segunda-feira, 28 de outubro de 2013


Jesus, pede-me que não vire as costas à Sua Cruz,
mas que lhe faça companhia e seja com Ele Crucificado.
Pede-me que ocupe voluntária, generosa e gozosamente
a face vazia da Sua Cruz.
Pede-me que seja crucificado para o “mundo”
e me centre n’Ele.
Lança-me a vocação de transformar a dor em Amor, só Amor…
Fixar os meus olhos nos Seus,
sem qualquer hipótese de distracção…
contemplar o Seu Rosto…
Senhor, que meus lábios possam oscular a Vossa Fronte,
a minha tez possa reclinar-se e descansar no Vosso Peito
que palpita pleno de Amor.
Possa o meu rosto, Senhor, acariciar o Vosso…
e meus braços, plena e voluntariamente abertos,
Vos abracem e acolham, Ó Jesus, Homem das Dores Amorosas
e convosco acolham e abracem a Humanidade inteira.
Que como o Vosso, o meu coração, que já é Vosso,
esteja cheio dos nomes e dos rostos de todos os Homens e Mulheres.
Minhas, sejam as suas dores e alegrias, que são Vossas.
Pois, a minha missão, a minha vocação,
o Vosso desígnio de amor sobre mim…
Amar-Vos, ser Vossa companhia,
viver no Vosso Coração,
ser Vossa imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26),
pois “Para mim, viver é Cristo” (Gl 2, 21)
e não pode viver, este pobre girassol,
sem Vosso Amor, sem Vossa Graça, sem Vosso Olhar,
sem Vosso Toque e Beijo abrasante.
Que como Vós acolha a Humanidade inteira,
para Vós a encaminhe,
para que espere com amor a Vossa vinda,
pois estais a seu lado e lhes dais força (cf. 2Tm 4, 8.17)
e tenha Vida, mas Vida em abundância (cf. Jo 10, 10).
P. Marcelino di G.A.
Borba, 27.Outubro.2013

terça-feira, 1 de outubro de 2013

PALAVRA DE VIDA
Outubro de 2013
Chiara Lubich
«Não fiqueis a dever nada a ninguém, a não ser isto: amar-vos uns aos outros. Pois quem ama o próximo cumpre plenamente a lei» (Rm 13, 8).
Nos versículos precedentes (Rm 13, 1-7) São Paulo tinha falado da dívida que nós temos para com a autoridade civil (obediência, respeito, pagamento das taxas, etc.), sublinhando que também o pagamento dessa dívida deve ser motivado pelo amor. Seja como for, trata-se de uma dívida facilmente compreensível, também porque, caso não a pagássemos, mereceríamos as sanções previstas pela lei.
Partindo dali, agora passa a falar de uma outra dívida, um pouco mais difícil de compreender: é aquela que – segundo o preceito que Jesus nos deixou – nós temos para com cada próximo. É o amor recíproco nas suas várias expressões: generosidade, delicadeza, confiança, estima recíproca, sinceridade, etc. (cf. Rm 12, 9-12).
«Não fiqueis a dever nada a ninguém, a não ser isto: amar-vos uns aos outros. Pois quem ama o próximo cumpre plenamente a lei» (Rm 13, 8).
Esta Palavra de Vida destaca duas coisas.
A primeira é que o amor nos é apresentado como uma dívida, ou seja, como algo perante o qual não podemos permanecer indiferentes, não podemos adiar. É qualquer coisa que nos obriga, nos persegue, não nos deixa descansados enquanto não a tivermos pago.
É como dizer que o amor recíproco não é um “mais”, resultante da nossa generosidade, do qual – segundo o significado rigoroso do termo – nos poderíamos eximir sem incorrermos nas sanções da lei positiva. Esta Palavra pede-nos insistentemente que o ponhamos em prática sob pena de trairmos a nossa dignidade de cristãos, chamados por Jesus a ser instrumentos do seu amor no mundo.
A segunda, é dizer que o amor recíproco é o motor, a alma e a finalidade de todos os mandamentos.
A consequência é que, se queremos fazer bem a vontade de Deus, não nos podemos contentar com uma observância fria e jurídica dos seus mandamentos. Temos mesmo que ter sempre presente esta finalidade, que Deus nos propõe. Assim, por exemplo, para viver bem o sétimo mandamento, não nos poderemos limitar a não roubar, mas devemos empenhar-nos seriamente em eliminar as injustiças sociais. Só assim é que podemos demonstrar que amamos o nosso semelhante.
«Não fiqueis a dever nada a ninguém, a não ser isto: amar-vos uns aos outros. Pois quem ama o próximo cumpre plenamente a lei» (Rm 13, 8).
Como viver, então, a Palavra deste mês?
O tema do amor ao próximo, que ela nos volta a propor, contém infinitas tonalidades. Aqui recordaremos sobretudo uma, que nos parece mesmo sugerida pelas palavras do texto.
Se, como diz São Paulo, o amor recíproco é uma dívida, será necessário possuirmos um amor que nos faça ser os primeiros a amar, como fez Jesus conosco. Será, portanto, um amor que toma a iniciativa, que não espera, que não adia.
Façamos, então, assim neste mês. Procuremos ser os primeiros a amar cada pessoa que encontrarmos, à qual telefonarmos, escrevermos, ou com a qual vivemos. E que o nosso amor seja um amor concreto, que sabe compreender, prevenir, que é paciente, confiante, perseverante, generoso.
Verificaremos que a nossa vida espiritual vai dar um salto de qualidade, sem falar na alegria que encherá o nosso coração.