domingo, 23 de maio de 2010

Fogo de Amor...
O Nosso Deus, escrevia São Paulo, é um Fogo que consome, isto é, 'um fogo de amor' que destói, que 'transforma em si próprio tudo o que toca'. (...) Algumas almas 'escolheram este asilo para nele repousarem eternamente. (...) Pensam (...) em afundar-se no Braseiro do amor que nelas arde, e que não é senão o Espírito Santo, esse mesmo Amor que na Trindade é o laço do Pai e do seu Verbo. Elas 'entram n'Ele pela fé viva, e aí, simples, pacificas', são 'elevadas por Ele' acima das coisas, dos gostos sensíveis, 'na treva sagrada' e 'transformadas na imagem' divina. Vivem, segundo a expressão de São João, em «comunhão» com as Três adoráveis Pessoas, a sua vida é 'comum', e é 'isso a vida contemplativa'.
Beata Isabel da Santíssima Trindade
"O Céu na terra, 4º dia - primeira oração"

sábado, 15 de maio de 2010

Intimidade e testemunho
Das muitas coisas que quero recordar e partilhar, a propósito da visita do "Doce Cristo sobre a terra" a Portugal, duas bailam constantemente no meu pensamento, certamente porque gravadas pelo Espírito Santo no meu coração e que tive a graça de escutar directamente. Partilho sem comentar, falam por si:

"...uma graça abundante desça sobre todos vós para viverdes a alegria da consagração e testemunhardes a fidelidade sacerdotal alicerçada na fidelidade de Cristo. Isto supõe, evidentemente, uma verdadeira intimidade com Cristo na oração, pois será a experiência forte e intensa do amor do Senhor que há-de levar os sacerdotes e os consagrados a corresponderem ao seu amor de modo exclusivo e esponsal."
CELEBRAÇÃO DAS VÉSPERAS COM OS SACERDOTES, RELIGIOSOS,
SEMINARISTAS E DIÁCONOS, DISCURSO DO PAPA BENTO XVI,
Igreja da SS.ma Trindade - Fátima Quarta-feira, 12 de Maio de 2010

"No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Queridos irmãos e irmãs, adorai Cristo Senhor em vossos corações (cf. 1 Ped 3, 15)! Não tenhais medo de falar de Deus e de ostentar sem vergonha os sinais da fé, fazendo resplandecer aos olhos dos vossos contemporâneos a luz de Cristo..."
BÊNÇÃO DAS VELAS,
DISCURSO DO PAPA BENTO XVI,
Esplanada do Santuário de Fátima Quarta-feira, 12 de Maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O sacerdote deve ser gentil sem se rebaixar; acolhedor mas forte, atrair as almas, mas colocando os limites oportunos, discretamente paciente, manso sem excessos e sempre, sempre prudente.
O que faz muito mal aos sacerdotes é a falta de estudo; eles nunca devem colocar de parte o estudo que permite aprofundamentos inesgotáveis. Os livros bons e santos são a salvação dos sacerdotes e o amor por eles os libertará de muitos males.
Para além do estudo permitir ao sacerdote ser culto, competente e estar em dia para poder aconselhar convenientemente e servir somente a Deus e às almas, este estudo constante – repito – libertá-lo-á de uma infinidade de perigos. (…)
Para dedicar tempo ao estudo é necessário recolhimento, virtude esta imprescindível para o coração do sacerdote e para as suas relações com o mundo.
Conchita Cabrera de Armida
in "Como o Pai me amou... 365 pensamentos para o ano sacerdotal",
Editora Cidade Nova, Abrigada, 2010, pg. 157

sábado, 1 de maio de 2010

PALAVRA DE VIDA
Maio de 2010
Chiara Lubich
«Aquele que Me ama
será amado por Meu Pai,
e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-Ei a ele» (Jo 14, 21).
O ponto central do último discurso de Jesus é o amor: o amor do Pai pelo Filho e o nosso amor por Jesus, que significa cumprir os Seus mandamentos.
Para as pessoas que escutavam Jesus, não era difícil reconhecer nas Suas palavras um eco do Livro da Sabedoria: «Amar (a Sabedoria) é obedecer às suas leis» (Sab 6, 18) e «os que amam a Sabedoria, descobrem-na facilmente» (cf. Sab 6, 12). Sobretudo, aquele "manifestar-Se a quem O ama", encontra um paralelismo no Antigo Testamento em Sab 1, 2, onde se diz que o Senhor Se revela «aos que não perdem a fé n'Ele».
Ora o sentido da Palavra, que propomos para este mês, é: quem ama o Filho é amado pelo Pai e é amado também pelo Filho, que se manifesta a ele.
«Aquele que Me ama
será amado por Meu Pai,
e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-Ei a ele» (Jo 14, 21).
Mas, para que Jesus se manifeste, é preciso amar.
Não se pode imaginar um cristão que não tenha esse dinamismo, essa força de amor no coração. Um relógio não funciona, não mostra as horas – e pode dizer-se até que nem é um relógio –, se não tiver corda ou pilhas. Assim um cristão, se não estiver sempre pronto a amar, não merece o nome de cristão.
Isto porque todos os mandamentos de Jesus se resumem num único: no preceito de amar a Deus e amar o próximo. E, em cada próximo, vê-se e ama-se Jesus.
O amor não é um mero sentimentalismo. Traduz-se numa vida concreta, no serviço aos irmãos – sobretudo àqueles que estão ao nosso lado –, começando pelas coisas pequenas, pelos serviços mais humildes.
Charles de Foucauld diz: «Quando amamos alguém, identificamo-nos plenamente com ele, identificamo-nos com o amor, vivemos nesse alguém com o amor; já não vivemos em nós, estamos "desprendidos" de nós, "fora" de nós» (Charles de Foucauld, Scritti Spirituali, VII, Ed. Città Nuova, Roma 1975, p. 110).
E é com este amor que a Sua luz, a luz de Jesus pode penetrar em nós, segundo a Sua promessa: «Àquele que Me ama... manifestar-Me-ei a ele» (cf. Jo 14, 21). O amor é fonte de luz: quando amamos, compreendemos melhor Deus, que é Amor.
E isso faz com que amemos ainda mais e aprofundemos o relacionamento com aqueles com quem contactamos.
Essa luz, esse conhecimento amoroso de Deus é, portanto, o sinal, a prova do verdadeiro amor. E podemos experimentá-la de várias maneiras. Porque, em cada um de nós, a luz assume uma cor, uma tonalidade diferente. Mas tem características comuns: ilumina-nos acerca da vontade de Deus, dá-nos paz, serenidade e uma compreensão nova da Palavra de Deus. É uma luz quente, que nos estimula a avançar pelo caminho da vida de um modo cada vez mais firme e rápido. Quando as sombras da existência tornarem incerto o nosso caminho, quando nos sentirmos até bloqueados pela escuridão, esta Palavra do Evangelho recordar-nos-á que a luz acende-se com o amor e que será suficiente um gesto concreto de amor, até pequeno (uma oração, um sorriso, uma palavra), para nos dar aquele fio de esperança que nos permite ir em frente.
Quando nós andamos de bicicleta, à noite, se pararmos, ficamos na escuridão. Mas, se voltarmos a pedalar, o dínamo fornecerá a corrente necessária para iluminar o caminho.
Assim acontece na vida: basta voltar a pôr em acção o verdadeiro amor – o amor que dá, sem esperar nada em troca – para reacendermos em nós a fé e a esperança.
Palavra de Vida, Maio de 1999, publicada em Città Nuova, n.º 8/1999, p. 49