quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

3º Dia
NOVENA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
(...) O mistério da Imaculada Conceição de Maria, (...), recorda-nos duas verdades fundamentais da nossa fé: antes de tudo, o pecado original e, depois, a vitória da graça de Cristo sobre ele, vitória que resplandece de modo sublime em Maria Santíssima. A existência do que a Igreja chama "pecado original", infelizmente é de uma evidência esmagadora, basta olharmos à nossa volta e, em primeiro lugar, dentro de nós. Com efeito, a experiência do mal é tão consistente que se impõe por si só e suscita em nós a pergunta: de onde provém? Especialmente para o crente a questão é ainda mais profunda: se Deus, que é Bondade absoluta, criou tudo, de onde vem o mal? As primeiras páginas da Bíblia (Gn 1-3) respondem exactamente a esta pergunta fundamental, que interpela todas as gerações humanas, com a narração da criação e da queda dos progenitores: Deus criou tudo para a existência, em particular criou o ser humano à sua imagem; não criou a morte, mas ela entrou no mundo por inveja do demónio (cf. Sb 1, 13-14; 2, 23-24), que ao revoltar-se contra Deus, atraiu para o engano também os homens, induzindo-os à rebelião. É o drama da liberdade, que Deus aceita até ao fim por amor, prometendo contudo que haverá um filho de mulher que esmagará a cabeça da antiga serpente (Gn 3, 15).
Por conseguinte, desde o princípio "o eterno conselho" como diria Dante tem um "termo fixo" (
Paraíso, XXXIII, 3): a Mulher predestinada para ser mãe do Redentor, mãe d'Aquele que se humilhou até ao extremo para nos reconduzir à nossa originária dignidade. Esta Mulher, aos olhos de Deus, desde sempre tem um rosto e um nome: "cheia de graça" (Lc 1, 28), como foi chamada pelo Anjo que a visitou em Nazaré. É a nova Eva, esposa do novo Adão, destinada a ser mãe de todos os remidos. Assim escrevia Santo André de Creta: "A Theotókos Maria, o refúgio comum de todos os cristãos, foi a primeira a ser libertada da primitiva queda dos nossos progenitores" (Homilia IV sobre a Natividade, pg 97, 880 a). E a liturgia hodierna afirma que Deus "preparou uma digna morada para o seu Filho e, em previsão da sua morte, preservou-a de toda a mancha de pecado" (Oração da Colecta).
Caríssimos, em Maria Imaculada nós contemplamos o reflexo da Beleza que salva o mundo: a beleza de Deus que resplandece sobre a face de Cristo. Em Maria esta beleza é totalmente pura, humilde, livre de qualquer soberba e presunção. (...)
(Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, Bento XVI, "Angelus" - Praça de São Pedro, Segunda-feira, 8 de Dezembro de 2008)

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