "Angelus", repetimos todos os dias três vezes: "Et Verbum caro factum est - O Verbo fez-se homem". No tempo de Advento estas palavras evangélicas assumem um significado ainda mais intenso, porque a liturgia nos faz reviver o clima da expectativa da Encarnação do Verbo. Por isso o Advento oferece o contexto ideal para a solenidade de Maria Imaculada. A humilde jovem de Nazaré, que com o seu "sim" ao anjo mudou o curso da história, foi preservada de qualquer mancha de pecado desde a sua concepção. Foi precisamente ela que beneficiou primeiro da obra de salvação realizada por Cristo, escolhida desde a eternidade para ser Sua mãe.
2. Por esta razão, hoje os nossos olhos permanecem fixos no mistério da sua Imaculada Conceição, enquanto o coração se abre para um cântico geral de agradecimento. A liturgia realça os prodígios que Deus realizou por seu intermédio: "A alegria que Eva nos tirou, tu no-la dás no teu Filho, e abres o caminho para o reino dos céus" (Hino das Laudes). Ao mesmo tempo, somos convidados a imitá-la: Maria agradou a Deus devido à sua dócil humildade. Ao mesmo tempo respondeu: "Ecce Ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum" (Lc 1, 38). "Eis aqui a serva do Senhor"! É com esta mesma disposição interior que os crentes são chamados a acolher a vontade divina em todas as circunstâncias.
3. "Seguimos-Te Virgem Imaculada, atraídos pela tua santidade" (Antífona das Laudes). Assim nos dirigimos hoje a Maria, conscientes das nossas fraquezas, mas com a certeza da sua ajuda materna e constante. (...) Peçamos agora à Virgem Imaculada que ajude todos os cristãos a serem discípulos autênticos de Cristo, para que eles tenham uma fé sempre mais pura, uma esperança mais firme e uma caridade mais generosa.
(Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Beato João Paulo II, "Angelus", 8 de Dezembro de 2002)

domingo, 4 de dezembro de 2011

6º Dia
NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
(...) celebramos a (...) Imaculada Conceição. É [um tempo] de intenso júbilo espiritual, no qual contemplamos a Virgem Maria, "humilde e a mais excelsa das criaturas / ponto fixo de eterno conselho", como canta o sumo poeta Dante (Par., XXXIII, 3). Nela resplandece a eterna bondade do Criador que, no seu desígnio de salvação, a escolheu para ser a mãe do seu Filho unigénito e, em previsão da morte de Cristo, a preservou de toda a mancha de pecado (cf. Oração da Colecta). Desta maneira, na Mãe de Cristo e nossa Mãe realizou-se perfeitamente a vocação de cada ser humano. Todos os homens, recorda o apóstolo Paulo, estão chamados para que sejam santos e sem defeito diante d'Ele, no amor (cf. Ef 1, 4). Ao dirigir o olhar para Nossa Senhora, como não deixar que ela desperte em nós, seus filhos, a aspiração pela beleza, pela bondade, e pela pureza do coração? A sua pureza celestial leva-nos para Deus, ajudando-nos a superar a tentação de uma vida medíocre, feita de compromissos com o mal, para nos orientarmos decididamente para o bem autêntico, que é fonte de alegria. (...)
(Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Bento XVI, "Angelus" - Praça de São Pedro, 8 de Dezembro de 2005)

sábado, 3 de dezembro de 2011

5º Dia
NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
(...) uma das festas mais bonitas e populares da Bem-Aventurada Virgem: a Imaculada Conceição. Maria não só não cometeu pecado algum, mas foi preservada até da herança comum do género humano que é o pecado original. E isto devido à missão para a qual Deus a destinou desde o início: ser a Mãe do Redentor. Tudo isto está contido na verdade da fé da "Imaculada Conceição". O fundamento bíblico deste dogma encontra-se nas palavras que o Anjo dirigiu à jovem de Nazaré: "Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo" (Lc 1, 28).
"Cheia de graça" (...) é o nome mais bonito de Maria, nome que lhe foi conferido pelo próprio Deus, para indicar que ela é desde sempre e para sempre a amada, a eleita, a predestinada para acolher o dom mais precioso, Jesus, "o amor encarnado de Deus" (Enc. Deus caritas est,12).
Podemos perguntar: por que, entre todas as mulheres, Deus escolheu precisamente Maria de Nazaré? A resposta está escondida no mistério insondável da vontade divina. Contudo há uma razão que o Evangelho ressalta: a sua humildade. Ressalta isto muito bem Dante Alighieri no último Canto do Paraíso: "Virgem Mãe, filha do teu Filho, / humilde e alta mais do que criatura, / fim firme do conselho eterno" (Par. XXXIII, 1-3). A própria Virgem no "Magnificat", o seu cântico de louvor, diz isto: "A minha alma glorifica o Senhor... porque pôs os olhos na humildade da sua serva" (Lc 1, 46.48). Sim, Deus foi atraído pela humildade de Maria, porque achou graça diante dos olhos de Deus (cf. Lc 1, 30). Tornou-se assim a Mãe de Deus, imagem e modelo da Igreja, eleita entre os povos para receber a bênção do Senhor e difundi-la a toda a família humana. Esta "bênção" mais não é do que Jesus Cristo. É Ele a Fonte da graça, da qual Maria foi repleta desde o primeiro momento da sua existência. Acolheu Jesus com fé e com amor o deu ao mundo. Esta é também a nossa vocação e a missão da Igreja: acolher Cristo na nossa vida e doá-lo ao mundo, "para que o mundo seja salvo por Ele" (Jo 3,17).
(...) a (...) festa da Imaculada ilumina como um farol o tempo do Advento, que é tempo de vigilante e confiante expectativa do Salvador. Enquanto nos encaminhamos ao encontro do Deus que vem, olhamos para Maria que "brilha como sinal de esperança segura e de consolação aos olhos do Povo de Deus peregrino" (Lumen gentium, 68).
(Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Bento XVI, "Angelus" - Praça de São Pedro, 8 de Dezembro de 2006)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

4º Dia
NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
No caminho do Advento brilha a estrela de Maria Imaculada, "sinal certo de esperança e de conforto" (Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 68). Para chegar a Jesus, luz verdadeira, sol que dissipou todas as trevas da história, precisamos de luzes próximas de nós, pessoas humanas que reflictam a luz de Cristo e iluminam assim o caminho a percorrer. E qual pessoa é mais luminosa do que Maria? Quem pode ser para nós estrela de esperança melhor do que ela, aurora que anunciou o dia da salvação (cf. Enc. Spe salvi, 49)? Por isso, a liturgia nos faz celebrar (...), na proximidade do Natal, a festa solene da Imaculada Conceição de Maria: o mistério da graça de Deus que envolveu desde o primeiro momento da sua existência a criatura destinada a tornar-se a Mãe do Redentor, preservando-a do contágio do pecado original. Olhando para ela, nós reconhecemos a altura e a beleza do projecto de Deus para cada homem: tornar-se santos e imaculados no amor (cf. Ef 1, 4), à imagem do nosso Criador.
Que dom grandioso ter como mãe Maria Imaculada! Uma mãe resplandecente de beleza, transparente ao amor de Deus. Penso nos jovens de hoje, que cresceram num ambiente saturado de mensagens que propõem falsos modelos de felicidade. Estes jovens correm o risco de perder a esperança porque com frequência parecem ser órfãos do verdadeiro amor, que enche a vida de significado e de alegria. Este foi um tema muito querido ao meu predecessor João Paulo II, que muitas vezes propôs Maria à juventude do nosso tempo como "Mãe do belo amor". Infelizmente muitas experiências nos dizem que os adolescentes, os jovens e até as crianças são vítimas fáceis da corrupção do amor, enganados por adultos sem escrúpulos que, mentindo a si mesmos e a eles, os atraem para os becos sem saída do consumismo: também as realidades mais sagradas, como o corpo humano, templo do Deus do amor e da vida, se tornam assim objectos de consumo; e isto acontece sempre mais cedo, já na pré-adolescência. Que tristeza quando os jovens perdem a admiração, o encanto dos sentimentos mais belos, o valor do respeito do corpo, manifestação da pessoa e do seu mistério insondável!
Maria, a Imaculada que contemplamos em toda a sua beleza e santidade, recorda-nos tudo isto. Da cruz Jesus confiou-a a João e a todos os discípulos (cf. Jo 19, 27), e desde então tornou-se Mãe de toda a humanidade, Mãe da esperança. A ela dirigimos com fé a nossa oração, (...). Maria Imaculada, "estrela do mar, brilha sobre nós e guia-nos no nosso caminho!" (Enc. Spe salvi, 50).
(Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Bento XVI, "Angelus" - Praça de São Pedro, 8 de Dezembro de 2007)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

PALAVRA DE VIDA
Dezembro de 2011
Chiara Lubich
«Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas». (Lc 3, 4)

Neste tempo do Advento, aqui está uma nova “palavra”, que somos convidados a viver. O evangelista Lucas foi buscar a frase de Isaías, o profeta da consolação. Para os primeiros cristãos, ela é atribuída a João, o Baptista, que precedeu Jesus.

E a Igreja, neste tempo que antecede o Natal, apresentando – como dizíamos – o Precursor, convida-nos a viver na alegria, porque João Baptista é como um mensageiro que anuncia o Rei. Este, de facto, está para chegar. Aproxima-se o tempo em que Deus cumpre as Suas promessas, perdoa os pecados, dá a salvação.

«Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas». (Lc 3, 4)

Mas, se esta é uma palavra de alegria, é também um convite para uma nova orientação de toda a nossa existência, para uma mudança radical de vida.

O Baptista convida a preparar o caminho do Senhor. Mas qual é esse caminho?

Anunciado pelo Baptista, Jesus, antes de sair para a vida pública e começar a sua pregação, passou pelo deserto. Foi este o Seu caminho. E no deserto, se por um lado encontrou a profunda intimidade com o Seu Pai, encontrou também as tentações – fazendo-se assim solidário com todas as pessoas –, das quais saiu vencedor. E esse mesmo percurso encontramos mais tarde, na Sua morte e ressurreição. Jesus, tendo percorrido o Seu caminho até ao fim, torna-se Ele mesmo “caminho” para nós, que estamos a caminho.

Jesus é o caminho por onde devemos seguir para podermos realizar profundamente a nossa vocação humana, que é entrar na plena comunhão com Deus.

Cada um de nós é chamado a preparar o caminho a Jesus, que quer entrar na nossa vida. É preciso, então, endireitar as veredas da nossa existência, para que Ele possa entrar em nós.

Temos que Lhe preparar o caminho, eliminando, um por um, todos os obstáculos: aqueles que são postos pelo nosso modo limitado de ver as coisas, pela nossa vontade fraca.

Temos de ter a coragem de escolher entre um caminho feito por nós e o que Ele preparou para nós. Entre a nossa vontade e a Sua. Entre um programa querido por nós e aquele que foi pensado pelo Seu amor omnipotente.

E uma vez tomada essa decisão, temos de trabalhar para adaptar a nossa vontade recalcitrante à Sua. Como? Os cristãos realizados ensinam um método bom, prático, inteligente: fazê-lo agora, neste momento.

No momento presente retiremos uma pedra após outra, para que nunca mais viva a nossa vontade em nós, mas sim a Sua.

Assim viveremos a Palavra:

«Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas». (Lc 3, 4)

Palavra de Vida, Dezembro de 1997, publicada em Città Nuova, 1997/22, pp. 32-33.

3º Dia
NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
(...) O mistério da Imaculada Conceição de Maria, (...), recorda-nos duas verdades fundamentais da nossa fé: antes de tudo, o pecado original e, depois, a vitória da graça de Cristo sobre ele, vitória que resplandece de modo sublime em Maria Santíssima. A existência do que a Igreja chama "pecado original", infelizmente é de uma evidência esmagadora, basta olharmos à nossa volta e, em primeiro lugar, dentro de nós. Com efeito, a experiência do mal é tão consistente que se impõe por si só e suscita em nós a pergunta: de onde provém? Especialmente para o crente a questão é ainda mais profunda: se Deus, que é Bondade absoluta, criou tudo, de onde vem o mal? As primeiras páginas da Bíblia (Gn 1-3) respondem exactamente a esta pergunta fundamental, que interpela todas as gerações humanas, com a narração da criação e da queda dos progenitores: Deus criou tudo para a existência, em particular criou o ser humano à sua imagem; não criou a morte, mas ela entrou no mundo por inveja do demónio (cf. Sb 1, 13-14; 2, 23-24), que ao revoltar-se contra Deus, atraiu para o engano também os homens, induzindo-os à rebelião. É o drama da liberdade, que Deus aceita até ao fim por amor, prometendo contudo que haverá um filho de mulher que esmagará a cabeça da antiga serpente (Gn 3, 15).
Por conseguinte, desde o princípio "o eterno conselho" como diria Dante tem um "termo fixo" (
Paraíso, XXXIII, 3): a Mulher predestinada para ser mãe do Redentor, mãe d'Aquele que se humilhou até ao extremo para nos reconduzir à nossa originária dignidade. Esta Mulher, aos olhos de Deus, desde sempre tem um rosto e um nome: "cheia de graça" (Lc 1, 28), como foi chamada pelo Anjo que a visitou em Nazaré. É a nova Eva, esposa do novo Adão, destinada a ser mãe de todos os remidos. Assim escrevia Santo André de Creta: "A Theotókos Maria, o refúgio comum de todos os cristãos, foi a primeira a ser libertada da primitiva queda dos nossos progenitores" (Homilia IV sobre a Natividade, pg 97, 880 a). E a liturgia hodierna afirma que Deus "preparou uma digna morada para o seu Filho e, em previsão da sua morte, preservou-a de toda a mancha de pecado" (Oração da Colecta).
Caríssimos, em Maria Imaculada nós contemplamos o reflexo da Beleza que salva o mundo: a beleza de Deus que resplandece sobre a face de Cristo. Em Maria esta beleza é totalmente pura, humilde, livre de qualquer soberba e presunção. (...)
(Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Bento XVI, "Angelus" - Praça de São Pedro, Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008)