segunda-feira, 1 de agosto de 2011

PALAVRA DE VIDA
Agosto de 2011
Chiara Lubich
"Eis que eu vim para fazer a tua vontade."
(Hb 10, 9)
Esse é um versículo do Salmo 40, que o autor da Carta aos Hebreus coloca nos lábios do Filho de Deus, em diálogo com o Pai. O autor quer ressaltar, desse modo, o amor com que o Filho de Deus se fez homem para realizar a obra da redenção, em obediência à vontade do Pai.
São palavras que fazem parte de um contexto em que o autor quer demonstrar a infinita superioridade do sacrifício de Jesus em relação aos sacrifícios da antiga Lei. Contrariamente a esses últimos, nos quais se ofereciam a Deus, como vítimas, animais ou outras coisas sempre externas ao homem, Jesus, movido por um imenso amor, ofereceu ao Pai, durante a sua vida terrena, a própria vontade, toda a sua pessoa.
"Eis que eu vim para fazer a tua vontade."
(Hb 10, 9)
Essa Palavra nos oferece a chave de leitura da vida de Jesus, ajudando-nos a captar o seu aspecto mais profundo e o fio de ouro que une todas as etapas de sua vida na terra: a infância, a vida oculta, as tentações, as escolhas, a atividade pública, até chegar à morte na cruz. Em cada instante, em todas as situações, Jesus buscou uma única coisa: cumprir a vontade do Pai; e cumpriu-a de modo radical, não fazendo nada fora dela, e rejeitando até mesmo as propostas mais sugestivas que não estivessem em pleno acordo com aquela vontade.
"Eis que eu vim para fazer a tua vontade."
(Hb 10, 9)
Por essa Palavra, podemos compreender a grande lição para a qual apontava toda a vida de Jesus, ou seja, que a coisa mais importante é fazer não a nossa vontade, mas a do Pai, que é tornarmo-nos capazes de dizer não a nós mesmos para dizer sim a Ele.
O verdadeiro amor a Deus não consiste nas palavras bonitas, nas belas ideias e sentimentos, mas na obediência efetiva aos seus mandamentos. O sacrifício de louvor que Ele espera de nós é a oferta amorosa, feita a Ele, daquilo que temos de mais íntimo, daquilo que mais nos pertence: a nossa vontade.
"Eis que eu vim para fazer a tua vontade."
(Hb 10, 9)
Como poderemos viver, então, a Palavra de Vida deste mês? Também essa é uma das palavras que mais coloca em evidência o aspecto contracorrente do Evangelho, pelo fato de se opor à nossa tendência mais arraigada, que é procurar a nossa vontade, seguir os nossos instintos e os nossos sentimentos.
Essa Palavra é também uma das mais chocantes para o homem moderno. Vivemos na época da exaltação do eu, da autonomia da pessoa, da liberdade como fim em si, da auto-satisfação como realização do indivíduo, do prazer considerado como critério das próprias escolhas e como segredo da felicidade. Mas sabemos também as consequências desastrosas que decorrem desse tipo de cultura.
Pois bem. A essa cultura, baseada na busca da própria vontade, contrapõe-se a de Jesus, totalmente orientada ao cumprimento da vontade de Deus, com os efeitos maravilhosos que Ele nos garante.
Portanto, procuraremos viver a Palavra deste mês escolhendo, também nós, a vontade do Pai, ou seja, fazendo dela, como Jesus fez, a norma e o princípio motor de toda a nossa vida. Assim nos lançaremos numa divina aventura, pela qual seremos eternamente gratos a Deus. Por meio dela nos santificaremos e irradiaremos o amor de Deus em muitos corações.
(esta Palavra de Vida foi publicada em Dezembro de 1991)

1 comentário:

Marina disse...

"Vivemos na época da exaltação do eu, da autonomia da pessoa, da liberdade como fim em si, da auto-satisfação como realização do indivíduo, do prazer considerado como critério das próprias escolhas e como segredo da felicidade." Bem verdade...

Gostava de também dizer a Deus que estou aqui para fazer a sua vontade. Caminho para isso...

Paz de Cristo

http://meditandosobredeus.blogspot.com