quarta-feira, 25 de março de 2009

Assumiu a forma de servo elevando a humanidade
A humildade foi assumida pela majestade, a fraqueza pela força, a mortalidade pela eternidade. Para saldar a dívida da nossa condição humana, a natureza impassível uniu-se à nossa natureza passível, a fim de que, como convinha para nosso remédio, o único mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, pudesse ser submetido à morte como homem e dela estivesse imune como Deus.
Assumiu a forma de servo sem mancha de pecado, elevando a humanidade, não diminuindo a divindade: porque aquele aniquilamento pelo qual o Invisível se fez visível, e o Criador e Senhor de todas as coisas quis ser um dos mortais, foi uma condescendência da sua misericórdia, não foi uma quebra no seu poder. Por isso Aquele que, na sua condição divina, fez o homem, assumindo a condição de servo fez-Se homem.
Aquele que é Deus verdadeiro é também verdadeiro homem; e não há ficção alguma nesta unidade, porque n’Ele é perfeita respectivamente a humildade do homem e a grandeza de Deus.
Nem Deus sofre mudança com esta condescendência da sua misericórdia, nem o homem é destruído com a elevação a tão alta dignidade. Cada natureza realiza, em comunhão com a outra, aquilo que lhe é próprio: o Verbo realiza o que é próprio do Verbo, e a carne realiza o que é próprio da carne.
A natureza divina resplandece nos milagres, a humana sucumbe nos sofrimentos. E assim como o Verbo não renuncia à igualdade da glória paterna, assim também a carne não perde a natureza do género humano.
É um só e o mesmo – não nos cansaremos de repeti-lo – verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem.
É Deus, porque no princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus; é homem, porque o Verbo Se fez carne e habitou entre nós.
Das Cartas de São Leão Magno, papa
(Epist. 28 a Flaviano, 3-4: PL 54, 763-767) (Sec. V)

sábado, 21 de março de 2009

“Anseio sentar-me à sua sombra…
porque eu desfaleço de amor…
procurai aquele que o meu coração ama…
que eu desfaleço de amor…
eu sou para o meu amado e o meu amado é para mim…
Grava-me como selo em teu coração,
como selo no teu braço,
porque forte como a morte é o amor…
Nem as águas caudalosas conseguirão apagar o fogo do amor,
nem as torrentes o podem submergir…”
(Ct 2, 3.5; 3, 2; 5, 8; 6, 3; 8, 6.7)

quinta-feira, 19 de março de 2009

São José
ícone privilegiado
de acesso ao Sagrado,

porta pela qual
podemos aceder e tocar o Divino,

modelo para a nossa vida:
na simplicidade
e escondimento da sua vida,

na entrega radical e generosa
às tarefas do quotidiano,

no total abandono
à incompreensível Vontade de Deus,

exemplo de confiança absoluta
em Deus e no Seu Amor.


Lembrai-vos de nós, São José,
e intercedei com as vossas orações junto do vosso Filho;
tornai-nos também propícia a Virgem vossa Esposa,
que é a Mãe d’Aquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo
pelos séculos sem fim, Amen. (São Bernardino de Sena)

sábado, 14 de março de 2009

Senhor, queria tanto viver esta QUARESMA,
como se fosse a última da minha vida.
Queria tanto aproveitar este tempo Santo de Graça,
que me concedeis,
para dar passos de gigante rumo a Vós
e que quando chegasse a Páscoa, pudesse dizer com São Paulo,
pelo menos um pouquinho mais do que o posso dizer agora:
"Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim".
Senhor, abri os meu olhos,
e ajudai-me a entender com o coração e com a vida
que, a QUARESMA:
é tempo de encontro com Jesus Cristo,
é tempo de comunhão com o Divino,
é tempo de viver em relação próxima com o Transcendente,
é tempo de respirar Eternidade,
é tempo de me deixar habitar e envolver pela Trindade,
é tempo de contemplar o Vosso Rosto,
é tempo de mergulho no Divino, de mergulhar em Vós.
Senhor, ajudai-me a entender com o coração e com a vida
que, a QUARESMA
:
é tempo de encontro pessoal com os Homens meus irmãos,
é tempo de comunhão com a Humanidade,
é tempo para viver mais próximo do outro,
é tempo de transpirar Eternidade,
é tempo de estender as minhas mãos, de tocar, de curar...,
é tempo de descobrir no rosto do meu irmão, o Vosso Rosto,
é tempo de Divina aventura...
... É TEMPO DE VOS AMAR E AMAR O PRÓXIMO,
COMO VÓS ME ENSINAIS.

sexta-feira, 13 de março de 2009

"Sede santos porque Eu Sou Santo".
Seja qual for o nosso estado de vida
ou a roupa que envergamos,
cada um de nós tem que ser o santo de Deus.
Quem é pois mais santo?
Quem mais ama,
quem contempla mais a Deus
e satisfaz mais plenamente as exigências do Olhar Divino.
Como satisfazer as exigências do Olhar Divino?
Permanecendo simples e amorosamente na Sua presença
para que possa reflectir em nós a Sua própria imagem
como se reflecte o sol no límpido cristal.
beata Isabel da Santíssima Trindade ocd

quinta-feira, 12 de março de 2009

A montanha do Tabor como o Sinai é o lugar da proximidade com Deus. É o espaço elevado, em relação à existência quotidiana, .... . É o lugar da oração, no qual estar na presença do Senhor, ... . A Transfiguração é um acontecimento de oração: rezando, Jesus imerge-se em Deus, une-se intimamente a Ele, adere com a própria vontade humana à vontade de amor do Pai, e assim a luz invade-o e torna-se visível a verdade do seu ser: Ele é Deus, Luz da Luz. Também a veste de Jesus se torna branca e resplandecente. Isto faz pensar no Baptismo, na veste branca que os neófitos traziam. Quem renasce no Baptismo é revestido de luz antecipando a existência celeste, que o Apocalipse representa com o símbolo das vestes brancas (cf. Ap 7, 9.13). Encontra-se aqui o ponto central: a transfiguração é antecipação da ressurreição, mas esta pressupõe a morte. Jesus manifesta aos Apóstolos a sua glória, para que tenham a força de enfrentar o escândalo da cruz e compreendam que é preciso passar através de muitas tribulações para alcançar o Reino de Deus. A voz do Pai, que ressoa do alto, proclama Jesus seu Filho predilecto como no Baptismo no Jordão, acrescentando: "Ouvi-O" (Mt 17, 5). Para entrar na vida eterna é preciso ouvir Jesus, segui-lo pelo caminho da cruz, levando no coração como Ele a esperança da ressurreição. "Spe salvi", salvos na esperança. Hoje podemos dizer: "Transfigurados na esperança".
Bento XVI, Angelus de 17.Fevereiro.2008
(II Domingo da Quaresma)

domingo, 8 de março de 2009

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem que os cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O». De repente, olhando em redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus, sozinho com eles. Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, enquanto o Filho do homem não ressuscitasse dos mortos. Eles guardaram a recomendação, mas perguntavam entre si o que seria ressuscitar dos mortos.
Mc 9, 2-10

sexta-feira, 6 de março de 2009

Oração de Santo Efrém,
para a Quaresma

Senhor das nossas vidas,
afastai de nós o espírito da preguiça,
do desalento,
do domínio
e das palavras inúteis.

Lembrai aos vossos servos,
o espírito da castidade, da humildade,
da perseverança e da caridade.
Sim, nosso Senhor e nosso Rei,
concedei-nos a graça
de ver os nossos pecados

e de não julgar os nossos irmãos,
porque Vós Sois bendito
agora e pelos séculos dos séculos.

Ámen.
Santo Efrém, o Sírio (Séc. IV), Monge

domingo, 1 de março de 2009

PALAVRA DE VIDA
Março de 2009
Chiara Lubich
«Se pedirdes alguma coisa ao Pai em Meu nome, Ele vo-la dará». (Jo 16, 23)
O mais absurdo espectáculo a que podemos assistir neste mundo é, por um lado, a presença de pessoas à deriva, sempre à procura de qualquer coisa e que, nas inevitáveis provações da vida, sentem a angústia, a necessidade de ajuda e a sensação de orfandade; e, por outro lado, a realidade de Deus, Pai de todos, que outra coisa não deseja senão usar da Sua Omnipotência para satisfazer os desejos e as necessidades dos Seus filhos.
É como um vazio que requer uma plenitude. É como uma plenitude que requer um vazio. Mas que não se encontram.
A liberdade de que o homem é dotado pode provocar também este dano.
Mas Deus não cessa de ser Amor para aqueles que O reconhecem. Oiçamos o que diz Jesus:
«Se pedirdes alguma coisa ao Pai em Meu nome, Ele vo-la dará». (Jo 16, 23)
Estamos perante uma daquelas palavras ricas de promessas que Jesus repete de vez em quando no Evangelho. Através delas ensina-nos, com tonalidades e explicações variadas, como obter aquilo de que precisamos. (...)
Só Deus pode falar assim. As Suas possibilidades não têm limites. Todas as graças estão em Seu poder: as graças terrenas, as graças espirituais, as possíveis e as impossíveis. Mas temos que ouvir com atenção. Ele sugere-nos "como" nos devemos apresentar ao Pai para fazer o nosso pedido. «Em Meu nome», diz.
Se tivermos um pouco de fé, estas palavras podem dar-nos asas.
No fundo, Jesus, que viveu aqui na Terra connosco, tem pena de nós. Ele conhece as infinitas necessidades que nós temos, que cada um tem. E então, em tudo aquilo que se refere à oração, interessou-se Ele directamente e é como se nos dissesse: «Vai ter com o Pai em Meu nome e pede-Lhe isto, e mais aquilo, e mais aquilo». Ele sabe que o Pai não pode dizer-Lhe que não. Ele é o Seu Filho e é Deus.
Não vamos ter com o Pai em nosso nome, mas em nome de Cristo. Lembram-se do provérbio: «Quem é mensageiro não merece castigo»?
Nós, indo ter com o Pai em nome de Cristo, funcionamos como um simples mensageiro.
Os negócios resolvem-se entre os dois interessados.
É assim que rezam muitíssimos cristãos que poderiam testemunhar-nos as graças sem número que receberam. Essas graças revelam, quotidianamente, que sobre eles vigia atenta e amorosamente a paternidade de Deus.
«Se pedirdes alguma coisa ao Pai em Meu nome, Ele vo-la dará». (Jo 16, 23)
A este ponto pode ser que alguém me diga: «Eu já pedi, pedi até no nome de Cristo, mas não recebi nada».
Pode acontecer. Eu disse já que Jesus, noutros passos do Evangelho, convida a pedir e dá em seguida explicações, que talvez nos tenham escapado.
Ele diz, por exemplo, que recebem, aqueles que «permanecem» n'Ele - quer dizer, na Sua Vontade. (…)
Ora, pode ser que tenhamos pedido uma coisa que não esteja de acordo com o desígnio que Deus tem sobre nós e Deus não considera útil à nossa existência nesta Terra ou na Outra vida, ou ache até prejudicial.
Como poderia Ele, que é nosso Pai, atender-nos nesses casos? Estaria a enganar-nos.
E isso Ele nunca vai fazer. Então será melhor que, antes de rezarmos, combinemos com Ele e Lhe digamos: «Pai, eu gostaria de Te pedir isto em nome de Jesus, se Te parecer oportuno». E, se a graça pedida se conciliar com o plano que Deus, no seu Amor, pensou para nós, realizar-se-á a Palavra:
«Se pedirdes alguma coisa ao Pai em Meu nome, Ele vo-la dará». (Jo 16, 23)
Pode acontecer também que peçamos graças, mas não tenhamos a mínima intenção de adequar a nossa vida àquilo que Deus pede.
Também neste caso, achavam justo que Deus nos atendesse? Ele não nos quer dar simplesmente um presente, quer oferecer-nos a felicidade total. E esta obtém-se procurando viver os mandamentos de Deus, as Suas Palavras. Não basta só pensar nelas, nem limitar-se a meditá-las. É necessário vivê-las.
Se assim fizermos, havemos de obter tudo. Concluindo: queremos obter graças? Podemos pedir tudo o que quisermos, em nome de Cristo, se fixarmos antes de mais a nossa atenção na Sua Vontade, com a decisão de obedecer à Lei de Deus. Deus fica felicíssimo por nos dar graças. Infelizmente, na maioria das vezes somos nós que Lhe fechamos as nossas mãos.
Palavra de Vida, Novembro de 1978, publicada integralmente em Essere la Tua Parola. Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, vol. I, Roma, 1980, pp. 123-126.