domingo, 1 de setembro de 2024

 

Palavra de Vida

Setembro 2024

Patrizia Mazzola  e equipa da Palavra de Vida

«Sede cumpridores da Palavra, e não apenas ouvintes, pois isso seria enganar-vos a vós próprios.» (Tg 1,22)

O tema da escuta e do pôr em prática é um tema fundamental sobre o qual insiste o autor do versículo deste mês. De facto, a Carta continua: «Aquele, porém, que põe toda a sua atenção na lei perfeita, que é a lei da liberdade, e nela permanece, não como um ouvinte que se esquece, mas como um verdadeiro praticante, esse será feliz ao pô-la em prática» (Tg 1,25). É precisamente este empenho em conhecer as Suas palavras e em vivê-las que nos torna livres e nos dá alegria.

Poderíamos dizer que o versículo bíblico deste mês é, em si mesmo, a motivação da prática da Palavra de Vida que se difundiu em todo o mundo. Uma vez por semana, e mais tarde uma vez por mês, Chiara Lubich escolhia uma frase completa da Sagrada Escritura e comentava‑a. Quando nos encontrávamos, partilhavam-se os frutos que essa Palavra tinha operado através das experiências de vida, e assim se ia formando uma comunidade unida que, em gérmen, mostrava as transformações sociais que ela era capaz de provocar.

«Apesar da sua simplicidade, esta iniciativa contribuiu notavelmente para a redescoberta da Palavra de Deus no mundo cristão do século XX» [Fabio Ciardi, «Introduzione», in C. Lubich, Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi, (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, p. 9.], facultando um “método” para viver o Evangelho e partilhar os seus efeitos.

«Sede cumpridores da Palavra, e não apenas ouvintes, pois isso seria enganar-vos a vós próprios.» (Tg 1,22)

A Carta de Tiago reproduz o que Jesus tinha anunciado para fazer viver e experimentar o Reino dos céus entre nós: declara feliz quem escuta a sua Palavra e a observa [Cf. Lc 11, 28.]; reconhece como sua mãe e seus irmãos aqueles que a escutam e colocam em prática [Cf. Lc 8, 21.]; compara-a com a semente que, caindo em boa terra – ou seja, naqueles que a ouvem com coração nobre e bom e que a guardam –, faz produzir fruto com perseverança [Cf. Lc 8, 15.].

«Em cada sua Palavra, Jesus exprime todo o seu amor por nós – escreve Chiara Lubich. Encarnemo-la, façamo-la nossa, experimentemos todo o potencial de vida que liberta, em nós e à nossa volta, quando é vivida. Enamoremo-nos do Evangelho ao ponto de nele nos deixarmos transformar e de o transbordarmos para os outros. […] Experimentaremos a liberdade de nós mesmos, dos nossos limites, das nossas escravidões, e não só: veremos também despoletar a revolução de amor que Jesus, se o deixarmos viver em nós, provocará no tecido social em que estamos imersos» [C. Lubich, Palavra de Vida de setembro de 2006, in Parole di Vita, cit., p. 790.].

«Sede cumpridores da Palavra, e não apenas ouvintes, pois isso seria enganar-vos a vós próprios.» (Tg 1,22)

Como colocar em prática a Palavra? Olhemos ao nosso redor e façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para nos colocarmos ao serviço de todos os que se encontram em necessidade, com pequenos ou grandes gestos de cuidado recíproco, transformando as estruturas injustas da sociedade, opondo-nos à violência, favorecendo gestos de paz e de reconciliação, crescendo na sensibilidade e nas ações em favor do nosso planeta.  

Deste modo irromperá uma autêntica revolução na nossa vida, na vida da nossa comunidade e no ambiente de trabalho onde operamos. 

O amor manifesta-se nas ações sociais e políticas que procuram construir um mundo melhor. Em Lámud, uma cidade na região amazónica do Perú, a 2.330 metros de altitude, do compromisso de uma pequena comunidade dos Focolares para com as pessoas mais fragilizadas, nasceu o “Centro para Idosos Chiara Lubich”. 

«O Centro foi inaugurado em plena pandemia e hospeda 50 pessoas idosas que viviam sozinhas. A casa, os móveis, a louça e também os alimentos foram oferecidos pela comunidade local. Foi um desafio, não isento de dificuldades e obstáculos. Em março de 2022 o Centro celebrou o seu primeiro aniversário, abrindo as portas à cidade com uma festa em que participaram também as autoridades civis. Os dois dias de celebração suscitaram novos voluntários, adultos e crianças, que querem cuidar dos avós que estão sós, ampliando assim a própria família» [Movimento dos Focolares, Balanço de Comunhão 2022, p.67, disponível em www.focolare.org.].