Palavra de Vida
Setembro de 2025
Patrizia Mazzola e equipa da Palavra de Vida
«Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida» (Lc 15,
6)
No Antigo
Oriente, os pastores costumavam contar as ovelhas, no regresso da pastagem,
dispostos a ir à procura de alguma que faltasse. Estavam prontos a enfrentar
até o deserto e a noite, tudo para encontrar as ovelhas que se tivessem
perdido.
Esta parábola
é uma história de perda e encontro, que coloca em primeiro plano o amor do
pastor. Ele apercebe-se que falta uma ovelha, procura-a, encontra-a e carrega-a
aos ombros, porque a encontrou debilitada e assustada, talvez ferida e incapaz
de seguir o pastor só por si mesma. É ele que a traz de volta para um lugar
seguro e, finalmente, cheio de alegria, convida os seus vizinhos para
festejarem juntos.
«Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida» (Lc 15,
6)
Podemos
resumir os temas presentes nesta narração em três ações: perder-se, encontrar,
festejar.
Perder-se. A
boa notícia é que o Senhor vai à procura de quem se perde. Perdemo-nos muitas
vezes nos vários desertos que atravessamos, nos quais somos forçados a viver ou
nos quais nos refugiamos: os desertos do abandono, da marginalização, da
pobreza, das incompreensões, da falta de unidade. O Pastor procura-nos também
aí e, ainda que o possamos perder de vista, Ele encontra-nos sempre.
Encontrar.
Procuremos imaginar a cena da fatigante procura feita pelo pastor no deserto. É
uma imagem tocante pela sua força expressiva. Podemos compreender a alegria
experimentada, tanto pelo pastor como pela ovelha. E este encontro renova na
ovelha perdida a sensação de segurança, por já não estar em perigo. O “reencontrar”, portanto, é mesmo um ato
de misericórdia divina.
Festejar. Ele
chama os seus amigos para festejar com ele, porque quer partilhar a sua
alegria, tal como acontece nas duas parábolas que se seguem a esta, a da moeda
perdida e a do pai misericordioso [Cf. Lc 15,8 e 15,11].
Jesus quer fazer-nos compreender a importância de participar na alegria com
todos e imunizar-nos contra a tentação de julgar os outros. Todos somos “encontrados”.
«Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida» (Lc 15,
6)
Esta Palavra
de Vida é um convite à gratidão pela misericórdia que Deus tem pessoalmente por
cada um de nós. O facto de nos regozijarmos, de nos alegrarmos juntos,
apresenta-nos uma imagem da unidade, onde não existe contraposição entre
“justos” e “pecadores”, mas onde cada
um participa na alegria do outro.
Escreveu Chiara Lubich: «É um convite para compreender o coração de
Deus, para acreditar no seu amor. Levados, como somos, a calcular e a medir, às
vezes pensamos que também Deus tem por nós um amor que, a um certo ponto, se
poderia cansar […] A lógica de Deus não é como a nossa. Deus espera-nos sempre:
aliás, damos-Lhe uma imensa alegria todas as vezes que voltamos para Ele –
ainda que se trate de um número infinito de vezes» [C. Lubich, Palavra de Vida de setembro de 1986,
in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città
Nuova, Roma 2017, p. 369].
«Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida» (Lc 15,
6)
Por vezes,
podemos ser nós esses pastores, esses guardiões uns dos outros que, com amor,
vamos à procura dos que se afastaram de nós, da nossa amizade, da nossa
comunidade. Temos que procurar os que se encontram marginalizados, os perdidos,
os mais frágeis, que as provações da vida afastaram para as margens da nossa
sociedade.
Conta-nos uma
professora: «Alguns alunos frequentavam
as aulas só de vez em quando. Durante as horas em que eu não tinha aulas, ia
até ao mercado próximo da escola: esperava poder encontrá-los lá, porque sabia
que trabalhavam ali para ganhar alguma coisa. Um dia, finalmente, vi-os. Eles
ficaram admirados pelo facto de eu ter ido pessoalmente à procura deles e
ficaram sensibilizados por lhes manifestar o quanto eram importantes para a
comunidade escolar. Assim, começaram outra vez a vir regularmente à escola e
foi, realmente, uma festa para todos».
