terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Levanta-te, tu que amas a Cristo, sê como a pomba que faz o seu ninho na alta caverna do rochedo, e aí, como o pássaro que encontrou a sua morada, não cesses de estar vigilante; aí esconde como a rola os filhos nascidos do casto amor; aí, aproxima os teus lábios para beber a água viva das fontes do Salvador. Porque esta é a fonte que brota do meio do paraíso e, dividida em quatro rios, se derrama nos corações dos fiéis para irrigar e fecundar toda a terra.
Acorre a esta fonte de vida e de luz com toda a confiança, quem quer que sejas tu, ó alma consagrada a Deus, e exclama com todas as forças do teu coração: «Oh inefável beleza do Deus Altíssimo, esplendor puríssimo da luz eterna, vida que vivifica toda a vida, luz que ilumina toda a luz e conserva em fulgor perpétuo a multidão dos astros, que desde a primeira aurora resplandecem diante do trono da vossa divindade!
Oh eterno e inacessível, límpido e doce manancial daquela fonte que está escondida aos olhos de todos os mortais! Sois profundidade sem fundo, altura sem limites, vastidão sem medida, pureza sem mancha.
De ti procede o rio que alegra a cidade de Deus, para que, entre vozes de louvor e alegria da multidão em festa, possamos cantar hinos de louvor ao vosso nome, sabendo por experiência que em Vós está a fonte da vida e na vossa luz veremos a luz».

Das Obras de São Boaventura, bispo (Opusculum 3, Lignum vitae, 29-30.47) (Sec. XIII)

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