segunda-feira, 28 de maio de 2012

 “A renovação da Igreja realiza-se também através do testemunho prestado pela vida dos crentes: de facto, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou. 
«Caritas Christi urget nos – o amor de Cristo nos impele» (2 Cor 5, 14): é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. Hoje, como outrora, Ele envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mt 28, 19). Com o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo, Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé. Na descoberta diária do seu amor, ganha força e vigor o compromisso missionário dos crentes, que jamais pode faltar. Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria. A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de facto, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor a aderir à sua Palavra a fim de se tornarem seus discípulos.“
Bento XVI, «Porta Fidei», 6-7

 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Palavra de Vida
Maio de 2012
Chiara Lubich
Escrita em 2001 (Publicada em Città Nuova, 2001/14, p. 37)
«Eu vim lançar fogo sobre a Terra;
e como gostaria que ele já estivesse aceso!» (Lc 12, 49).
No Antigo Testamento, o fogo é o símbolo da Palavra de Deus, pronunciada pelo profeta. Mas simboliza também o julgamento divino, que irá purificar o seu povo, quando passar no meio dele.
Assim é a Palavra de Jesus: constrói, mas, ao mesmo tempo, destrói o que não tem consistência, o que deve cair, o que é vaidade, para deixar de pé unicamente a verdade.
João Batista tinha dito acerca d’Ele: «Ele há de batizar-vos no Espírito Santo e no fogo» (Lc 3, 16). É o anúncio antecipado do batismo cristão, inaugurado no dia do Pentecostes com a efusão do Espírito Santo e o aparecimento das línguas de fogo (cf. At 2, 3).
Portanto, é esta a missão de Jesus: lançar fogo sobre a Terra, trazer o Espírito Santo com a sua força renovadora e purificadora.
«Eu vim lançar fogo sobre a Terra;
e como gostaria que ele já estivesse aceso!» (Lc 12, 49).
Jesus dá-nos o Espírito. Mas de que modo atua o Espírito Santo?
Ele atua derramando em nós o amor. Um amor que nós, segundo o Seu desejo, devemos manter aceso nos nossos corações.
E como é esse amor?
Não é como o amor terreno, que é limitado. É o amor evangélico. Por isso, é universal, como é o amor do Pai celeste, que manda a chuva e o sol sobre todos, sobre os bons e sobre os maus, incluindo os inimigos.
É um amor que nunca pretende nada dos outros, mas toma sempre a iniciativa: é o primeiro a amar.
É um amor que se “faz um” com cada pessoa que encontra: sofre com ela, alegra-se com ela, preocupa-se com ela e tem, com ela, esperança. Sempre que necessário, demonstra-o de modo concreto, com factos. Portanto, não é simplesmente um amor sentimental, ou feito só de palavras.
É um amor através do qual se ama Cristo em cada irmão ou irmã, recordando as Suas palavras: «Foi a mim que o fizestes» (Mt 25, 40).
Além disso, é um amor que tende à reciprocidade, para realizar, com os outros, o amor recíproco.
É este amor que – sendo uma expressão visível e concreta da nossa vida evangélica – sublinha e dá valor às palavras que, a seguir, poderemos e deveremos usar para evangelizar.
«Eu vim lançar fogo sobre a Terra;
e como gostaria que ele já estivesse aceso!» (Lc 12, 49).
O amor é como um fogo. O importante é que permaneça aceso. E, para estar aceso, tem de queimar sempre qualquer coisa. Antes de mais, pode queimar o nosso eu egoísta. E isso é possível porque, quando amamos, estamos totalmente projetados no outro: ou em Deus, fazendo a Sua vontade; ou no próximo, ajudando-o.
Todo o fogo aceso, mesmo que seja pequeno, se for alimentado, pode transformar-se num grande incêndio. No incêndio de amor, de paz, de fraternidade universal que Jesus trouxe à Terra.