sexta-feira, 3 de outubro de 2025


Por amor ao Eterno Pai,

e à Mãe de Deus sem pecado:

toda se deu ao Espírito

e ao Esposo, bem amado.

 

Virgem fiel e prudente,

modelo de santidade

escreveu com letras de ouro

poema d'eternidade.

 

As glórias vãs deste mundo

Beatriz soube rejeitar

p'ra seguir Divino Mestre

e não mais O abandonar.

 

Toda se deu a Deus,

por amor à Imaculada:

por Ela deu a vida,

por Ela foi adornada.

 

De virtude e de pureza:

marcada foi sua fronte,

é perfume de açucena

que nasce no alto monte.

 

Glória e louvor para sempre,

à Santíssima Trindade,

que transformou Beatriz

num canto de santidade.

 

P. Marcelino José Moreno Caldeira

Hino a Santa Beatriz da Silva

Fátima, Julho de 2000

quinta-feira, 2 de outubro de 2025


 Palavra de Vida

Outubro de 2025

Silvano Malini e equipa da Palavra de Vida

 

«O meu auxílio vem do Senhor, que fez o Céu e a Terra». (Sal 121[120],2)

Quem de nós, nesta vida, não teve por vezes a sensação de já não conseguir mais?

Foi também a experiência do autor do salmo 121 que, perante circunstâncias difíceis, se questionou de onde lhe podia vir o auxílio de que necessitava.

A resposta é a afirmação da sua fé em Deus, em Quem confia. A convicção com que fala do Senhor, que cuida e protege cada um e todo o povo, exprime uma certeza que parece nascer de uma profunda experiência pessoal.

«O meu auxílio vem do Senhor, que fez o Céu e a Terra». (Sal 121[120],2)

O resto do salmo, de facto, é o anúncio de um Deus poderoso e amoroso que criou tudo quanto existe e o protege dia e noite. O Senhor “não vai permitir que o teu pé tropece; aquele que te guarda não se deixa adormecer” [Sal 121 [120], 3], afirma o salmista, desejoso de persuadir quem o lê.

Rodeado pelas dificuldades, o autor levantou os olhos [Cf. Id., versículo 1], procurou um apoio fora de si mesmo, para além do seu horizonte mais imediato, e encontrou uma resposta.

Experimentou que o auxílio vem d’Aquele que pensou e deu vida a cada criatura, que a continua a sustentar, em cada momento, e nunca a abandona [Cf. Id., v. 8]. Acredita nesse Deus que vela noite e dia sobre todo o seu povo – é “Aquele que guarda Israel” [Id., v. 4] – a tal ponto que sente a necessidade de o comunicar a todos. 

«O meu auxílio vem do Senhor, que fez o Céu e a Terra». (Sal 121[120],2)

Afirma Chiara Lubich: «Nos momentos de incerteza, de angústia e de suspensão, Deus quer que acreditemos no seu amor e pede-nos um ato de confiança: (…) quer que aproveitemos estas circunstâncias dolorosas para Lhe demonstrarmos que acreditamos no seu amor. E isto significa: ter fé que Ele é o nosso Pai e que cuida de nós. Confiar-lhe todas as nossas preocupações. Entregar-lhas a Ele» [C. Lubich, Conversazioni, Roma 2019, p. 279].

Mas de que modo o auxílio que vem de Deus chega a cada um de nós?

A Escritura narra muitos episódios em que isto se concretiza através do agir de homens e mulheres, como Moisés, Elias, Eliseu ou Ester, chamados a serem instrumentos da solicitude divina pelo povo ou por alguma pessoa em particular.

Também nós, se “levantarmos o olhar”, reconheceremos a ação de pessoas que, conscientemente ou não, vêm em nosso auxílio. Ficaremos gratos a Deus, de quem vem, em última instância, todo o bem (Ele criou o coração de cada um) e podemos testemunhá-lo aos outros.

Claro que é difícil darmo-nos conta disso se ficarmos fechados em nós mesmos e se, nos momentos difíceis, pretendermos resolver as situações só com as nossas forças.

Quando, pelo contrário, nos abrimos, olhamos à nossa volta e levantamos os olhos, descobrimos que também podemos ser instrumentos de Deus que cuida dos seus filhos. Apercebemo-nos das necessidades dos outros e podemos ser uma ajuda preciosa para eles.

«O meu auxílio vem do Senhor, que fez o Céu e a Terra». (Sal 121[120],2)

Conta o Roger, da Costa Rica: «Um sacerdote que eu conhecia informou-me que viria ter comigo uma pessoa para levar fraldas para adultos que, com o grupo de solidariedade do qual faço parte, tínhamos colocado à disposição, sabendo que alguns seus paroquianos precisavam. Quando estava à espera dele, vi passar à frente da minha casa uma vizinha que estava a viver uma situação muito difícil, e dei-lhe os últimos sete ovos que tinha, juntamente com outros alimentos. Ficou surpreendida, porque não tinha nada para comer nem para dar ao seu marido e aos seus filhos. Recordei-lhe o convite de Jesus “pedi, e ser-vos-á dado” (Mt 7,7), sublinhando que Ele é muito solícito com as nossas necessidades. Ela voltou para casa feliz e grata a Deus.

Na parte da tarde chegou a pessoa mandada pelo sacerdote. Ofereci-lhe um café. Era camionista e, conversando, perguntei-lhe o que transportava. “Ovos”, respondeu-me, e quis oferecer-me uma embalagem de trinta e dois ovos».