sábado, 31 de julho de 2010

"A Trindade Santíssima aparece-nos então como comunidade de amor: conhecer um tal Deus significa sentir a urgência de que Ele fale ao mundo, que comunique; e a história da salvação não é senão a história do amor de Deus pela criatura, que Ele amou e escolheu, querendo-a «como o ícone do ícone» — assim se exprime a intuição dos Padres orientais —, isto é, plasmada à imagem da Imagem, que é o Filho, conduzida à comunhão perfeita pelo santificador, o Espírito de amor. E mesmo quando o homem peca, este Deus procura-o e ama-o, para que a relação não seja rompida e o amor continue a fluir. E ama-o no mistério do Filho, que Se deixa matar na cruz por um mundo que não O reconheceu, mas é ressuscitado pelo Pai, como garantia perene de que ninguém pode matar o amor, porque todo aquele que dele participa é atingido pela glória de Deus: é este homem transformado pelo amor, que os discípulos contemplaram no Tabor, o homem que todos nós somos chamados a ser."
João Paulo II, Carta Apostólica "ORIENTALE LUMEN", 15.

sábado, 17 de julho de 2010

"Não olhamos para as coisas visíveis,
olhamos para as invisíveis:
as coisas visíveis são passageiras,
ao passo que as invisíveis são eternas.
Bem sabemos que, se esta tenda,
que é a nossa morada terrestre, for desfeita,
recebemos nos Céus uma habitação eterna,
que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens."
(2 Cor 4, 18-5, 1)

A Igreja celebra hoje a gloriosa memória de um fantástico e generoso grupo de 40 jovens Jesuítas, entre os 15 e os 43 anos de idade, que se dirigiam de barco para o Brasil, a fim de ajudar na sua evangelização, mas que, nas Ilhas Canárias, foram interceptados por navios de protestantes Calvinistas que, sabendo que eles eram missionários católicos, os deitaram ao mar, alguns depois de apunhalados e mutilados. Era o dia 15 de Julho de 1570.
Do grupo que tinha com superior o Padre Inácio de Azevedo, 32 eram portugueses e 8 espanhóis. E dos 32 portugueses 10 eram naturais da Arqui
diocese de Évora.

Deus eterno e todo-poderoso, que dotastes de invencível constância na fé os bem-aventurados mártires Inácio de Azevedo e seus companheiros, concedei-nos que, fortalecidos por tão numerosos exemplos, imitemos o fogo da sua caridade e participemos da sua glória na pátria celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

PALAVRA DE VIDA
Julho de 2010
Chiara Lubich
«O Reino do Céu é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Tendo encontrado uma de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola» (Mt 13, 45-46).
Nesta breve parábola, Jesus consegue prender a atenção daqueles que o estavam a ouvir. Todos eles sabiam bem o valor das pérolas que, juntamente com o ouro, eram aquilo que havia de mais precioso, naquela época. Além disso, as Escrituras falavam da Sabedoria, isto é, do conhecimento de Deus, como de uma coisa que não se pode comparar «nem sequer às pedras preciosas» (Sb 7, 9).
Mas, na parábola, vem em relevo o acontecimento excepcional, surpreendente e inesperado que foi aquele negociante ter descoberto, talvez num bazar, uma pérola que aos seus olhos experientes tinha um valor enorme. Com ela poderia, depois, obter um óptimo lucro! Foi por isso que, depois de fazer os seus cálculos, decidiu que valia a pena vender tudo o que possuía para comprar a pérola. E quem é que, no seu lugar, não teria feito o mesmo?
Eis então o significado profundo da parábola: o encontro com Jesus, ou seja, com o Reino de Deus no meio de nós – e aí está a pérola! –, é aquela ocasião única que temos mesmo que aproveitar, empregando inteiramente todas as nossas energias e aquilo que possuímos.
«O Reino do Céu é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Tendo encontrado uma de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola» (Mt 13, 45-46).
Não era a primeira vez que os discípulos se sentiam postos diante de uma exigência radical, isto é, diante daquele tudo que é preciso deixar para seguir Jesus: os bens mais preciosos, os afectos familiares, a segurança económica, as garantias para o futuro.
Mas, a Sua, não é uma exigência sem motivo ou absurda.
Por um “tudo” que se perde, existe um “tudo” que se encontra, infinitamente mais precioso. Todas as vezes que Jesus pede qualquer coisa, também promete dar muito, muito mais, numa medida superabundante. Assim, com esta parábola, garante-nos que vamos ganhar um tesouro que nos tornará ricos para sempre.
E, se pode parecer um erro deixar o certo pelo incerto, um bem seguro por um bem apenas prometido, pensemos no negociante da parábola: ele sabia que aquela pérola era muito preciosa e aguardou, confiante, o lucro que iria obter quando a vendesse. Da mesma maneira, quem quer seguir Jesus, sabe e vê, com os olhos da fé, qual é a enorme vantagem que vai ter ao partilhar com Ele a herança do Reino, por ter deixado tudo, ao menos espiritualmente.
Deus oferece a todas as pessoas, durante a vida, uma ocasião destas, para que a saibam aproveitar.
«O Reino do Céu é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Tendo encontrado uma de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola» (Mt 13, 45-46).
É um convite concreto a pôr de lado todos aqueles ídolos que podem ocupar o lugar de Deus no nosso coração: a carreira, o casamento, os estudos, uma linda casa, a profissão, o desporto, o lazer. É um convite para pôr Deus em primeiro lugar, no centro de cada nosso pensamento, de cada nosso afecto. Porque, na nossa vida, tudo deve convergir para Ele e tudo deve provir d’Ele.
Se assim fizermos, se procurarmos o Reino, segundo a promessa evangélica, tudo o resto nos será dado por acréscimo (cf. Lc 12, 31). Deixando tudo pelo Reino de Deus, recebemos cem vezes mais em casas, irmãos, irmãs, pais e mães (cf. Mt 19, 29). Porque o Evangelho tem uma nítida dimensão humana: Jesus é Homem-Deus e, juntamente com o alimento espiritual, dá-nos o pão, a casa, a roupa, a família. Temos, talvez, que aprender com as “crianças” a confiar mais na Providência do Pai, que não deixa faltar nada a quem dá, por amor, todo aquele pouco que possui.
Já há uns meses que, no Congo, um grupo de jovens fazia postais artísticos com a casca da banana, que depois eram vendidos na Alemanha. No princípio ficavam com tudo o que ganhavam (alguns mantinham a família com esse dinheiro). Depois decidiram pôr em comum 50% e, deste modo, 35 jovens desempregados receberam uma ajuda.
Mas Deus não se deixou vencer em generosidade: dois desses rapazes deram um tal testemunho na loja onde trabalhavam, que diversos comerciantes, em busca de pessoal, dirigiram-se àquela loja. E assim, onze jovens encontraram um emprego fixo.
Palavra de Vida, Julho de 1999, publicada em Città Nuova, 1999/12, p. 39.